Conversa

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8h00 AM, estava abrindo o bar. Isso era serviço de Gerald, o dono mas pedi uma cópia da chave para poder chegar cedo, dar uma geral, ensaiar e agora receber Camila para uma conversa. 

Peguei uma vassoura assim que entrei, o pó e os pedaços de madeira me faziam espirrar. Mas entre uma varrida e outra a irritação diminuia e pensar em Karla também melhorava a situação. 

Admito que estou um pouco ansiosa para vê-lá, a mulher mostrou - se bem interessada em mim, e notei que tem algo diferente na sua persistência. Ela não se compara com o resto das pessoas que se aproximaram de mim, que só quiseram sexo, que me trataram como objeto e foram embora. Camila só quer conversar, pelo menos por enquanto. 

Terminei de varrer, joguei o lixo pela saída dos fundos e voltei para sacudir as toalhas das mesas lá fora. Começando por aquelas que ficam perto da porta.

- O vento está ao meu favor. - falei assim que balancei a primeira toalha.

- Mas não do meu.

Parei com o que estava fazendo e assim que olhei para o lado Camila estava tossindo e tentando limpar seus olhos, fui até ela, abaixei suas mãos e acariciei seu rosto. Quando  seus olhos se abriram mantive os meus fixos naquele castanho que até me dispersei do trabalho de tão lindos que eram. Camila percebeu e sorriu, se afastando.

- Bom dia. - disse para disfarçar.

- Para você que não foi recebida com pó nos olhos.

- Desculpa Karla Camila. - disse debochada.

- Relaxa, isso vai ter volta.

- Devo me preocupar? 

- Talvez. Mas iai, vamos conversar?

- Deixa eu terminar o que estava fazendo ou você pode me ajudar.

- Não vim aqui trabalhar de graça Lauren.

- Quem disse que vai ser de graça.

- Você vai me recompensar? Agora estou interessada.  - me mediu e umedeceu os lábios.

- Você vai ganhar sua conversa e uma bebida por minha conta. Feito? - estendi a mão pra ela.

- Não era exatamente o que queria mas é melhor do que nada.

Camila apertou minha mão e juntas arrumamos o bar.

Colocamos todas as toalhas de volta no lugar depois de sacudidas, lavamos todos os copos e checamos os estoques de bebidas. Nisso, não pôde deixar de notar o quão Camila fica perfeita de calça jeans, na verdade é espetacular o quanto a peça destaca suas curvas.

- Tudo pronto. - coloquei o pano de prato no balcão e me sentei na mesa a frente. - Podemos conversar. 

- Até que fim.

Camila puxou a cadeira para trás virando - a para o lado ao contrário, colocou uma perna de cada lado da mesma, apoiou um dos cotovelos na mesa e em seguida passou os dedos entre o cabelo longo e ondulado. Estranhamente achei esse ato sensual. 

- Me conte, a quanto tempo trabalha aqui?

- Três anos.

- O que fazia antes?

- O mesmo. Me apresentava em bares. Só que bem melhores do que esse.

- Espera, se você se apresentava em lugares melhores como veio parar aqui? - olhou em volta com desprezo.

- Sei que esse bar é horrível mas nos outros em que tive eu era controlada. Eles não queriam uma artista original e sim um fantoche, eu era explorada. E depois disso minha fama de encrenqueira por querer ser eu mesma se espalhou pela cidade e ninguém quis mais me contratar. Aqui  foi o único lugar que me permitiram fazer o que eu quisesse.

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