What hurts the most

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Todas as noites, depois que nossos pais nos colocavam na cama, eu ouvia música tocando lá embaixo. Era sempre a mesma: I'll be over you de ToTo, a música da primeira dança deles. Certa vez, fui até a escada na ponta dos pés e olhei lá pra baixo. Eles tinham diminuído as luzes, e papai pegou a mão da mamãe e fez a mesma pergunta que fazia todas as noites: "Quer dançar comigo?". Ele a fez rodopiar, e os dois riram como se fossem crianças. Mamãe estava com uma taça de vinho na mão e, enquanto dançavam, o vinho respingava no tapete branco. Eles riram ainda mais da bagunça e se aproximaram. Ela apoiou a cabeça em seu peito, enquanto ele sussurrava algo no ouvido dela, e os dois prosseguiam num ritmo lento.

Era isso que o amor verdadeiro significava para mim Poder rir de seus erros. Sussurrar segredos. Nunca ter que dançar sozinho.

Após toda a confusão Louis ainda ficou mais seis dias de cio, os piores seis de toda a sua vida.

Não precisava forçar muito para se lembrar da agonia que sentia, uma dor insuportável que nunca sessava, apenas aumentava cada vez mais.

Segundo Louis, o pior dia foram os quatros primeiros já que não dormiu quase nada.

Não estava totalmente recuperado, suas pernas doíam e sua entrada sangrava, sua cabeça latejava e aquele maldito cheiro doce mesmo depois de muitos banhos não saia de sua pele.

Mal sabia o pequeno Maine Coon que dois dias após o início de seu cio. Mark havia tentado se matar, fugindo logo em seguida deixando tudo para trás. Principalmente sua família que tanto o amava.

"Tem certeza de que você está pronto para fazer isso hoje?"

Na mesa da cozinha, ergui os olhos enquanto afastava as migalhas dos meus biscoitos com a ponta dos dedos. Eu não estava com fome, mas minha mãe me forcava a comer. O café da manhã açucarado revestia minha garganta como se fosse uma lixa.

"Tenho"

Minha mãe estava na pia, vestida para o trabalho em uma blusa amarelo-claro e uma calça preta. Na superfície, tudo a respeito dela era bem cuidado e controlado, porem seus olhos estavam cansados.

"Se por qualquer motivo você começar a se sentir mal ou ser zoado, me ligue imediatamente. Eu vou te buscar." Ela falou com a voz rouca, mais profunda que o normal.

"Eu vou ficar bem mãe" Eu me levantei, amassei a toalha de papel e a joguei no lixo. "Não precisa passar o dia inteiro preocupada comigo".

"Louis William Tomlinson! Sou sua mae. Ficar preocupada e parte do meu trabalho.

Um sorriso fraco se formou nos meus lábios.

"Mas eu vou ficar bem. Charlotte disse que o cheiro doce não está muito forte e disse que ninguém ira notar a mudança"

Antes que minha mãe pudesse dizer alguma coisa contra, ouvimos uma batida na porta da frente. Um segundo depois, ouvimos a porta se abrir. Coração batendo forte, eu me virei em direção à entrada.

"Oi" Zayn falou de longe "Sou eu"

Minha mãe sorrio como se o sol tivesse entrado na casa. Passos se aproximaram na cozinha e então Zayn surgiu parado na estrada, cabelos molhados e a camisa de algodão que ficava agarrada nos ombros largos.

Ele estava bonito, muito bonito.

Passei as mãos sobre o jeans, de repente nervoso por razoes por velo tão cedo. Zayn tinha ido embora no primeiro dia do meu cio, e não havia mencionado nada com meus pais ao longo da semana; porém, ele estava aqui agora.

"Bom dia" Disse ele, entrando na cozinha. "Você está pronto?"

Fiz que sim e me obriguei a me controlar para não chorar.

"Quero que você me faça um favor" Minha mãe disse enquanto ele vinha até aonde eu estava, de alguma forma petrificado, na frente da pia. "Fique de olhos nos alfas"

"Mãe" gemi dessa vez.

Ela me ignorou.

"Não quero que ele se sobrecarregue. Este vai ser um dia longo para ele.

Meus olhos se arregalaram ligeiramente quando ele passou o braço sobre meu ombro. O peso era mínimo, e ele já tinha feito isso um milhão de vezes antes, mas eu estremeci em resposta.

Zayn sentiu. Eu sabia que ele tinha sentido, porque aquele meio sorriso sumiu quando ele me olhou. Estávamos quebrados por dentro e isso era de fato.

"Não se preocupe sog...Sra. Tomlinson. Meus olhos vão ficar colados nele.

Ai, meu deus.

O desejo de selar meus lábios com o do Zayn e de apertar as bochechas dele era difícil de resistir, mas eu sai de seu abraço e peguei minha mochila. Passa-la no meu ombro não foi gostoso, e eu precisava me lembrar disso na próxima vez.

"Melhor a gente ir andando para não se atrasar!"

"O mundo é sua ostra" Zayn agarrou a braçada de livros que eu precisaria enfiar no meu armário.

Minha mãe nos seguiu até a porta da frente e me parou antes de eu descer os degraus. Ela apertou minhas bochechas.

"Eu te amo" Ela sussurrou fervorosamente. "Hoje vai ser um longo dia" Seus olhos procuraram os meus. "Por muitos motivos"

"Eu sei" Aquele nó ardente de lagrimas histéricas estava de volta.

Tirando as mãos de meu rosto, ela se virou e olhos para Zayn.

"Estou entregando Louis nas suas mãos, cuide dele meu amor."

Me entregando? Fiz uma cara, mas nenhum deles me viu.

"Ele está comigo" Ele prometeu, e havia um significado pesado nessas palavras, como se ele estivesse tomando posse de mim, aceitando uma responsabilidade não dita. Como um alfa.

"Obrigado" Disse minha mãe, dando tapinhas no ombro dele.

Mal me contive de revirar os olhos quando pisei na calçada.

"E melhor a gente ir andando amo...Zayn!" reiterei.

Rindo para si mesmo, Zayn desceu os degraus e se uniu a mim. Dei um aceno de despedida para minha mãe e para minhas irmãs que agora se encontravam juntas a ela, e comecei a cruzar a calçada de garagem e passei entre as sebes altas em direção a casa de Zayn.

"Sabe uma coisa?" falei, mexendo no celular em minhas mãos. "Não estou com você, infelizmente"

Os passos largos de Zayn deixaram na minha frente.

"Sim, você está" Ele transferiu seu peso para o outro braço, abriu a porta traseira do Jeep e colocou os livros no banco. "Você está comigo por mais tempo que eu tinha me dado conta. Eu te amo e isto nunca irá mudar Louis, por mais que você possa ser um omega agora, lá no fundo sempre será ser meu Alfa."

Franzi os lábios olhando diretamente nos seus olhos.

"Nem sei o que responder a isso Zee"

"Não precisa dizer nada" Seus dedos deslizaram debaixo da alça da minha mochila. Inspirei de leve quando ele a removeu do meu ombro.

Lagrimas se reuniram ao redor dos meus olhos.

Eu não tinha ideia do que pensar, exceto que aquilo não poderia ser real. Eu queria voltar no tempo, reviver todos os momentos ao lado dele, antes de dar o passo alto que iria me afastar dele. Eu precisava ter ele mais uma vez, mesmo que isso doa. Eu precisava provar seus lábios antes de cessar tudo.

Segundos se passaram, apenas alguns batimentos cardíacos, e ele fez um som que eu nunca tinha ouvido antes. Era áspero e grave, e parecia vir de dentro dele, como se seu omega estive numa guerra contra si mesmo. Eu estava me movendo sem pensar, levantando a cabeça, a boca...e eu beijei Zayn.

A Walk To Remember | ABOOnde as histórias ganham vida. Descobre agora