XXVIII - Noivas e Viúvas

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A cama na qual estava era de outra pessoa, mas estivera vazia nas últimas horas. Por mais que ali não houvesse mais os lençóis usados, ele ainda podia sentir um pouco de seu aroma.

Marcus percorreu suavemente com a mão o lado onde Escar acordaria se estivesse ali. Aquele vazio estava lhe arrastando para uma situação ainda pior do que imaginava. Veio a preocupação por seus protegidos que estavam a mercer de estranhos em lugares desconhecidos. - "Se eu não exigisse que Escar usasse aquele anel, ele estaria aqui."

Esse mesmo pensamento fora por ele externado para Cassius na noite anterior, mas seu amigo o lembrou que não havia dúvida de que Megara encontraria outra maneira de incriminar Escar. Talvez com algo muito pior. Mas isso não diminuía o peso pela culpa em não dar ouvidos as preocupações do bretão.

A porta do quarto abriu e Minerva entrou segurando uma bandeja e a depositou sobre um cômodo ao lado da cama. Ela sentou ao seu lado tocando de leve em sua cabeça numa carícia a qual ele já desacostumara. Marcus se arrastou para junto dela até se recostar em seu colo.

- Imaginei que o senhor estaria aqui. Os convidados da senhora começaram a chegar.

- Não estou em condições de receber ninguém.

A matrona acariciou o cabelo dele e perguntou.

- Posso dizer o que penso, meu pequeno nobre?

Ele rapidamente virou o rosto em direção a ela. Desde que era um menino que Minerva não lhe chamava desse jeito.

- Tudo o que mais desejo dentro desta casa é um pouco de sinceridade, Mine.

- Não acho justo o que aconteceu com seus amigos e nem com o senhor, mas é necessário fazer algo ou mais coisas injustas vão continuar acontecendo.

Marcus estava ciente de que ela tinha razão, mas ainda carecia daquela alto comiseração. Sua mente porém lhe cobrava uma reação. Ele tinha de levantar e agir e foi o que ele finalmente resolveu fazer. Comeu o que estava na bandeja sobre a atenta supervisão de Minerva que levou as sobras assim que ele acabou.

Antes de sair do recinto ele olhou mais uma vez para a cama onde quase podia ver Escar dormir como em raras ocasiões obtivera essa proeza contemplativa. Ao entrar em seu quarto foi direto para a banheira onde se afundou nas águas e nas memórias da festa durante a noite.

Ele foi gentil, educado e atencioso com todas as jovens que se aproximaram. Bebeu, comeu e dançou nas agradáveis companhias das belas donzelas que disputavam sua atenção e a seu modo tentavam o jogo da sedução para com ele. Marcus nem precisou se utilizar de seus encantos para com elas que estavam cientes das palavras de Megara ao quase lhe oferecer como parte do banquete.

Marcus também dançou com mulheres mais velhas que pareciam mais encantadas que as jovens ao serem escolhidas para se divertir pelo salão. Ele evitou os excessos da bebida para manter-se alerta com os olhares e atitudes de sua mãe. Megara foi fiel a palavra e não interferiu em nenhuma de suas escolhas e até parecia divertida quando ele atraía alguma candidata improvável.

Mas havia um fator preocupante em meio a todas as encenações, como em todas as peças de teatro: o tempo. Escar e Tristan corriam grande perigo. E seus passos ali dentro não poderiam ser à toa. Havia uma importante decisão a ser tomada que o levaria a um caminho talvez sem volta. Ele se aprisionaria a uma vida infeliz se isso devolvesse a liberdade deles.

A Águia (EM REVISÃO)Where stories live. Discover now