XVII - Aço e Madeira

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A floresta estava sobre uma densa neblina, ainda era possível ver algumas pequeninas luzes vagando de um lado para o outro.

O clima começava a mudar. O calor já se fazia presente durante o dia, mas ao primeiro sinal de chuva a temperatura caía. O estado de espírito de Marcus também se sentiu oscilar. Escar ainda era uma incógnita na maior parte do tempo, mas algumas vezes ele conseguia o surpreender.

A atenção e os cuidados dele para com Marcus se mantinham os mesmos e Marcus se sentia mais à vontade para tocá-lo e abraçá-lo algumas vezes, notou que a tensão de Escar diminuiu e até se mostrava um pouco mais receptivo.

Após uma longa caminhada e antes que a noite e o frio imperassem eles foram se banhar. Escar colocava seu unguento sobre o ferimento de Marcus que estava sentado sobre uma formação rochosa na margem do rio. Sua perna estava bastante inchada.

Caminhar pelo terreno irregular e cheio de obstáculos da floresta exigia muito esforço físico dele, e por mais cuidadosos que fossem, o machucado sofria algum tipo de impacto ou pressão durante o ato sexual. Mas nada faria Marcus abrir mão da intimidade com Escar.

- Tive um sonho esquisito. Estava na casa de meu tio deitado na cama entre os lençóis, mas estava muito frio e havia neve caindo do lado de fora e você estava comigo.

Escar continuou o que fazia parecendo inabalável. Marcus então lhe questionou com sutileza.

- Em Roma é costume consultar uma pitonisa, que é uma sacerdotisa, para saber do que os sonhos se tratam. Acreditamos que é como os deuses falam conosco. O que bretões dizem sobre isso?

- Algumas tribos têm as mesmas crenças e outras não.

- E o que você acha?

- Não precisa ser uma pitonisa, um druida, uma sacerdotisa ou um xamã para saber que você sente falta do conforto.

Marcus sorriu diante da provocação e retribuiu.

- E quanto a você estar entre os lençóis comigo no sonho?

Escar ruborizou ao que Marcus atentamente observou. Era a primeira vez que o via tendo aquele tipo de reação. Sem obter nenhuma resposta e já esperando por isso, Marcus comentou pensativo.

- No Egito é sempre quente.

- O quê? - Escar o fitou de cenho franzido. - Você está delirando?

- Não. Você tirou minha febre. - sorriu ao ver Escar novamente encabulado. - Talvez você não saiba. Como saberia? Nunca saiu da Bretanha. O Egito é uma terra que fica ao norte de uma região mais ao sul.

- Norte de uma região mais ao sul?

A confusão de Escar o divertia e ele continuou.

- É uma terra desértica de onde...

- Nasceu a escrava que você ama. - Escar o interrompeu.

Marcus deslizou sobre a rocha direto para a água enquanto Escar a sua frente em vão tentou lhe impedir.

- O quê está fazendo, romano? Vai acabar...

Marcus o beijou em meio aos protestos de resistência até notar que ele se rendera a sua iniciativa. Então falou após se afastar o mínimo possível, mantendo o rosto bem próximo ao do amante e o olhar direto nos olhos dele, usando um tom apaixonado.

A Águia (EM REVISÃO)Where stories live. Discover now