f o r t y f o u r

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Mas meu estômago reclamou grosseiramente de fome por estar desde a tarde anterior sem comer nada.

- Estou com fome. - Confidenciei.

- Com sorte, nos saímos logo daqui. - Disse, e abriu olhos, me fitando.

- É. Mas vai dar pra ir embora hoje? Eu tenho um trabalho em classe, lembra? - Questionei pesarosa e ele assentiu.

- Não posso te prometer nada. - Fez uma pausa - Mas depois do atentado, eles devem compreender e repetir pra você. - Falou, e sim, penso o mesmo, e como todo mundo já deve estar sabendo por lá, podia alegar isso.

- Pois é. - Confirmei tensa.

- Não se preocupe, tenho certeza que vai se sair bem. - Afirmou.

- E como pode ter certeza?

- Porque eles tem a melhor aluna de gastronomia, que faz o melhor ravioli que eu já comi na vida. - Disse, me deixando quase desconcertada, por que uma coisa era me elogiar, outra era elogiar algo que eu tenha feito. Principalmente minha comida, sendo que cozinhar é o que pretendo fazer pra viver. Tinha um peso diferente. Era mil vezes melhor.

- Não está falando só pra me agradar, não é? - Perguntei contente, sorrindo feito uma boba.

- Não Anabel, quanta desconfiança.

- Se você está dizendo... Vou confiar então. - Murmurei, me recordando de algo e continuei - Mas acabei de me lembrar de uma coisa.

- Do que?

- Que você disse uma vez, que quando eu cozinhasse pra você, me deixaria ler algo que você escreveu. - Pontuei.

- Eu falei isso? Não me lembro. - Desconsiderou falsamente, balançando a cabeça negativamente sobre minhas pernas.

- Meu amor, você falou sim! - Protestei rindo da audácia que ele tinha em mentir. Foi no dia em que comemos cachorro quente juntos pela primeira vez depois dele ter me ajudado com a crise de ansiedade.

- Esse meu amor, veio da mesma garota que me chamou de babaca agora a pouco? - Questionou semi-serrando os olhos.

Era impossível.

- Quanta mágoa nesse coração. - Falei tocando seu peito, enverguei meu corpo sobre o seu e beijei devagar, sua testa, seu nariz, o canto da sua boca, o queixo e ele sibilou "O que é isso Anabel?" tentando mover o rosto para capturar minha boca, essa que eu afastei levemente.

- É parte do meu pedido de desculpas. - Repeti o que ele me disse da maneira mais descarada, e ainda com a mão sobre seu peito, sussurrei contra sua bochecha, perto de seu ouvido "Seu coração está acelerado", e ele sorriu, daquele jeito largo que eu amava, que criava pequenas ruguinhas no canto dos olhos "você está muito perto" proferiu, e eu movi meu rosto, e o beijei, com todo o amor que tinha, mesmo que da maneira mais desconfortável pela posição em que estávamos, não me importava, apenas o fizemos, e por falta de ar, o finalizamos, entre selinhos.

- Sabia que tem um bandido e seus amigos por aqui? - O lembrei do mais importante.

- Tinha até me esquecido. - Proferiu, e ergueu o tronco o suficiente me puxar novamente para um outro beijo, que durou até termos que romper por conta do Carl aparecer gritando "Que pouca vergonha" vindo em nossa direção, pisando firme, parecia irritado.

- Ben está chamando a polícia. - Disse seco, parando perto de nós, enquanto Jonathan se sentava de novo, e nos viramos pra ele.

- Finalmente uma pessoa sensata. - Jonathan soltou e Carl o olhou indignado, enquanto os outros também vinham.

InérciaWhere stories live. Discover now