Capítulo 16

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Fico totalmente atônito com a cena que se desenrola diante de mim, como se estivesse em câmera lenta, e, antes que possa me desviar ou impedir tal afronta, a água dentro do copo é lançada em minha direção.

Tudo não durou mais do que alguns segundos — o olhar determinado de Paige, meu olhar incrédulo, a água escorrendo pelo meu rosto, deixando minha camisa antes imaculada, completamente encharcada, tudo muito rápido, mas posso dizer que foram instantes intermináveis.

Levanto rapidamente, um garçom se aproxima de maneira solícita. Parece tão atônito quanto eu.

— Está tudo bem — aceito o guardanapo de linho que ele me entrega e enxugo meu rosto, dispensando-o com um aceno de mão.

Encaro Paige com um olhar fulminante, o mesmo olhar que costuma fazer as pessoas tremerem e fugirem como coelhos assustados. Nesse momento estou inegavelmente irritado com ela e sua ousadia.

— Você está louca? — minha voz soa mais ríspida. — Sente-se! Agora!

Ela parece surpresa com sua ação intempestiva e meu tom de voz.

As pessoas ao redor nos encaram. Alguns parecem surpresos, outros, abismados.

Observo-a sentar, com olhos voltados para a mesa. Suas faces estão vermelhas e não consigo decifrar se é de vergonha pelo que fez ou se ainda está com raiva de mim. Pelo motivo que ainda pretendo descobrir.

— Gostaria de saber o que aconteceu há cinco minutos? — digo com uma calma que contraria o que realmente sinto.

Ela me encara e volta a abaixar a cabeça.

— Paige? — meu tom de voz é autoritário.

— Você prometeu que não iria machucá-la, Neil — ela respira fundo. — No entanto, passei as últimas três horas vendo minha amiga chorar desoladamente.

— Sinto muito — eu digo numa voz inexpressiva. — Mas foi ela que terminou comigo.

Mesmo para os meus ouvidos a desculpa soa patética. Pareço um garoto de quinze anos que perdeu a primeira namorada.

— Isso não muda as coisas — ela argumenta frustrada. — Por que não deu espaço a ela? Por que não resolveu sua vida antes de mergulhar nessa relação e arrastá-la com você?

Escuto seu sermão com paciência. Pensando logicamente que ela tem razão em tudo que pontua.

Sim, eu realmente deveria ter me mantido afastado, deveria ter consertado toda essa merda em torno da minha vida antes de ter me aproximado de Jennifer.

Mas as coisas não aconteceram assim, a vida não é lógica e previsível, as coisas simplesmente acontecem sem que se possa controlar, e não me arrependo de nada do que vivemos.

— Eu a amo — consigo dizer.

— Eu sei — ela me encara com um olhar resignado. — Ela ama você também. Então me diz o que vocês dois estão fazendo com suas vidas?

— Sei que ela precisa de um tempo — as palavras saem amargas da minha boca. 

— Então você vai dar o fora? Fugir igual a um cachorrinho assustado? — ela estala os dedos ao pronunciar as últimas palavras. — Esperava mais de você Neil

Em outra ocasião eu a teria colocado em seu devido lugar, mas nesse momento preciso dela como minha aliada. Só por isso permiti que falasse tudo o que precisava antes de jogar minhas cartas na mesa.

— Pareço alguém que está fugindo? — minha voz soa ríspida. — Minha vontade é de ir até ela e arrastá-la até meu quarto e nunca mais deixá-la sair, mas eu não posso.

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