Capítulo 6

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Neil

— O que você faz aqui, Sophia? — pergunto surpreso e seriamente irritado.

Ainda faltam alguns dias para que ela saia da reabilitação. Faço contato diariamente com a clínica, exceto nos últimos três dias, devido aos meus pensamentos completamente focados no meu mais recente encontro com Jennifer.

Apesar de saber que Sophia vai bem, nunca fico tranquilo. Outras vezes ela saiu totalmente limpa e semanas depois já voltava para a mesma vida destrutiva. O problema é que sempre que ela volta, é Anne quem se machuca.

— Pensei que essa era minha casa — ela sorri alisando meu travesseiro.

— Não devia estar na reabilitação? — mordo minha mão para controlar a raiva que começa a tomar conta de mim.

Já posso imaginar as próximas semanas. Gritos, lágrimas, desculpas, ofensas, bebidas e o círculo eterno e infinito recomeça.

— Eu me dei alta — ela fica de pé e caminha até mim.

Qualquer outra pessoa poderia dizer que estava linda em sua camisola preta de cetim. Os cabelos extremamente lisos caindo sobre os ombros de forma sensual.

Mas para mim é uma beleza fria, sem cor, sem alma. Não me atrai nem um pouco, ainda mais agora que conheci Jennifer.

— Estava muito chato... — ela suspira passando a mão pelos meus ombros. — Apenas pessoas tristes, deprimidas, e senti saudades de casa.

Casa? Essa nunca foi sua casa, nunca passou mais do que uma semana aqui. Duas, talvez, um mês no máximo.

Ela tem outra casa também, além dessa. Para onde costuma levar seus amiguinhos bêbados e drogados.

— Neil — ela apoia a cabeça em meu peito —, eu quero tentar. Você é tão parecido com ele, e ao mesmo tempo tão diferente.

Todo meu corpo enrijece. Cada fibra que existe em mim congela como um iceberg. "Não!" Vozes em minha mente gritam desesperadamente.

Não e não!

— Do que está falando, Sophia? — eu a seguro pelos pulsos e a afasto de mim.

— Eu não vou enganar você, Neil. Nunca vou esquecer o Nathan — ela dá um suspiro de resignação.

Sim, eu sei disso, se há algo de sincero em Sophia é seu eterno amor por Nathan. Mas pouco me importa quem ela ama. Eu não a amo.

Anne não a ama, e é apenas isso que importa. Ela me enoja. Não suporto sequer ouvir sua voz.

— Mas eu estou ficando velha. Nunca vou amar mais ninguém. — Seus lábios se curvam em um sorriso de deboche — Você não é capaz de amar ninguém também — faz uma pausa — Claro que você ama a Anne, mas vejo que é apenas ela, apesar de não entender.

Sim, eu amo a Anne, mas há alguém que seria capaz de amar tanto quanto. E quem é Sophia para dizer que não entende por que eu amo Anne? Ela é debilóide, por acaso?

Anne é minha filha, mesmo que não tenha sido feita por mim, e eu a amo acima de qualquer pessoa. Se pudesse entregar meu coração a mais alguém seria para Jennifer, mas não posso.

Se ela descobrir meu lado mais escuro, meus pecados mais sombrios, jamais iria querer ficar comigo, e eu simplesmente não suportaria.

— Estou limpa — ela abre os braços para mim — Podemos tentar, por Anne?

— Você nunca ligou para ela, Sophia! — eu praticamente berro. Tenho que me conter, Anne está dormindo e pode acordar assustada.

— Isso porque ela me lembra Nathan, mas é tão imperfeita quando ele — ela diz com arrogância.

Proibida para mim Where stories live. Discover now