Você me chamaria para jantar?

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Entre todas as pessoas do mundo, quem você chamaria para jantar?

— Qual o seu nome? — ele me perguntou, sua voz era agradável.

Antes até mesmo de processar a pergunta, me lembro de ficar pensando onde poderiam ter encontrado aquele rapaz baixo e... fofo? Eu, na época, não sabia exatamente como definir. Jimin vestia um suéter cor creme quando nos conhecemos, quando perguntou meu nome. O que poderia ser mais fofo que aquilo? Era óbvio que eu ficaria confuso sobre chamá-lo de fofo.

Afinal, até então apenas garotas pareciam fofas para mim...

— Jeon Jeongguk, e o seu? — sorri de leve, me ajeitando na cadeira.

— Park Jimin... Eu tenho 22 anos. — seus dedos pequenos começaram a ajeitar os fios loiros. — Você me parece mais novo... 21 anos?

— Quase... Faço no mês que vem, mas por enquanto são só 20 mesmo. — ri, deixando meus dentes a mostra.

Jimin os encarou no mesmo instante, começando a sorrir então.

— Coelho. — ele disse, do nada.

— O que? — franzi o cenho. — Ah, os dentes?

— Sim... Desculpe. — ele encolheu os ombros. — Eu tenho essa mania ruim de soltar palavras que basicamente resumem meus pensamentos.

Ok, aquilo me soou bizarro, mas vindo dele parecia apenas inofensivo e... fofo.

Mas, não fazia sentido até então. Digo, eu havia entrado naquela maldita experiência porque queria dinheiro, não uma namorada nova. Fazia sentido eu escolher o sexo oposto ao que eu me atraía, certo? Errado. Muito errado. Jimin era a prova viva de que isso poderia cair por terra, Jimin era a testemunha do quão duvidosa minha sexualidade poderia ser.

Começamos então a entender o que deveríamos fazer. Era algo simples: faríamos as 21 perguntas listadas no bloco de notas um para o outro e, depois de cada um responder todas, ficaríamos encarando um ao outro durante 4 minutos ao som de uma música que tocaria nos fones plugados ao tablet. Me parecia simples, eu poderia sair daquela merda com o meu dinheiro e, finalmente, poderia ver as temporadas dos meus esportes favoritos sem roubar o Wi-fi de ninguém.

Era o meu sonho maior até então.

Puxei o bloco de notas para mais perto, tirando a tampa da caneta. Jimin se ajeitou na cadeira e suspirou, ele me parecia nervoso. Eram apenas perguntas bobas, oras, não um teste da faculdade ou o formulário do currículo.

— Aqui diz... Entre todas as pessoas do mundo, quem você chamaria para jantar? — perguntei meio baixo, ainda estava tímido.

— Hm... Qualquer pessoa viva? — perguntou, ele já parecia ter pensado em alguém. — Em quem você pensou?

— Acho que sim. — encolhi os ombros, desviando o olhar para o papel. — Acho que eu chamaria Stephen Curry... ou o Kanye West. Ainda não decidi. Quem você chamaria se pudesse não estar vivo?

— Um jogador de basquete ou um rapper? Que bizarro. — Jimin riu baixinho. Ele pendeu a cabeça levemente para um dos lados enquanto os olhos se fechavam em dois sorrisos e as mãos pequenas escondiam os lábios abertos por onde saía a risada gostosa. Fiquei pensando se era possível morrer só com aquela imagem. Parecia um bebê gargalhando de tão bom que era. — Eu chamaria a minha avó, ela costumava contar as melhores histórias da adolescência.

Naquele momento, descobri uma de minhas coisas mais favoritas no mundo. O sorriso de Park Jimin.

Claro, não havia percebido de primeira. Mas, com o passar do tempo aquele sorriso com dentes levemente tortos havia tomado um espaço em mim, me fazendo sorrir junto toda vez. Toda maldita vez.

Um bom exemplo disso foi o dia em que decidimos ir até o karaokê. Nunca fui um super fã de coisas como dançar e cantar em frente aos outros, mas Jimin fazia um bico que antes me fazia rir, agora me faz suspirar. Chamei Hoseok e a sua dupla da experiência para ir com a gente, mas eles já tinham outros planos e isso me deixou levemente desconfortável. Por que? Oras, era praticamente como um primeiro encontro.

Nós nunca havíamos saído antes, quem diria ainda sozinhos.

Então passamos horas bebendo e cantando juntos naquela pequena sala escura e iluminada apenas com cores estranhas e aleatórias. Eu passava mais tempo sentado do que realmente cantando ou fazendo algo que não fosse encarar Jimin iluminado pelo azul que deixava seu loiro num tom muito bonito, seus olhos então... Pareciam um céu limpo de nuvens e estrelado, muito estrelado. Foi a primeira vez em que reparei no modo como o desenho dos olhos do Park eram diferentes ou em como seus lábios eram bem carnudos. Foi a primeira vez que eu, sinceramente, reparei em Park Jimin.

E, de verdade? Isso me assustou. Me assustou porque até então eu possuía total certeza da minha sexualidade, porque ele era muito bonito e eu queria beijá-lo, porque nós estávamos sozinhos e eu já não me sentia tão desconfortável assim. Me assustou porque, naquele momento, não me pareceu nada ruim repetir algo daquele nível com o hyung.

Então ele percebeu que minha cabeça estava a mil e, bem, vocês já sabem. O sorriso se tornou, durante aquela iluminação ruim, uma música boa do Dean e algumas cervejas; uma das coisas que eu mais gostava de olhar e, se pudesse, olharia por horas. Ele sorriu, pendeu a cabeça para um dos lados e ficou me encarando com aqueles olhos praticamente fechados. Eu, bobo como era, bobo como sou, me levantei e fui até ele. Segundo Taehyung, seria o momento perfeito para beijá-lo e fazer tudo ficar ainda melhor entre nós. Segundo Jin, eu estava invadindo seu espaço pessoal e isso não era divertido. Segundo Jeongguk, eu mesmo, eu era apenas outro cara medroso que sorriu amarelo, pegando o microfone da mão dele para cantar uma música nova.

Mas do Dean, também. Sempre dele.

E no final de toda aquela merda, nós já estávamos suados, cansados e bem felizes. Ele se jogou sobre o pequeno sofá que havia lá e me olhou no fundo dos olhos, deixando um sorriso crescer nos lábios enquanto piscava. Sua voz saiu tão doce naquele momento que sim, eu poderia sim explodir de repente.

Você me chamaria para jantar, Jeongguk?

Como Se Apaixonar em 21 Perguntas | jikookWhere stories live. Discover now