- Isso não é da sua conta! - Ele puxou a carteira da minha mão e eu levantei o rosto, encarando olhos vermelhos, suas pupilas escuras dilatadas. Me levantei rapidamente e ele terminou de enfiar as coisas na mochila, fechando-a e logo se levantando.

- Eu acho que isso nada disso é seu. - Cruzei os braços e ele me fitou, rindo ironicamente.

- E o que o garotinho vai fazer quanto a isso? Me prender? - Arqueou uma sobrancelha e eu fechei a cara, revirando os olhos.

- Eu ligaria para a polícia, mas eu estou ouvindo o barulho dela se aproximando. Creio que você também esteja escutando, então... - Dei de ombros e ele sorriu irônico.

- Você é muito inocente. Vamos fazer assim, eu finjo que você não disse essa merda e você esquece que já me viu um dia. O que acha? - Ele arrumou a alça da mochila no seu ombro e eu suspirei. Ele era estranho, parecia um maníaco. Provavelmente era um, tinha muito dinheiro com ele e uma arma. Quem diabos anda com uma arma e um absurdo de dinheiro na mochila? Seus olhos não conseguiam ficar parados em um canto por muito tempo e suas mãos tremiam bastante. Efeito das drogas, acredito.

- Não vou esquecer de nada! Você é um maluco drogado. Aposto que roubou toda essa merda que ta na sua mochila. Inclusive a carteira dessa mulher. E você ainda tem uma arma. Deve ser um bandido louco. - Acusei, apontando um dedo no seu peito. Isso pareceu ter acordado o monstro dentro dele e em questão de segundos sua mão estava me segurando pelo colarinho da blusa, me prensando contra a parede de uma loja que estava fechada. Ótimo, Londres está sempre movimentada e logo agora ninguém aparece na rua. Parece que a vida sempre contribui pra tudo dar errado.

E onde está a merda da polícia? Nem consigo mais ouvir o barulho da sirene.

- Eu vou falar somente uma vez e você vai me escutar lentamente. Você não vai abrir a boca, cacheados. Você não quer se meter em encrenca. Você não sabe na onde vai estar pisando se abrir a boca. Ama sua vida? Então esqueça que já me viu e continue vivendo seus dias de garotinho da escola. Você não vai querer sofrer as consequências caso abra a boca. - Sua voz tinha um hálito estranho, um cheiro de bebida e mais alguma coisa que eu não conhecia. Seus olhos não conseguiam nem ao menos parar nos meus, sempre olhando para os lados vendo se alguém se aproximava, o que, para o meu azar, não acontecia. Engoli em seco e olhei para o céu, percebendo ele já estar ganhando os tons escuros da noite. Morrer. Talvez ele pudesse me matar e então toda a falta que sinto do meu pai passaria. Não existiria mais efeitos colaterais pela sua perda. Minha mãe poderia viver em paz com seu novo namorado, meus primos não teriam mais um menino mimado com quem lidar. Todos teriam paz.

Mas.. Não era isso que meu pai iria querer. Ele me disse tanto sobre eu ter um grande futuro pela frente... E, não era eu quem falava salvar as pessoas? Eu não poderia morrer agora. Não sem antes realizar os sonhos que prometi ao meu pai. Não sem antes terminar a música que ele havia escrito. Eu ainda tinha muita coisa para viver, certo?

- Então, playboy? Já se decidiu? Por que eu posso acabar com você em um piscar de olhos. Abra sua boca e você perde essa sua vidinha de merda. - Ele bateu minha cabeça contra a parede e eu senti uma dor aguda me atingindo, mordendo o lábio com força para não gritar ou reclamar de dor. Eu não deixaria ele ver que havia me machucado. Respirei fundo e arranquei forças do fundo da minha mente para respondê-lo.

- Eu não falarei nada. - Minha voz saiu grossa e eu senti suas mãos tremulas me soltarem. Minhas pernas estavam tremulas e eu respirava profundamente, querendo sair daquele lugar o mais rápido possível. Escutei sua risada irônica e estremeci.

- Você apesar de petulante, é inteligente. Saiba que fez o certo, playboy. E tenha como promessa que nunca mais irá me ver, se manter a sua palavra. Não pense que pode se esconder de mim. Eu conheço cada canto dessa cidade. Se você abrir a boca, eu acabo com você. - Dizendo isso ele sumiu entrando em um beco e eu deixei meu corpo cair no chão, abraçando meus joelhos e respirando fundo.

Nobody Sees (Larry Stylinson) | em ediçãoWhere stories live. Discover now