Twenty

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ALEXIA

Liam é uma boa pessoa, pareceu ser assim na primeira vez que nos vimos e em todas às vezes que tivemos que interagir. Eu confio que ele guardará este segredo, eu espero que ele guarde esse segredo e não comente nada para Christopher depois. De qualquer forma, eu não saí da floresta de mãos vazias, achei algumas raízes de mandrágora e as peguei como também peguei lavanda. É incrível que aqui tenha lavanda algo tão raro de se achar e quando as encontrei não podia ir embora ser pegar algumas.

— Não entendo porque teve de ir sozinha para floresta. -Liam murmura e abre a porta do carro, eu entro.

— Imagino que nunca tenha acampado, Liam. E eu não tenho paciência com pessoas que não sabem andar em terra.

— Cresci no mar. -Murmura, sorrio pequeno e ele começa a dirigir.

— Meu pai amava o mar. Pescava para nossa aldeia. -Explico e olho para a janela.

— Eu era de um navio de saqueadores, mas mapeava tudo novo. Existe satélite e eles sabem exatamente como essa Nova Terra é, mas eu queria escrever do meu jeito como ela é, com o que eu encontrava. -Liam fala e o olho. Seus olhos estavam atento na rua, mas por um momento pareciam perdidos em lembranças também.

— Um dia vou querer ver seus desenhos. -Falo.

— Será um prazer mostrar para você, mas tem que saber que são desenhos infantis. -Liam fala e sorrio voltando a olhar para a janela do carro.

— Tudo bem. -Murmuro.

— Mas se o seu pai vivia em mar como sabe tanto da terra? -Pergunta curioso.

— Nunca tive vontade de seguir os passos de meu pai. -Falo e suspiro.

Liam fica calado e eu foco meu olhar para o céu no seu fim de tarde, colorido como um quadro de uma pintura bem feita, cores laranjas e rosas brincando no alaranjado e no outro lado um azul selvagem e escuro crescendo e ocupando todo o céu, o sol indo amanhecer em outro lado e as luas, em fases distintas aparecendo para avisar que a vida continua e que o tempo não para. O céu infinitamente colorido, provando uma eternidade vitalícia na qual esse universo está fardado e não sei entender se isso é uma maldição ou um milagre.

Olho para as pessoas, nessa cidade, vivendo suas vidas, andando sem parar, indo para casas ou para bares. Quem sabe um teatro ou uma diversão em família, essa Nova Terra tenta ao máximo se parecer com antiga, apesar de que nem sempre isso é possível. Existem limitações e se parecer com a antiga casa pode levar ao desastre com que ela foi e nos levou a isso a procurar uma nova casa.

Liam então segue até a área nobre da ilha, onde os ricos fazem suas compras, com os melhores alimentos, melhores tecidos, as mais brilhantes joias, eu gostaria de entender porque eu estou indo para este lugar também, afinal não me lembro de ter pedido para Liam vir para cá. Aliás, nunca vim para cá, apesar de sempre ter dinheiro para gastar aqui, este lugar nunca pareceu um lugar realmente acolhedor, as pessoas sempre parecem andar apressadas e raramente realmente se olham, a não ser para desviar e evitar que os corpos se choquem, mas parecem estar presas demais no próprio mundo que raramente se percebem ali, elas apenas percebem o que tem nas vitrines e o que brilha.

— O que estamos fazendo aqui? -Pergunto e Liam estaciona o carro na praça. O chão do lugar é de pedrinhas, a pracinha tem várias flores de todas as cores que poderia imaginar e não imaginar. Havia uma bela fonte no centro em formato de uma asa de borboleta e várias palmeiras.

— Christopher disse que deveria comprar roupas novas. -Liam fala e franzo minha testa. Eu irei passar mais uma noite com ele, porque ele se importaria em querer que eu compre roupas novas?

Golden || H.S || CompleteOnde as histórias ganham vida. Descobre agora