Capítulo 22 - Mari

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— Eu? Não, você está enganado. Somos apenas amigos. Tentamos ser mais que isso uma vez, mas não deu certo. — Disse com pesar.

— Menina, não minta para si mesma. Eu vi o amor que sentem um pelo o outro no abraço que deram há alguns minutos atrás. Não deixe isso morrer por medo. Ele te ama e está sofrendo com essa distância. Sei que ambos erraram, mas está na hora de esquecer o passado e ser feliz. De se darem uma nova chance. Prometa-me que vai ao menos tentar. Não precisa ser hoje ou amanhã, só precisa ser e tentar. Por favor, só prometa-me. Preciso partir sabendo que deixei meu menino em boas mãos. — Senti um nó na garganta. Minha visão ficou embaça pelas lágrimas não derramadas.

— Eu prometo. — Minha voz saiu em um sussurro junto com uma lágrima solitária.

— Obrigado querida. Agora posso descansar em paz. Sei que meu filho vai ser feliz com você. — Disse segurando minha mão.

— Agora descanse. Você já se esforçou demais. — Deu-me um sorriso e fechou os olhos.

Comecei a pensar em tudo que o Kellan me disse, tentando absorver tudo. As lágrimas fluíram livremente pelo meu rosto.

Alguns minutos se passaram até que fui desperta por um barulho estridente.

O bip...bip...bip... que soava no quarto foi substituído por um biiiip constante. De repente uma equipe médica entrou no quarto me assustando. Eles me pediram para sair. Fiquei paralisada. Meu corpo não respondia ao meu comando. Uma enfermeira me ajudou a sair. Saindo do choque inicial, peguei meu telefone e liguei para o Tony. Antes da porta se fechar vi eles tentando reanimar o Kellan.

— Oi Mari.

— Tony... Vem... Seu pai... — Comecei a chorar. Mal conseguia falar em meio aos meus soluços.

— Eu estou indo Mari. Estou chegando. — Encerrei a ligação e encostei minhas costas contra a parede. Meu coração parecia que ia explodir com esse turbilhão de emoções. Estava com medo de não ser tão forte para o Tony. Escorreguei pela parede, até estar sentada no chão. Coloquei a minha cabeça entre os meus joelhos e derramei todas as lágrimas que estavam me sufocando.

Fiquei ali não sei por quanto tempo até que senti alguém me envolvendo em um abraço. Levantei a cabeça e vi o Rafa, sentado no chão, ao meu lado. Ele me puxou para mais para perto de si me abraçando forte, o que me fez chorar mais ainda.

Depois de alguns minutos, um pouco mais calma, Rafa me ajudou a levantar. Olhei em seus olhos e notei que estavam vermelhos, denunciando que também esteve chorando.

Caminhamos abraçados até a lanchonete, sem trocar uma palavra. Sentei-me em uma mesa afastada enquanto Rafa foi ao balcão pedir algo para comermos.

— TONY! — Gritei quando a realidade bateu. Rafa veio correndo até a mim.

— Calma Mari. Ele está no quarto como o Kellan.

— Eu preciso estar com ele, Rafa. Não posso ficar aqui. — Mal terminei de falar e sai correndo deixando o Rafa para trás.

Parei em frente ao quarto do Kellan sem coragem para entrar. Uma enfermeira abriu a porta e me olhou tristemente. Meu coração começou a bater forte no peito.

— Sinto muito querida. — Disse ao passar por mim. Olhei para dentro do quarto e vi o Tony abraçado ao seu pai aos prantos.

Entrei no quarto e caminhei em direção a eles. O rosto do Kellan tinha um semblante calmo e sereno. Os aparelhos que antes estavam conectados ao seu corpo já não se encontravam mais ali.

Respirei fundo e estiquei meu braço colocando minha mão sobre o ombro do Tony. Por pior que fosse o momento, aquela corrente que existia entre nós ainda estava presente, sempre esteve e era ela que me daria forças para ser quem ele precisava naquele momento.

Atração do Amor - Série Artimanhas do Destino #2Onde as histórias ganham vida. Descobre agora