16. lute para não brigar

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16. lute para não brigar

     Aquiles tinha comprado uma TV nova e alguns móveis que ele não precisava, e tudo aquilo parecia ter sido comprado pra ele ter onde colocar lixo.

    Quando eu entrei na sua casa era só isso que eu enxergava: garrafas em cima das mesas, em cima do móvel onde a TV ficava, roupas dele misturadas com de mulheres pelo chão e até mesmo pratos de comida no chão. Sendo que a porta estava aberta não ficaria surpreso se alguém tivesse entrado e roubado alguma coisa.

     O cara estava dormindo no sofá e toda aquela bagunça era demais pra só eu ver. Pegando meu celular eu mandei uma mensagem para Apolo com uma foto do caos que aquele apartamento estava, pedindo pra ele ir lá também, e sem ver a sua resposta fui até o banheiro para pegar o cesto das roupas sujas. 

     Jogando o cesto, que era de tecido, em cima dele no sofá, não tinha o perigo de quebrar o objeto e acordava meu amigo de um jeito bem funcional. 

     — Por.ra! Que merda é essa? — Ele disse, se levantando e tirando o cesto de cima dele e eu estava sem paciência para aquela infantilidade.

     De braços cruzados, olhei Aquiles com o que imaginava ser o sentimento que Iara tinha ao olhar pra ele, mas não tão parecido. Ainda tinha uma simpatia por ele, por mais que ele fosse muitas vezes o pior exemplo de amigo que eu tinha. Ela não tinha isso por ele, e provavelmente nem por mim.

     — Recolhe as roupas, eu recolho o lixo. 

     Virando as costas para ele, fui até a cozinha para encontrar mais louça sem lavar e mais garrafas de cerveja. Me questionei se tinha acontecido alguma festa ali, e eu tinha certeza que ele ia usar aquela desculpa pra todos os restos de bebida na casa...mas era só uma desculpa, ele tinha aumentado mais ainda a bebedeira e isso só mostrava que Apolo não tinha conversado com ele, mas preferi não lembrar do que tinha dito ao meu outro amigo em relação ao irmão. 

      Me lembrava muito de outra pessoa e o mesmo discurso que eu tinha usado. 

      Balançando a cabeça, abri uma das gavetas da cozinha e peguei um saco de lixo grande, começando a juntar todas aquelas merdas. Cada garrafa que eu colocava, o barulho de vidro contra vidro fazia Aquiles reclamar. Estava com dor de cabeça ele dizia, enquanto se arrastava pra juntar as roupas dele e chutar as das mulheres para um canto. Olhava tudo aquilo com mais estranheza que eu e fazia com que eu quisesse sacudir a sua cabeça, só pra ver se, ao mexer o cérebro, o fuzil de noção acendia de volta.

      Terminando de limpar a cozinha e recolher todas as garrafas, inclusive as que estavam empilhadas em um canto, fechei o primeiro saco de lixo e peguei outro, indo para o resto do apartamento. Aquiles tinha jogado as roupas de qualquer jeito no cesto e estava prestes a sentar de novo no sofá quando Apolo entrou pela porta que ainda estava aberta. Ele não foi falar com o irmão, não tinha rosto irritado nem nada, tão acostumado quanto eu com o jeito de Aquiles. 

     Ele veio e pegou um saco de lixo e foi juntar as coisas que provavelmente estava no quarto. Foi aí que Aquiles se levantou e foi ajudar, não deixando Apolo entrar no quarto dele, só no outro que era o seu antigo e atualmente de hóspedes. 

     Foi rápido com os três juntando as coisas e logo a entrada da casa estava com quatro sacos de lixo cheios de garrafas de cerveja e latinhas, além de papelões de pizza que tinham sido desenterrados dos quartos.

     Mas, claro, nunca parecia ter fim, mesmo depois de juntar todas as tralhas que Aquiles deixava, então eu voltei para a cozinha e comecei a lavar a louça enquanto os outros dois sentaram na mesa, Aquiles reclamando ainda sobre dores no corpo, "principalmente no abdômen", e Apolo mexendo no celular.

Boa tarde, Zeus ✓Onde as histórias ganham vida. Descobre agora