Fifteen

8.6K 907 88
                                    

Daniel

Desde que essa família chegou eu estou com uma pulga chata atrás da orelha. O que realmente eles vieram fazer aqui?

Depois de tomarmos banho juntos, o que só foi possível depois de muita insistência da parte de Kayla, descemos pra comer. Ninguém da família visitante estava presente.

_Bom dia._Digo puxando a cadeira pra Kayla sentar._Onde estão os visitantes?

_Foram ver Katara._Melissa responde olhando feio para Kayla._E talvez foram ver como andam as obras da casa deles.

_Alguém já foi ver onde a casa está sendo construída?_Kayla pergunta o que eu também quero saber.

_Não, filha. Só sei que fica nos arredores, mas ainda não fui ver._Aragon responde e logo sai da mesa.

Eu e Kayla nos olhamos confirmando silenciosamente uma visita nesse lugar depois do café da manhã. Nos retiramos da mesa e seguimos caminhando até os arredores da cidade.

_Estou até com medo do que estão aprontando. Se houver uma possível luta, deixa a Katara pra mim._Kayla tagarelando é o fim.

_Você é muito louca._Afirmo sorrindo.

Temos que rodear a cidade inteira até acharmos alguma casa em construção ou acharmos a família esquisita. Kayla para um pouco e se apoia em mim.

_O que foi?_Pergunto aflito.

_Não sei, uma tontura repentina._Ela tira seus cabelos do rosto._Vamos, não foi nada demais.

Decido acreditar nela e seguimos conversando e observando. Ela teve mais duas tonturas e continuou alegando não ser nada.

_Ali._Ela aponta para um grande casarão. Corrigindo, um grande esqueleto de um casarão._Essa obra era pra estar muito, muito adiantada. Vamos lá?

_Eu disse que isso estava estranho. Vamos nos aproximando lentamente.

Fomos cercando o lugar e de longe senti que havia gente no lugar. Kayla disse que só tocando no chão saberia se são humanos ou sobrenaturais. E ela confirmou que eram vampiros. Aguçamos nossa audição e começamos a ouvir a conversa.

_Por quanto tempo vamos atrasar essa obra? Eles vão suspeitar, Ernesto. E Katara está desprotegida fora do Castelo._Danitza parecia aflita.

_É, pai. Se eles me pegarem posso morrer. Eu não quero morrer.

_Acalmem-se!_Ernesto brada._Você também foi logo tentar levar pra cama o marido da filha deles. Claro que agiram certo em permitir sua expulsão de lá. Infelizmente você ficará desprotegida, Katara. Mas Andrew sempre virá vê-la. Não vamos arriscar.

_Sim, posso inventar passeios ou qualquer coisa todos os dias. Só não..._Andrew para._Tem alguém aqui.

Nesse momento eu e Kayla resolvemos nos mostrar. Entramos no local e atraimos os olhares de todos. O medo era muito evidente.

_Estou dando a chance de vocês dizerem toda a verdade._Afirmo olhando pra cada um.

_Vamos lá, toda a verdade._Kayla incita.

Danitza e seus filhos parecem muito inquietos pra falarem. Ernesto dá uns passos à frente e parece ser o mais corajoso.

_Estamos fugindo da Alcatéia Sangrenta._Declara vergonhoso.

_Mas o que vocês fizeram pra eles? Eles não perseguem ninguém sem um motivo muito forte._Rebato irado.

_Bom, acabamos matando o filho de um dos líderes._Danitza limpa a garganta como se pedisse pro marido se corrigir._No caso, eu matei. Pensei que ele era um espião nas minhas terras e acabei matando o jovem sem interrogá-lo antes. Agora somos perseguidos por eles.

_Cara, como que... Como que você mata alguém do nada?_Kayla explode._Você é um... Aff! E agora? Eles estão vindo pra cá.

_Por isso queríamos ficar no Castelo, protegidos por vocês._Danitza diz e se aproxima._Não somos do mal, entenda. Isso tudo foi um equívoco do meu marido. Não nos entregue, por favor.

Minha cabeça está explodindo. Eles estão vindo e não vão parar até matar todos dessa família. E quem ficar na frente também. Eu preciso pensar.

_Vamos todos pro Castelo. Melissa e Aragon precisam saber disso._Suspiro._Você também vai, Katara.

_Ela vai?_Kayla praticamente grita.

_Ela vai, Kayla. Precisamos resolver tudo isso e inclui ela. Vamos!

Durante o trajeto, a família Trance praticamente andava se escondendo atrás de mim e da Kayla. A mesma não falou comigo mais. Ok. Depois de reunirmos todos na sala, chamamos Aragon e Melissa. Os mesmos estavam conversando no escritório. Dessa vez quem contava era Danitza.

_Confiamos em vocês!_Melissa desce do salto._Como vocês omitiram uma coisa tão importante como essa?

_Sentimos muito, Melissa. Muito.

_Isso já não importa._Interrompo Danitza._A questão é que eles virão e vão querer matar cada um. Espera aí, eles sabem da paz selada?

_Quando fugimos deles vocês não estavam casados ainda. Talvez saibam ou saibam e vão ignorar._Andrew toca nos ombros da sua mãe._Só estamos pagando por um erro grave do meu pai. Não queremos viver fugindo ou escondidos.

Aragon observa tudo calmamente e por fim resolve se manifestar. Os Trance já estavam muito apavorados.

_Preciso falar com o Daniel._Ele sai indo em direção do escritório.

_Nos falamos depois._Digo para os que ficaram e sigo Aragon.

Encontro o mesmo bebendo sangue em uma taça escura. Ele estava observando o tempo lá fora e parecia tão tranquilo. Eu estou praticamente surtando.

_Você parece muito inquieto, Daniel._Ele me oferece a bebida e eu nego._Isso tudo é muito simples de resolver. Você destrói essa alcatéia sozinho.

_Não, eu não quero destruí-los. Eu quero resolver isso sem mortes. Seria contraditório se eu matasse pessoas sendo que sou o precursor da paz.

_Pressenti que iria dizer isso._Ele se aproxima._Então faça um acordo com eles. Agora saiba que o que vão pedir em troca não vai ser nada bom.

Assinto e me retiro daquele lugar. Minha cabeça dói muito e meu corpo está muito quente. Subo diretamente pro quarto e entro debaixo do chuveiro o mais rápido possível. Sinto que cada gota da água que toca no meu corpo esquenta instantaneamente. O que está havendo comigo?

(*)

O filho da lua e a filha da escuridãoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora