Fourteen

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Kayla

Eu não premeditei fazer aquela cena patética. Eu realmente não queria. Mas ao ver aquela mocréia seduzindo o Daniel, eu comecei a enxergar tudo vermelho. Sede de ver o sangue dela espirrando. E foi assim que arranquei o cabelo dela quase todo.

Quando ela me chamou de criança e disse que o Daniel também queria ir pra não sei onde com ela, a sede pelo sangue dela se dissipou. Eu queria o sangue dele. Mas seria muita humilhação. Depois de dizer que ele não merecia meu amor, fui correndo pro quarto. Acabei dizendo que o amava sem querer. Ele que fique com a mocréia adulta.

Mas me surpreendi ao ouvi-lo bater na porta pedindo pra que eu abrisse. E depois de quase enfiar meu salto na sua garganta, decidi ouvir o que ele tanto queria dizer. E me surpreendi novamente ao ouvi-lo explicar a verdade, dizer que prefere a mim e que me ama. ELE ME AMA!

Foi um enorme alívio dizer o que eu sinto por ele e saber que é recíproco. Eu sabia que camuflado por trás desse "ódio" existia algo mais forte. Bem mais forte.

_Você é inacreditável, Kayla._Ele diz depois de me beijar apaixonadamente._Deixou a Katara quase careca.

_Eu queria deixá-la sem os dentes._Gargalho dando um selinho em sua boca._Acho que o barraco está armado lá em baixo. Você me defende?

_Com toda certeza do mundo._Ganho um beijo na testa e assim descemos.

Encontramos quase todos presentes na sala e uma Melissa nada contente. Caminhei até perto dos pais de Katara e preparei segundos antes minha linda explicação.

_A sua filha é uma vadiazinha que queria arrastar o meu marido pra fazer sei lá o quê._Digo encarando Danitza._Ela está na minha casa, ou melhor, todos vocês estão na minha casa de favor. Então o mínimo que eu peço é respeito. Se ela é solteira, que vá se divertir com homens solteiros. O Daniel é muito bem casado e não precisa dos serviços dela.

_Oh... É..._Danitza fica sem fala._Perdão, Kayla. Perdão, Daniel. Perdão a todos vocês.

_Mãe!_Katara grita, mas Ernesto segura no seu braço._Ai, pai! Me deixa!

_Você não fica mais aqui nem um minuto. Com licença, vou hospedá-la em um alojamento pela cidade. Perdão.

Katara, Ernesto e Andrew saem juntos. Danitza conversa com minha mãe e Daniel se aproxima de mim.

_Você falou bem. A Katara estava parecendo uma prostituta quando falou comigo.

_Eu deveria ter picotado ela na foice._Resmungo.

_Você é doida, Kayla!_Ele gargalha e beija meus lábios.

_Kayla._Minha mãe puxa meu braço._Precisamos conversar. Com licença, Daniel.

Ela sai me arrastando até um pequeno escritório onde meu pai gosta de ficar. Ela tranca a porta e olha pra mim.

_O que eu pedi a você, Kayla? Hãn?_Ela se aproxima._Essas pessoas não são nossos inimigos e olha o mal estar que você causou. Vi que você e o Daniel estão se dando bem, mas nem isso te ajudou a deixar de ser infantil? Não precisava ter batido na nossa hóspede, Kayla. Por acaso você é um animal primitivo? Irracional?

_Mãe! Ela estava dando...

_Shiu!_Ela me interrompe._Você não precisava ter batido. Você se aproximava e mostrava quem é Kayla Santiago Absalão. E não ter se comportado como uma louca.

As lágrimas vieram nos meus olhos. Ok, eu poderia não ter batido nela. Mas a minha mãe está me esculachando no lugar de no mínimo dizer que eu deveria só me comportar melhor.

_Olha aqui, mãe._Chamo sua atenção._Entendo que eu agi como uma ogra, mas nada justifica esse tom de voz e essas ofensas gratuitas. Não sou louca nem sou infantil. Agradeceria muito se me tratasse bem. Começando pela forma com que me chama pra uma conversa.

Destranco a porta e saio em rumo ao jardim. Sinto Daniel me seguindo. Ele apenas me abraça e beija meu rosto. Logo meu pai se aproxima.

_Vi que Ernesto, Andrew e Katara estavam na cidade. Sinto um clima estranho, o que foi?

_Eu quebrei a fuça da Katara por dar em cima do Daniel._Respondo olhando pra minha unha._E acabei discutindo com dona Melissa.

_Já vi que terei dores de cabeça.

Meu pai nos deixa e vai embora. Conversamos um pouco e depois avistamos Andrew e Ernesto retornando.

_Perdão, Kayla._Ernesto é o primeiro a falar._Katara sempre nos arranja problemas e nós é que ficamos envergonhados.

_Não tiveram culpa alguma._Sorrio._Vamos dissipar esse clima ruim?

_Claro._Andrew responde._Obrigado por não matar minha irmã.

_Faltou pouco. Entrem.

Já era noite quando todos nós entramos. Que dia longo! Subo diretamente pro quarto e tomo um banho. Daniel ficou conversando com Ernesto, Andrew e meu pai. Coloco um lindo vestido esvoaçante e começo a me arrumar pro jantar. A porta é aberta e um Daniel esquisito entra.

_Não me diga que mais alguma coisa aconteceu!_Exclamo exausta._Que dia longo...

_Eu acho que essa família Trance está escondendo algo._Ele começa a se despir. Olha o grau de intimidade!_Eles parecem muito querer saber se somos fortes, se sabemos lutar, se temos poderes...

_Talvez só estejam preocupados se caso houvesse alguma guerra ou algo do tipo._Dou de ombros._Tirando Katara, eles parecem do bem.

Ele vai tomar banho e eu termino de me arrumar. Mocréia nenhuma vai destruir meu dia. Depois de prontos, descemos e jantamos na maior animação. Várias conversas fluiram e logo percebi que minha mãe estava me tratando melhor. Alguma coisa meu pai fez. Depois tento descobrir. Andrew foi ver Katara e meus pais ficaram conversando com os visitantes que restaram. Eu e o Daniel subimos.

_Sinto algo estranho._Ele sussurra pra mim._É melhor eu investigar.

_Nós investigarmos._Corrijo._Estamos juntos nessa, Dan.

_Dan?_Ele ri.

_Prefere que eu chame de idiota? Porque eu posso muito bem...

Ele me cala com um beijo e logo depois veio outros. Ainda não me acostumei com isso. Tô sempre querendo mais. É normal?

(*)

O filho da lua e a filha da escuridãoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora