Five

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Daniel

Meu corpo ainda queima muito. MUITO. É um queimor estranho. Várias pessoas vieram me parabenizar pelo casamento. Eu já estava cansado de escutar as pessoas me desejando felicidades e sucesso na missão de fazer a paz se estabelecer. Sinto uma mão no meu ombro e me viro para ver de quem era.

_Acho que isso vai te ajudar a aliviar um pouco o queimor._Aragon me estende uma taça cheia de sangue._E pensar que eu praticamente te vi nascer... E hoje você está casando com a minha filha e fazendo valer um acordo de paz entre as duas espécies que já foram tão rivais.

_Pois é..._Bebo tudo da taça em um gole._Onde tem mais disso?

_Aqui também é uma festa pra vampiros, Daniel. Existe pessoas servindo isso a todo instante. Sirva-se e não exagere. Sangue em excesso poderá ter outros efeitos. Parabéns!

Assinto e ele vai embora. Procuro essas taças e saiu tomando com rapidez. O queimor diminui a cada gole que dou. É uma sensação de alívio inacreditável.

_Filho?_Ouço a voz do meu pai e me viro._Você está tomando sangue?

_Sim, alivia muito o queimor que estou sentindo. Uma sensação estranha de descontrole._Termino de tomar o líquido da minha taça._Mas tudo está sob controle, pai.

_Estou tão orgulhoso de você, filho. Está passando por tudo isso que eu sei que não é fácil e ainda diz que tudo está sob controle._Ele me abraça._Eu te amo, Daniel.

_Obrigado, pai. Eu tenho os pais mais fortes do mundo, só podia ser forte também.

Vi que a minha esposinha me observava de longe. Peguei mais algumas taças e andei pela festa. Minha mãe se aproxima juntamente com minha avó Madalena.

_Ele está a coisa mais linda do mundo não é, sogra?_Lá vem minha mãe e seus paparicos._Meu filho agora é um homem casado. Estou feliz, Daniel. Muito feliz. Todos nós estamos.

_Obrigado, mãe. Vou me esforçar pra que dê tudo certo._Beijo sua testa.

Abraço a minha avó e sigo atrás de mais taças de sangue. Quando vou pegar mais uma, sinto uma mão me impedindo de terminar o ato.

_Você está exagerando, Daniel. É o meu sangue que vai te saciar. Esses daí só vão aliviar seu queimor. Controle-se!_Kayla praticamente rosna.

_Eu estou queimando por dentro, me ajuda. Eu não quis isso, eu não queria estar casado com você e muito menos ser um vampiro. Mas já que nós dois temos que fazer isso, você pode me ajudar.

Ela revira os olhos e sai de perto de mim. Vi que a mesma foi falar algo com seus pais e uns outros convidados. Por enquanto tomei mais duas taças. Minha vista estava rodando, tudo balançando.

_Eu falei pra você se controlar._Ela segura em meu braço e sai me puxando._Pedi pra meus pais cuidarem da recepção dos convidados por enquanto que conversamos.

Assinto e me deixo ser conduzido até o quarto onde antes eu a mordi e ela fez o mesmo comigo. Ela fecha a porta e me encara por um tempo.

_Você está me testando... Só pode._Resmungo._Eu vou atacar você.

_Vem!_Ouço seu pedido misturado com uma risada de divertimento.

Corri depressa até ela e a mesma desviou. Em perseguir presa em pequenos espaços eu sou ótimo, mas parece que hoje não é o meu dia. Me sinto bêbado e queimando.

_Está precisando entrar em forma._Ouço seu deboche._Está meio gordo e pesado. Ah, fraco também. Eu estou com um vestido de dez quilos e mesmo assim eu...

Não deixei ela terminar e a agarrei sem dar chance de fuga. Ela ficou surpresa pela forma que seus olhos arregalaram. Sua risada sumiu dando lugar a uma expressão séria. Apertei seu corpo ao meu e mordi seu pescoço. Ela ofegou e sussurrou o meu nome. Não sei que droga eu tinha, mas eu gostei. Seu sangue acalmou todo ardor que meu corpo estava. Só precisou uma gota dele no meu organismo. Solto seu pescoço e ela morde o meu. É uma dorzinha bem-vinda.

_Você também tem necessidade de tomar meu sangue, esposa trevosa?_Sussurro e ela solta do meu pescoço pra sorrir.

_Não, mas ele é muito bom._Ela continua sorrindo._O queimor parou?

Assinto enxugando o canto dos seus lábios sujos de sangue. Ela fecha os olhos por poucos segundos e parece apreciar o gesto. O que essa diaba tem que me induz a fazer essas coisas?

_Eu vou tomar um banho._Declaro me afastando._Você vai voltar pra festa?

_Estou com sangue no rosto, descabelada, com a roupa amassada e você ainda me pergunta se vou voltar pra festa?_Ela caminha em direção da porta._Meu quarto é ao lado do seu caso precise de mim. Dorme, você vai sentir falta de todo o sono que antes você tinha. Tchau.

Assinto e ela vai embora deixando um vazio estranho. Isso não é bom...
Tomo um banho e deito na cama pra descansar. Acabo dormindo.

...

Abro os olhos com dificuldade por culpa da claridade. Ok, nunca me incomodei com a claridade, mas acho que isso vai mudar um pouco. Preciso me acostumar logo. Sinto minha garganta um pouco seca e logo sinto um cheiro de sangue delicioso. Ao meu lado, em cima de uma mesinha, tem uma taça enorme dourada com sangue dentro. Ao lado tem um cartão.

"Até que enfim a bela adormecida acordou. Aproveite meu surto de bondade repentina."

Sorrio e amasso o bilhete. Bebo tudo e já não sinto mais a claridade me incomodando. Escovo os dentes, lavo o rosto e saio do quarto. Encontro Aragon andando de um lado para o outro no centro da sala.

_Bom dia ou boa tarde?_Pergunto ao chegar perto.

_Bom dia, Daniel. Você dormiu bastante, tem noção disso?_Ele ergue a sobrancelha.

_Acho que nem tanto como queria. Mas me diz uma coisa, como isso tudo aqui está arrumado em tão pouco tempo?

_Você dormiu por três dias. Hoje é quarta-feira, Daniel._Ele sorri._Oficialmente seu terceiro dia de casado.

(*)

O filho da lua e a filha da escuridãoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora