Two

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Kayla

Estou observando o dia lá fora faz bastante tempo. Ultimamente tenho estado assim, pensativa e distraída. Minha mãe entra no meu quarto, como sempre sem bater, e eu já me estresso.

_Não sabe mais bater? Meu Deus, eu digo isso o tempo inteiro._Gesticulo vendo um sorriso brincando em seus lábios._Por que a senhora está rindo?

_Você é uma jovem muito estressada, Kayla. Entendo porque o Daniel te chama de peste ou coisa parecida._Ela continuava sorrindo._Você extrapola no mau humor, filha.

_O Daniel é um idiota. Um... Um ridículo!_Bufo chateada._Ai, que droga! Não quero falar dele. A senhora o viu?

Ela sorri, dá meia volta e vai embora balançando a cabeça em negação. Em poucos meses irei me casar com o idiota do Daniel. Já chorei o que tinha pra chorar para que meu pai me liberasse desse compromisso, mas é impossível. Eu terei que casar com ele. Para minha desgraça, ressalto. Tomo um banho e vou atrás do meu pai. Ele pediu para procurá-lo assim que der. Entro no seu escritório sentando em uma cadeira em sua frente.

_Aprendeu com sua mãe essa impulsividade toda? Não avisa ou bate mais antes de entrar?_Sua voz grave não me aterroriza.

_Eu tinha que aprender alguma coisa da minha mãe._Reviro os olhos._Ela é toda doce, meiga e amável... Eu só podia puxar a impulsividade mesmo. Enfim, o que o senhor quer falar comigo?

_Você está com seu péssimo humor novamente. Isso não melhora, bebê?_Ele sorri e eu fico fumaçando. Ele sabe que odeio apelidos._Você precisa organizar o quarto onde você e seu marido vão dormir. Tudo vai ser passado para ele no dia do casamento. Ele deve estar bastante preocupado e quem gosta de cuidar de decoração são as mulheres. Você pode cuidar disso?

_Eu odeio essa história de decorar. Isso é a maior chatice. Vou pedir pra mamãe cuidar disso._Me levanto._Só isso? Estou com pressa e...

_Senta agora, Kayla!_Ele brada fazendo meu corpo obedecer no automático._Espero humildemente que você leve esse casamento a sério. Deixe de ser mimada, filha. Você vai casar, isso exige amadurecimento. Outra coisa, através da troca de sangue que haverá entre vocês dois o Daniel começará a se transfomar em vampiro. No caso ele será um híbrido, então você terá que ajudá-lo nesse processo. Entendeu?

_Sendo híbrido ele poderá fazer filhos?_Juro que a pergunta saiu sem filtro e sem pensar antes.

_Sim, ele terá seu lado lobo ainda._Ele alisa meu rosto._Filha, por favor, faça tudo isso dar certo. Não é sobre você ou o Daniel, mas sobre duas espécies que anseiam por paz definitiva. Respeito, tolerância com as diferenças, etc. Ajude o seu futuro marido a ser o líder que todos merecem. Um grande homem sempre tem uma grande mulher ao lado.

Assenti e saí da sua presença. Se eu esboçar minhas opiniões sei que ele não me deixaria sair do escritório. Todos acham que é fácil casar com alguém, sem ter amor no meio e ainda ter que fazer durar pra sempre. É uma responsabilidade muito grande. Não estou preparada. Nem quero estar. Mas tenho que aceitar.

Depois do almoço, recebi a costureira para poder tirar as minhas medidas. Minha mãe é calma, serena, rara as vezes que ela saiu do controle. Mas sei que nesse exato momento ela está ansiosa, ansiosa pro dia do casamento. Só não sei se é pra me ver surtando ou pra realizar o sonho da maioria das mães que é ver a filha casar.

_Você é muito perfeita de corpo, Alteza._A costureira diz contida.

_Ande! Vá logo com isso!_Suspiro pesadamente._Estou me vestindo pra ir pro matadouro. Tem coisa pior?

_Quero ver quando você vai deixar de ser assim, Kayla..._Minha mãe ajuda a costureira a medir meu corpo._Está para casar e não abandonou esse jeito.

_Que jeito?_Berro._A senhora está me chamando de infantil? Mimada? Fique a senhora sabendo que...

Minha mãe ergue o rosto e me lança um olhar gélido. Me calo no mesmo instante. Odeio esse poder que ela e meu pai tem sobre mim. Isso que dá ser filha de vampiros poderosos. Não tenho controle em nada, nem no que posso falar. A costureira vai embora e eu subo pro quarto. Sempre me sinto muito sozinha. Se não fosse a Celina não sei com quem conversaria além dos meus pais e dos serviçais da casa. Uma coisa boa que esse casamento vai me trazer é a Celina como cunhada. Ainda bem.

_Trouxe um lanche, Alteza._Muriel entra com uma bandeja._Precisa comer.

_Estou sem fome, Muriel._Afundo na cama._Quero só uma taça de sangue.

Depois de servida, pedi pra Muriel sentar perto de mim. Ela é uma humana que vive amigavelmente como nossa empregada. Ao contrário do que dizem, não somos seres descontrolados por sangue. Nossa sociedade evoluiu muito. Sangue nos é necessário, mas não ao ponto de sair por aí mordendo pescoços alheios. Isso pra nós é sinônimo de descontrole e maldade.

_Muriel, como é a sua vida de casada?

_Por que está querendo saber disso, menina?_Ela franze o cenho.

_Estou prestes a casar, né?_Tenho vontade de enfiar o rosto no travesseiro, mas me contenho._É difícil conviver com um estranho?

_Olha, não é extremamente difícil quando se tem amor e paciência. Coisa que lhe falta no momento, se me permite opinar._Ela levanta._Mas o tempo talvez lhe ajude muito. Soube que seu futuro marido é um homem bonito, charmoso e de bom caráter. Não vai ser tão difícil se você não dificultar. Com licença.

Ela vai embora e me deixa ainda mais perdida. Isso tudo tá sendo tão difícil pra mim. Eu tenho uma louca vontade de fugir e virar as costas pra tudo isso, mas o que será que essa minha atitude inconsequente traria? Com certeza meu pai colocaria o mundo atrás de mim e eu não conseguiria ir até a esquina. O jeito é tentar ser pelo menos amiga do idiota do Daniel. Idiota não, tenho que parar de chamá-lo assim ou não vai funcionar. Ai, é muito difícil.

(*)

Amiga do Daniel? Hm... Ok, miga!🤣
Tô sentindo cheiro de relação morde & assopra kkkkk

Até o prox cap🌷

O filho da lua e a filha da escuridãoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora