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Dois anos antes...

Estava escuro e pouco movimentado quando Emily se aproximou da casa principal e colocou no canto  do portão  a bola branca que seu tio havia lhe dado, depois foi para casa do senhor Claus colocar a outra, seguindo o mesmo procedimento. No fundo, talvez ele sabia o que ia acontecer. 

Voltou para a pousada onde estava depois de comer um belo jantar em um restaurante ao lado, não era comum naquele lugar mulher andar sozinha, de certa forma Emily chamava a atenção e despertava a curiosidade de alguns, por ser uma estranha as pessoas evitava falar com ele ou fazer perguntas, porém no jantar um senhor se ofereceu para lhe acompanhar tendo o convite recusado.

Chegando ao seu quarto, ao destrancar a porta ouviu o barulho  de uma explosão, assustou-se, as pessoas começaram a gritar e a correr para saber o que havia acontecido, depois mais uma explosão ocorreu, quando ela chegou na rua perto da casa principal, estava cheio de pessoas e todas assustadas.

-O que aconteceu? - Ouviu uma mulher perguntar a outra que estava ao seu lado. 

-A casa principal e casa do senhor Claus  explodiram.

-O quê? eles estão bem?

-Não faço ideia.

-Céus. - A mulher apoio a  mão em seu peito.

Emily lembrou que das bolas bombas que seu tio havia dado, não sabia onde ele havia encontrado aquilo.

Um guarda aproximou-se da multidão, e outras pessoas carregavam em seus devidos colos as vítimas daquele ataque, um senhor já idoso era carregado por um homem alto e negro de estatura forte, ela deduziu que aquele fosse antes mesmos das pessoas começarem a chamá-lo pelo nome.

-Todos estão mortos? -Perguntou um homem.

-Sim, foi confirmado a morte de oito pessoas, O senhor Claus, sua esposa, sua filha mais nova  e cinco funcionários deles.

Todos se mostraram triste pelo o ocorrido.

-Quem é o culpado? -As pessoas começaram a se revoltar.

Emily não entendeu porque aquelas pessoas  amavam um homem tão cruel.

Louis, o filho mais velho surgiu visivelmente abatido, com uma postura ereta e uma forte convicção, fixou seu olhar no povo.

-Concluo que o objetivo era mesmo matar a minha família, já que apenas dois lugares foi atingido, o local de trabalho de meu pai e nossa casa, Felizmente eu estava na casa da minha noiva, mas, eu não vou deixar isso ficar impune, o assassino será sem dúvidas será punido. 

-Ei. -Uma mulher começou a falar o mais alto que conseguia. -Esta mulher que chegou recentemente . -Apontou para Emily. -Muito estranho isso acontecer depois que ela chegou. -Todos se afastaram, fazendo uma ciclo em volta dela e de Louis. 

-Ela é a culpada. -Gritava a multidão.

Louis se aproximou com os braços para trás.

-Você fez isso? -Diferente de Noel, era um homem louro com cabelo bem aparado e bem penteado,  ela notou algo diferente em seu olhar, ele lembrava Noel em alguns aspectos, tinha os olhos castanhos e um tanto puxados e os lábios como o de seu irmão, bem desenhados, tirando a aparência, ele não tinha mais nada a ver com seu namorado.

Emily não sabia o que dizer, poderia dizer a verdade e ser morta ali mesmo, não acharia tão ruim, o único motivo de querer viver era por causa de sua irmã, mas talvez ela entenderia ou nem sentiria falta se ela morresse.

Então era isto, ela ia contar e então seria o fim de sua vida, depois não sentiria mais nada já que acreditava que os mortos não tem consciência. 

-Eu ...

-Senhor. -Dois guardas chegavam carregando um homem. Os olhos castanhos de Emily se arregalaram quando viu seu tio sendo carregado  pelos guardas, seu rosto estava cheio de sangue, mas um malicioso sorriso se mostrava em seu rosto.  -Ele disse que foi ele que explodiu as bombas. -Pegou um controle pequeno e redondo. -Isso foi o que ele usou. -Mostrou  para todos ali.

"Tio, o que o senhor está fazendo?"  Pensou no mesmo instante, seu tio começou a gargalhar.

-Vocês são mesmo um bando de otários, já ia acusando uma pobre mulher de algo como isso. 

-Por que fez isto? -Louis Claus fez um sinal para que os guardas o trouxesse para perto dele. 

-Por que fiz isso? -Gargalhou mais uma vez, alto e com raiva. -Deixe-me, me apresentar, me Chamo Jaeger Lee, sou o homem que teve tudo tirado de vocês, tiraram meu irmão, meu povo, meu lar e você Louis, era pra está morto, todos vocês eram pra está mortos do mesmo jeito que fizeram com minha casa. 

Louis entendeu do que se tratava, muitos ali entenderam, a multidão ficou calada, Louis sabia de tudo o que o pai havia feito, muitos pensavam que ele era igual, tão cruel quanto, de fato, talvez ele fosse já que todo esse tempo viveu sua vida do modo que seu pai queria.

-Mate-o, não podemos deixar impune. -Disse um e a maioria repetiram.

-Mate, mate, mate, mate, mate, mate, mate, mate, mate, mate.

A maioria estava gritando com suas expressões furiosas, Emily se deu conta de como aquelas pessoas eram hipócritas e cruéis.

A pena para crimes graves naquele vilarejo era a morte, independente da pessoa, era a lei e tinha de ser seguida.

Louis teria de executá-lo naquela mesma hora no meio de todos, não haveria julgamento já que o homem confessou seu crime, ainda mais sendo um tão grave quanto a morte das pessoas mais importantes da cidade.

-Ele matou não só nosso governante , mas pessoas inocentes também. -Disse um.

-Para a guilhotina com ele. -Gritou o outro e a maioria concordaram. 

Levaram para a praça central da cidade onde a guilhotina estava, fazia tempo que alguém não era decapitado ali, mas as pessoas não tinha dó nem piedade de um assassino e issistiam que ele tinha que morrer.

Em frente a todos estava Jaeger acorrentado, Emily olhava para seu tio com desespero sem saber o que fazer, pensou em lutar contra aqueles homens, mas tinha pessoas demais, seria uma tentativa em vão? O olhar de seu tio era de um homem que implorava "Não faça nada" ela conhecia aquele olhar.

Com o coração ficou apertado colocou as mãos sobre ele e  seus olhos cheios de lágrimas o encarou enquanto a expressão dele era de um homem que morreria com honra.

Colocaram sua cabeça na posição e ele encarou sua sobrinha, sabia seu desespero. Ela leu seus lábios quando ele sussurrava suas últimas palavras. Louis deu o sinal para o carrasco cortar a corda que sustentava a lâmina que desceu velozmente o decapitando. 

Emily fechou os olhos com força deixando suas lágrimas caírem enquanto o povo comemorava.

"cruel"  Pensou vendo a multidão comemorar, "agora entendo porque meu pai odiava esse povo"

Suas últimas palavras ela sabia, sempre soube, só não sabia discernir se seu tio era um herói, mas conhecia o homem que ele era e nunca ia esquecer o que ele já havia feito e o que havia dito antes de morrer.

Eu te amo.



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