14. lute por uma tarde inteira - pt. 2

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Desligando o seu celular, coloquei junto do meu.

— As lutas são sorteadas, duram até o outro desistir ou ser nocauteado, e ninguém pode ajudar o lutador, não importa o que aconteça. Tu tem que entender isso, então me promete também que tu não vai me ajudar, não importa o que aconteça comigo.

Estava dizendo aquilo porque não sabia se poderia ganhar ou não, mas repetia dentro de mim que aquilo não era uma opção. Não podia ser uma opção perder, já que eu não podia nocautear ninguém e já tinha desobedecido essa regra antes.

— Sim, certo. — Ela concordou de novo.

— Nós somos quatro lutadores, sendo que o último é revelado só na hora final. A gente não tem controle direito de quantas lutas vamos ter, então essa informação não adianta. Os que perderam durante os treinos podem pedir uma revanche hoje, e a maioria deles adora tentar.

Caminhando na sua volta e indo para o banco. Me acalmei antes de continuar explicando como as coisas aconteciam ali, sabendo que ela ia continuar entendendo a minha história sem eu precisar falar mais nada.

— Os "gordos" são os apostadores. Eles apostam nas lutas e compram as mulheres que ficam andando na volta do ringue. Se eles darem drogas sem pedir, elas pegarem sem pedir, ou as apostas e compras não forem pagas na hora, ninguém vai embora antes de eles se tornarem exemplo do que não fazer.

Passando as mãos nas minhas pernas, senti a bermuda debaixo dos meus dedos e tentei focar naquilo, não em como os braços de Iara estavam cruzados, se cobrindo, e como sua boca meio aberta e os olhos escuros estavam me olhando. Não com pena, mas com raiva. Raiva dos homens que estavam ali, raiva de Alli pelo o que ele tinha transformado a minha vida.

Antes que eu pudesse dizer alguma coisa, com medo demais e idiota por ela, a entrada da tenda se abriu e um dos capangas estava esperando por nós.

Eu acenei para ela, pedindo que ela afirmasse de novo que tudo ia ficar bem.

Queria ter agarrado a sua mão ao saírmos dali, seguindo o cara mandado que tinha nos chamado, mas eu não fiz, e agradeci por pelo menos ela ter ficado do meu lado até nós entrarmos no galpão. O ringue estava armado, e tinham luzes holofotes diretamente no seu meio onde Alli estaria falando em alguns segundos.

Todos os lutadores dos treinos estavam formando uma linha atrás do ringue, esperando as ordens e a hora de falar. Não segui direto até eles, e ia continuar ao lado de Iara para ver onde que ela ia sentar, mas então o idiota virou e colocou a mão na minha frente.

— Só a senhorita para este lado. Lixos podem ir pra lá...

Seu rosto se contorceu ao me chamar de lixo, mexendo a cabeça para onde os lutadores continuavam feito estátuas. Não era mais alto ou mais forte que eu, o que levou ele a ter aquela reação foi pura idiotice.

A vontade que eu tinha era de socar o seu rosto, e o meu punho estava junto e preparado para fazer, mas Iara ficou entre eu e ele, batendo na mão do idiota e sem que ele percebesse, agarrando a minha quando o fez, tremendo.

— Ele pode me seguir sim, só até ele saber que eu vou estar bem e eu não vou quebrar a cara de um de vocês.

O capanga acabou rindo, fingindo achar aquilo engraçado, mas ele sentiu que não era uma ameaça vazia. A voz de Iara não enganava, mesmo que eu tivesse certeza de que ela estava morrendo de medo e nem sabia dar um soco em alguém.

Levantando as duas mãos, ele seguiu e deixou com que eu continuasse acompanhando ela. Na frente de todos os "gordos" que estavam ali, ele mostrou um assento na frente para que ela sentasse. Era perfeito para que eu conseguisse sempre saber onde que ela estava, mas terrível pois do seu lado Alli estaria sentado ao longo de todas lutas.

Boa tarde, Zeus ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora