Um fruto daquela maldita aposta

Capítulo 13: Sofia

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Eu e Heitor adentramos o restaurante e ele falou com a recepcionista, que nos guiou até uma mesa que ficava no segundo andar, bem na janela. Para a minha surpresa, ele havia feito a reserva. A vista daqui de cima é direto para a praia, esse lugar é muito lindo e foi impossível esconder o quão impressionada eu estava.

Recebemos os cardápios e eu dei uma olhada nas entradas, decidindo, então, pedir um coquetel de camarão, assim como Heitor. O garçom se retirou, deixando nós dois sozinhos.

— Então. — Heitor puxou assunto, desviando meu olhar da enorme parede de vidro. — Como você desconfiou da gravidez?

— Na verdade, eu não desconfiei. Estava com uns sintomas meio estranhos durante as férias, mas relevei. Fui ao hospital com a Duda após passar mal na escola, fiz uns exames e, para o meu choque, saiu o resultado positivo do teste de gravidez.

— Qual foi a sua reação?

— Choque. Na hora, sequer acreditei. A ficha só foi cair quando cheguei em casa, então chorei como se fosse um bebê que caiu e ralou o joelho.

— Já pensou em nomes?

— Ainda nem aceitei a gravidez, então não pensei em nada do tipo.

— Entendo, ainda temos tempo. Você fez algum exame de imagem? Sei lá, ultrassom.

— Fiz, na verdade. Não sei se você ia querer ver, então eu trouxe aqui na bolsa.

— Ah, posso ver?

— Pode sim. É recente, então só dá pra ver o saco gestacional. — Avisei e o entreguei o exame, após pegar na minha bolsa.

Ele olhou a imagem, franzindo o cenho, provavelmente sem entender nada. Apontei para o saco gestacional, explicando para ele, que pareceu entender melhor.

— Isso tudo é tão louco, não é? — Falou, após um tempo em silêncio. — Até dois meses atrás, a gente não se suportava. Agora, teremos um filho.

— Sim, e eu continuo não te suportando.

— Sofia, Sofia, vamos erguer bandeira branca ao menos por hoje?

— Tudo bem. — Ergui os braços, me rendendo.

— Certo, você está grávida de mim, mas eu não sei quase nada de ti. Vamos nos conhecer melhor além das barreiras da escola e da nossa inimizade.

— O que quer saber?

— O que estiver disposta a falar.

— Tá, bom, eu me chamo Sofia Bernardi, tenho 17 anos, faço aniversário no dia 26 de abril, ou seja, sou de touro, caso acredite, minha cor favorita é lilás, sou míope, mas vivo esquecendo os meus óculos pela casa, sonho em ser pediatra, mas receio que não será mais possível, minha flor favorita é orquídea, eu nunca tive animais de estimação, apesar do meu pai ter uma clínica veterinária, mas sempre quis um gato, um coelho ou um cachorro, eu amo assistir comédia romântica e ler romances, faço quase tudo ouvindo música, sou viciada em doces, principalmente cocada e beijinho e... É isso. Não sou lá a pessoa mais interessante do mundo.