Capítulo 48

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Francisco seguiu em direção a área médica improvisada pelo grumete, Leonardo Machado no bunker, para socorrer os feridos. Seus passos firmes e fortes ecoavam pelos corredores metálicos que conduziam a uma pequena saleta, com macas e cortinas de divisão.
O lugar estava tão lotado, que os feridos estavam espalhados pelas extensão seguinte dos corredores em macas improvisadas sendo atendidos por ali mesmo, mas com o mesmo zelo.

Os sobreviventes que não lutaram na guerra estavam ajudando da maneira que podiam: nos cuidados com os feridos, levando água e comida para os soldados e sobreviventes da guerra ou na limpeza e reconstrução do abrigo. Uma cena bonita de união e gratidão.

Francisco já tinha recebido o relatório da guerra, a contagem de feridos, infectados e mortos. Lê aquela lista imensa de mortos e identificar seus corpos, alguns mutilados durante a guerra ou até pelos mortos, era uma tarefa difícil para o capitão, pois entre os corpos estavam alguns de seus fuzileiros, amigos fiéis e de longa data, como o 2° Tenente Geraldo Santos e o Cabo Pedro Fonseca, que morreram lutando bravamente na guerra e contra as criaturas.

Entre as vítimas feridas estavam sua esposa, cunhada e outros soldados. Com dor no coração estava indo visitá-los, a situação dos da feridos era estável, logo aquelas macas estariam desocupadas. Já na área de infectados a situação era crítica, aquelas pessoas estavam condenadas e entra elas mais gente querida para o capitão.

Francisco se aproximou lentamente da maca de sua esposa, já sentindo seu coração bater mais forte com a imagem projetada a sua frente.
A ex-policial repousava recebendo soro direto na veia, seus olhos fechados em um descanso tranquilo, seu peito subia e descia lentamente enquanto respirava, seu dorso atado onde recebeu os tiros da UZI de Ísis.
Por sorte os tiros pegaram de raspão, o colete a protegeu bem e em poucas horas estaria de pé, só precisava
descansar.

Ele se sentou lentamente ao lado da maca e tomou a mão de Mônica na sua, naquele momento observando a mulher da sua vida, sempre tão forte e independente naquela condição tão frágil, o deixou abalado.

Mônica era o pilar daquela família e ele sabia disso. Ela protegeu os filhos por quase um ano de caos, sozinha. Ela foi atrás dele, no meio do mar e o trouxe para casa e agora tinha que enfrentar uma perda tão grande.

Francisco secou as lágrimas que escaparam e beijou a mão de sua amada, se desculpando e prometendo que tudo iria ficar bem.
O capitão seguiu até a ala da sua tenente capitã e a flagrou se levantando. Andressa Ramirez estava com seu ombro e barriga enfaixados pelos tiros que recebeu.

— O que pensa que está fazendo?

— Quero vê o Augusto e o Anderson. — falou, direta — Eles foram mordidos, eu já estou sabendo.

Francisco assentiu pesarosamente, mesmo com o tom de afirmação da tenente capitã.

— Andressa, não é o melhor momento. Eu proibi a visita a ala dos infectados. Principalmente de feridos. — falou firmemente recebendo um olhar incrédulo — Não podemos correr o risco de deixar a infeção se espalhar.

— São meus companheiros...

— Eu sei disso. Eles estão sendo fortes. — ele se aproximou da maca de Andressa e a expressão de raiva da fuzileira logo se transformou em preocupação.

— Seus olhos... Estav... — ela não terminou a frase vendo os olhos de Francisco se umidecerem novamente, ela apenas segurou na mão do capitão com ternura. Além de seu capitão, ele também era seu amigo, era família, era irmão do seu marido, era seu cunhado.

Havia conhecido a família de Francisco numa dessas festas de condecorações da marinha e logo foi abordada pelo galante Erik Ferraz, que com a ajuda de seu irmão mais velho, convenceu a loira a dar uma chance ao rapaz e envolve-la na família Ferraz, onde foi muito bem acolhida, por sinal.

Brigada dos Mortos - Sobreviventes em alto marOnde as histórias ganham vida. Descobre agora