Capítulo 19

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Em algum lugar no meio do Oceano atlântico...

O pequeno barco pesqueiro enfrentava uma violenta tempestade, ameaçando virar várias vezes devido as forças das ondas que arremessavam o barco de um lado para o outro durante horas e horas.

A tempestade não cessava, ela durou vários dias arrastando aquele pequeno navio pesqueiro para o nada profundo. Uma semana de tempestade castigou os jovens marinheiros que já estavam sem esperanças de sair vivos daquela situação.

As ondas eram extremamente violentas, atingiam o casco do navio sem dó nem piedade e centenas de vezes ameaçou afundar o navio o jogando de um lado para o outro e o enchendo de água.

O interior do navio não estava lá tão seguro. Os jovens lutavam para se segurar e não ser lançados de um lado para o outro de forma violenta junto com os caixotes que se despedaçavam ao bater com força nas paredes de metal tornando o piso ainda mais escorregadio e facilitando as quedas contra as paredes.

— Se segurem!— gritou Samuel.

Era impossível evitar as quedas bruscas, ali naquele porão existiam poucas pilastras que eles podiam se segurar. E a água invadia o navio pela porta de madeira do pavimento superior. O que se tornou mais um empecilho na hora de se manter firme contra o balanço violento do barco.

Eles se chocavam ora contra os caixotes, ora contra as paredes batendo a cabeça, ombros, costas e causando alguns ferimentos e ás vezes colidiam uns com os outros já sem forças para se segurar.
O tempo parecia nunca passar e a tempestade parecia ser infinita.
Fracos e sem forças eles já não conseguiam se segurar, suas mãos estavam machucadas e cheias de calos, já não aguentavam mais segurar nos ferros escorregadios, e então a colisão entre as paredes e caixotes se tornou inevitável.

Eles foram jogados de um lado para o outro como bonecos até perder a consciência e esperar a morte.

Quando enfim a tempestade cessou, Daniel foi o primeiro a despertar acordou sentindo a calmaria do mar. Sem chacoalhações violentas, sem caixotes caindo de um lado para o outro. Sem sons tempestades violentas.

Apenas a calmaria do mar e como ele gostou daquilo.

— ACABOU! — gritou Daniel se levantando desengonçadamente, ele escorregou algumas vezes até conseguir ficar de pé, por causa do piso molhado e a sua euforia e ignorou todas as suas feridas e dores — A tempestade acabou! — gritou ele correndo até a porta, ele se garrou a corda e puxou rapidamente fazendo descer uma escada para o convés superior. — Acordem!

Os outros despertaram com os gritos de Daniel informando que a maldita tempestade havia chegado ao fim.

Com certa dificuldade todos o seguiram para o pavimento superior do navio percebendo que ainda era noite. O céu que antes estava cobertos por nuvens, raios e trovões agora estava límpido e iluminado por uma gigantesca lua e muitas estrelas.

Os jovens se sentaram no ainda molhado chão e deitaram ali aliviados por perceberem que sobreviveram a pior tempestade de suas vidas tendo como sequelas apenas alguns cortes, galos, esfolheamentos e hematomas.

— Tá todo mundo bem? — perguntou Daniel depois de alguns minutos em silêncio.
Ele olhou para todos reparando já na aparência horrível que todos já estavam.
Pele ressecada, bocas também ressecadas, roupas sujas e ainda molhadas, e então sentiu seu estômago reclamar.

Há quanto tempo eles estava no meio do mar? Quanto tempo a tempestade durou. Ele não tinha a mínima ideia, mas já sabia que foi tempo demais.

— Sim. — responderam todos.

Brigada dos Mortos - Sobreviventes em alto marOnde as histórias ganham vida. Descobre agora