No escritório de Ísis o capitão Ferraz estava ofegante, suas mãos calejadas e machucadas de tanto socar o líder dos esquadrão de mercenários de Ísis.
Já fazia mais de quarenta minutos que ele interrogava o homem que insistia em não dizer nada. Não por lealdade a Ísis ou a seus companheiros, ele só queria mesmo irritar o capitão. Não importava quanta porrada levava.
Franscisco amarrou o homem na cadeira já cansado de espancar o infeliz. Suas mãos já estavam feridas, e quebrar os próprios dedos batendo numa escória não iria servir nem de consolo.
Ele não sabia mais o que fazer, estava quase optando por matar o desgraçado e tentar outro mercenário. Outro mais sensível a dor.
Tudo que sabia foi raciocinando pela lógica, Ísis não estava na mansão.
Então deveria está atrás de Mônica, Marina e as crianças que conseguiram fugir.
O esquadrão aparentemente estava dividido. Pelas câmeras o capitão pode contar que metade deles, seis estavam na mansão e avisou a seus companheiros. Então, era provável que a outra metade estava com Ìsis.Franscisco olhou para o líder dos mercenários, Cruz era o sobrenome que estava na sua identificação.
— Você é o Cruz, ou matou e ficou com o uniforme dele? — perguntou Franscisco com a sua faca já machada do sangue do mercenário. Ele a usara recentemente para perfurar mãos, braços e pernas do homem.
— Matei o Cruz. — respondeu o mercenário com satisfação, enquanto sangue e saliva escapavam pelos cantos dos seus lábios inchados e feridos, seus dentes estavam faltando pelos inúmeros socos que recebeu no rosto, olhos roxos, rosto cortado e completamente inchado por inúmeras golpes — E vou fazer questão de usar o seu uniforme quando te matar, fuzileiro.
Francisco riu brincando com a faca entre os dedos. — Me matar? — ele olhou nos olhos do mercenário e disse bem ríspido — Você não passa de hoje, seu merda.
Um ruído chamou a atenção dos dois homens, um grunhido já bem conhecido por ambos.
Era o primeiro mercenário que Franscisco matou quando invadiu o escritório em meio a tiros. O homem já estava revivendo. Franscisco fitou a criatura se erguendo com dificuldade, seus olhos leitosos e dilatados, a pele acinzentada, o ruído emitido pela criatura. Ao observar a criatura ficar de pé, o capitão teve uma ideia impensável e abriu um sorriso. Era loucura, mas podia funcionar.
Franscisco pegou o facão alfange, de lâmina afiada e curva, aquelas que lembram as espadas dos piratas. Ele havia pegado as armas dos mercenários mais cedo.
O capitão Ferraz avançou e imobilizou a criatura prendendo os seus braços nas costas e o guiou até o líder dos mercenários.
Lembrou-se de Mônica no navio, em como ela transformou aquele homem, aparentemente um muro e considerado imbatível para a tripulação e um ser patético implorando pela vida é para que afastassem ela dele.Claro que a mulher tinha seu próprio estilo. Quando trabalhava na delegacia adorava bancar a policial má ao confrontar seus suspeitos.
Naquele momento, no navio achou que foi um exagero usar a cabeça de zumbi para interrogar o traidor, agora estava compreendo que às vezes era preciso exagerar.
Ainda mais quando se tratava de proteger a sua família.O homem se manteve impassível com a aproximação do capitão e a criatura que um dia foi seu companheiro.
Apesar da postura indiferente os seus olhos denunciavam o medo que estava sentindo. Já havia entendido o que o capitão pretendia.
— Eu não preciso perguntar novamente. — disse Franscisco o encarando e se aproximando mais.
Porém aparentemente o maldito mercenário insistia em fingir indiferença. Talvez pensasse que o capitão não fosse cumprir com a ameaça.
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Brigada dos Mortos - Sobreviventes em alto mar
Mystery / ThrillerQuando os mortos retornam a vida, Mônica se vê sozinha para proteger seus três filhos no início do fim dos tempos. Já que seu marido um fuzileiro naval está fora do país. Mas ao conseguir informações sobre a volta do marido para resgatar a família...