Capítulo 43 - Parte I

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No escritório de Ísis o capitão Ferraz estava ofegante, suas mãos calejadas e machucadas de tanto socar o líder dos esquadrão de mercenários de Ísis.

Já fazia mais de quarenta minutos que ele interrogava o homem que insistia em não dizer nada. Não por lealdade a Ísis ou a seus companheiros, ele só queria mesmo irritar o capitão. Não importava quanta porrada levava.

Franscisco amarrou o homem na cadeira já cansado de espancar o infeliz. Suas mãos já estavam feridas, e quebrar os próprios dedos batendo numa escória não iria servir nem de consolo.
Ele não sabia mais o que fazer, estava quase optando por matar o desgraçado e tentar outro mercenário. Outro mais sensível a dor.
Tudo que sabia foi raciocinando pela lógica, Ísis não estava na mansão.
Então deveria está atrás de Mônica, Marina e as crianças que conseguiram fugir.
O esquadrão aparentemente estava dividido. Pelas câmeras o capitão pode contar que metade deles, seis estavam na mansão e avisou a seus companheiros. Então, era provável que a outra metade estava com Ìsis.

Franscisco olhou para o líder dos mercenários, Cruz era o sobrenome que estava na sua identificação.

— Você é o Cruz, ou matou e ficou com o uniforme dele? — perguntou Franscisco com a sua faca já machada do sangue do mercenário. Ele a usara recentemente para perfurar mãos, braços e pernas do homem.

— Matei o Cruz. — respondeu o mercenário com satisfação, enquanto sangue e saliva escapavam pelos cantos dos seus lábios inchados e feridos, seus dentes estavam faltando pelos inúmeros socos que recebeu no rosto, olhos roxos, rosto cortado e completamente inchado por inúmeras golpes — E vou fazer questão de usar o seu uniforme quando te matar, fuzileiro.

Francisco riu brincando com a faca entre os dedos. — Me matar? — ele olhou nos olhos do mercenário e disse bem ríspido — Você não passa de hoje, seu merda.

Um ruído chamou a atenção dos dois homens, um grunhido já bem conhecido por ambos.

Era o primeiro mercenário que Franscisco matou quando invadiu o escritório em meio a tiros. O homem já estava revivendo. Franscisco fitou a criatura se erguendo com dificuldade, seus olhos leitosos e dilatados, a pele acinzentada, o ruído emitido pela criatura. Ao observar a criatura ficar de pé, o capitão teve uma ideia impensável e abriu um sorriso. Era loucura, mas podia funcionar.

Franscisco pegou o facão alfange, de lâmina afiada e curva, aquelas que lembram as espadas dos piratas. Ele havia pegado as armas dos mercenários mais cedo.

O capitão Ferraz avançou e imobilizou a criatura prendendo os seus braços nas costas e o guiou até o líder dos mercenários.
Lembrou-se de Mônica no navio, em como ela transformou aquele homem, aparentemente um muro e considerado imbatível para a tripulação e um ser patético implorando pela vida é para que afastassem ela dele.

Claro que a mulher tinha seu próprio estilo. Quando trabalhava na delegacia adorava bancar a policial má ao confrontar seus suspeitos.

Naquele momento, no navio achou que foi um exagero usar a cabeça de zumbi para interrogar o traidor, agora estava compreendo que às vezes era preciso exagerar.
Ainda mais quando se tratava de proteger a sua família.

O homem se manteve impassível com a aproximação do capitão e a criatura que um dia foi seu companheiro.

Apesar da postura indiferente os seus olhos denunciavam o medo que estava sentindo. Já havia entendido o que o capitão pretendia.

— Eu não preciso perguntar novamente. — disse Franscisco o encarando e se aproximando mais.

Porém aparentemente o maldito mercenário insistia em fingir indiferença. Talvez pensasse que o capitão não fosse cumprir com a ameaça.

Brigada dos Mortos - Sobreviventes em alto marOnde as histórias ganham vida. Descobre agora