A Saída da Doris

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O Colin se aproxima perigosamente de mim, e eu não me movo, ele não sabe o quanto quero sentir seus lábios nos meus.  O olhar dele muda, fica agora mais caloroso... Para me salvar (ou não) o telefone dele toca.

Saio do meu transe e começo a tomar ciência do quê estava prestes a acontecer. Aí que vergonha!
Ele pega seu celular, e pelo jeito ele não gostou da interrupção do momento.

-Eu preciso ir.

Sem me dar tempo para responder ele sai em direção aos bastidores.
Será que ele me beijaria se o telefone dele não tocasse?
Bom, não importa. Prefiro não pensar muito nisso.
Peço uma cerveja e olho para o palco.
Oque será que deu nessa garota, a tal Dóris? Eu não fiz nada pra ela me tratar assim, mas eu também não ia aceitar ela me destratar só por ela ser quem é.
É mais que evidente que ela gosta do Colin e que ela odeia as tais tietes, mesmo eu não sendo uma delas, ela me tem como uma ameaça, e se ela sente isso, por qual motivo é?
Ela estava com suas pupilas bem dilatadas, e claro que isso não foi efeito do álcool e muito menos do copo de whisky que ela bebeu antes de sair. Ela parece ser problemática, é estranha.
Não que o Colin não seja estranho... Mas que diabos eu estou pensando?
Volto minha atenção para a realidade, dou um gole em minha cerveja e fico olhando para as luzes que estão batendo nos instrumentos, minha imaginação volta a pensar em como seria se eu tocasse em uma banda, na sensação de subir no palco.
Não, não, não, Deus me livre de viver da música, isso não é mais pra mim.
Olho pra bateria e pro contrabaixo que parecem que estão abandonados ali no palco, a espera de alguém para toca-los... Meu olhar cai sobre a guitarra do Colin e meus batimentos aceleram. Que idiota eu sou.
Meus pensamentos voltam ao dia em que ele me encurralou contra a parede, ainda consigo senti-la nas minhas costas, e seus batimentos contra meu peito, sua pele e seus cabelos roçando em mim. Maldição, oque há de errado comigo? Isso parece loucura.
Tomo mais um gole de minha cerveja.
O Colin não parece ser daquele jeito. Pelo menos, ele está sendo diferente das últimas vezes que o vi, ele não é mais grosso e insensível comigo. E eu acho que esse motivo dele estar mudado, é o que está chamando tanto minha atenção.

O Matt finalmente chega, e depois de um tempo o show começa.
Bom, digamos que hoje foi um pouco diferente, apesar de ter estranhado o fato do Colin não ter me encarado dessa vez, digamos que me senti mais...Confortável.

Quando as luzes do palco se apagam, eu e o Matt vamos para o bar, sentamos em um banquinho e pedimos uma bebida.
Os integrantes da banda se instalaram em uma mesa e rapidamente as tietes já estavam os rodeando feito abelhas no mel.
O Colin está brilhando de suor, ele seca seu pescoço com as costas da mão, e eu, por algum motivo que desconheço, tenho vontade de lambe-lo.
Provavelmente eu devo estar vermelha, já que o Matt não para de me olhar de uma maneira estranha. Preciso mudar o foco dos meus pensamentos.
O Matt olha pra mesa e tampa os ouvidos, por causa dos gritos que vem de lá. Ele começa a olhar as garotas que estão perto de nós, e eu preciso cutuca-lo para lembrar que essa noite ele está me fazendo companhia.

De repente meu olhar é atraído novamente para o Colin, e eu me amaldiçoo por olha-lo naquele momento.
Uma garota se sentou em suas penas e grudou a boca dela na dele. O ódio e o ciúme tomam conta de mim na mesma hora. Sei que não temos nada, e me sinto uma idiota por estar sentindo essas coisas, em questão de segundos, a língua dos dois começam uma dança. Eu não posso acreditar no que estou vendo, o Colin está mesmo beijando uma garota, e eu estou me sentindo péssima. Minha vontade é de fugir, mas não posso sair correndo feito uma idiota, não temos nada.
No sofá ao lado, a Dóris levanta com os olhos cheios de ódio e aponta o dedo na direção do Colin. Nunca pensei que fosse pensar isso, mas vai lá Dóris, dessa vez estou do seu lado.

-Ja chega dessa merda, eu não sou obrigada a fazer música para isso. Isso aqui não é bordel pra você ficar aí com essas cadelas no cio.

O Colin olha pra ela cheio de ódio.

-Eu estou cansada de tocar nessa droga de lugar, eu não faço música para isso.

O Adam a olha com espanto e o Colin força a garota a sair de seus joelhos.

-Calma Dóris, não se esqueça que é graças a elas que estamos aonde estamos.

-Eu não me importo, eu não estou nem aí pra essas piranhas!

O Colin se levanta e fica de frente para a Dóris, a cada segundo que passa sua cara fica mais distorcida pela raiva.
Eu me sinto incomoda como a Dóris, e isso me faz ter medo.

-Ja chega!

A voz do Colin é calma, mas a raiva está muito presente em seus músculos, eu me sinto conectada a seu corpo, isso é estranho, eu e ele não temos nenhum tipo de proximidade e eu posso me sentir conectada a ele. Sinto um frio em minha barriga, sinto suas veias sobressaltando seus músculos, a tensão em seus ombros, não sei oque me liga a ele, mas está presente ali, e isso me corta como uma faca.

-Nós vamos abrir o show de Spin Hot em breve, e você sabe disso. É uma oportunidade incrível, então pare de se comportar como criança, porra!

Eu deveria intervir e pedir ao Colin para pegar mais leve com ela, afinal, eu posso entende-la. Mas eu fico quieta no meu lugar, me ocupando somente de respirar, o clima está muito tenso.

-Você não entende! Que saber, vá se fuder Colin! eu já tive o suficiente dessa porcaria. Não conte comigo.

Ela mostra o dedo e vira indo embora,  deixando o Colin a assistir saindo. A aparência dele é tão sombria que até os fãs continuam a distância.

Is it love? ColinOnde as histórias ganham vida. Descobre agora