Alice e o Chapeleiro 2 (Em Revisão)

O Acampamento Encantado

Alissa e Trevor andavam depressa pela floresta, e às vezes se abaixavam para passar por árvores de galhos muito baixos.
A Lebre ia dando seus pulinhos na frente, e resmungava algo como, " ... Não gosto da escuridão... ela já vai chegar e.."
Não pense que Alissa não tentou falar com ela, mas a Lebre a ignorava completamente, indo em frente cada vez mais rápido.

- Devagar! - Alissa exclamou exausta e enroscada em um galho de árvore que estava na altura de sua cintura.

- Chegamos! - A Lebre respondeu e riu de si mesma, feliz por ter conseguido encontrar o Acampamento Encantado.

Trevor ajudou Alissa a pular aquele galho, e ambos se viraram para ver o acampamento.
O que se seguiu dali foi um suspiro de Trevor e a tentativa de segurar uma Alissa raivosa que tentava pegar a Lebre a qualquer custo.

- Não há nada aqui! Você é maluca?! Ah, Lebre! Venha aqui!

Realmente não havia um acampamento ali, e sim uma grande árvore no meio de uma clareira.
A Lebre apontava para árvore e ria, e depois foi até ela e bateu em seu tronco.
Trevor e Alissa se afastaram quando os galhos da enorme árvore se mexeram, e os dois ficaram perplexos quando algumas raízes saíram da terra, abrindo caminho para algum lugar lá embaixo.

- Eu disse! - A Lebre apontava para aquele buraco. - Disse que sabia aonde era! Vamos lá! Não podemos nos demorar aqui em cima!

Antes que eles pudessem segurá-la, a Lebre pulou dentro do buraco e sumiu.

Trevor voltou seu olhar para Alissa, e parecia muito duvidoso em seguir a Lebre.

- Você já percebeu que ela é meio doida, não é? - Ele questionou.

Alissa sorriu e segurou a mão dele.

- Nós estamos conversando com uma Lebre, uma Lagarta e um Gato. Menos loucos que a ela nós não poderíamos ser.

Alissa pulou no buraco sem pensar duas vezes e gargalhou quando sentiu que deslizava por um túnel que mais parecia um escorregador.
Seus olhos brilharam de felicidade quando ouviu a risada de Trevor logo atrás de si.
Ambos não viam nada, pois a escuridão era como uma nuvem que cobria seus olhos, mas eles não demoraram a ver uma luz surgindo lá no final.

- Estamos chegando! - Alissa estendeu os braços para frente, temerosa por se machucar.

Trevor a alcançou e envolveu seu braço direito na cintura dela, e com a mão livre reduziu a velocidade, segurando as paredes de terra do túnel.
Quando eles pararam de deslizar, Alissa se permitiu fechar os olhos e se recostar no corpo de Trevor, se sentindo acolhida.
Ele aproveitou este momento para envolvê-la com o seu outro braço, e a abraçou com carinho.

- Eu senti tanto a sua falta. - As palavras saíram dos lábios de Alissa sem que ela pudesse controlar.

Trevor ia responder à ela, mas duas mãos puxaram os pés de Alissa para fora do túnel, e ele foi atrás, enlouquecido de raiva.

- Pare!

Ele ouviu a voz de uma garota, e quando saiu do túnel viu uma cena esquisita.
Wendy, a garota que ele salvou anteriormente, havia acabado de gritar para que Peter, que apontava sua espada para Alissa, a soltasse.

- Se afaste dela! - Trevor ergueu a Espada Real para ele tremendo de raiva. - Como se atreve a apontar sua espada para uma dama?!

Ele puxou Alissa para trás de si, e se manteve firme ao encarar Peter.
Então Peter olhou de Trevor para Alissa, e sua expressão desafiadora se esvaiu.

- Ah, agora me lembro de vocês. - Ele guardou sua espada e deu as costas à ambos, indo se sentar um trono de raízes secas. - Vejam bem, eu não gosto de invasores. Minha atitude é totalmente justificada.

Trevor e Alissa olharam em volta e só então se deram conta do quanto aquele lugar era espaçoso.
Alguns meninos vestidos com peles de animais estavam de pé, aqui e ali, montando guarda, e alguns seres, fadas e lagartas que conversavam entre si, se espalhavam por todo o lugar.
Alissa direcionou seu olhar à uma garota bonita de cabelos amendoados que não desviava o olhar de onde Trevor estava. Ela não gostou de ver os olhos brilhantes daquela garota admirando o Trevor.
Porque de fato, a jovem Wendy sequer notava os outros ali, apenas Trevor parecia lhe importar.

- E você, quem é? - Alissa perguntou e finalmente a garota se direcionou à ela.

- Sou Wendy. - Ela sorriu lindamente para Alissa e lhe fez uma reverência.

- Por que você estava olhando para o Trevor? - Alissa foi direta. - Qual é o seu interesse nele? - Alissa foi bem direta.

Wendy desfez o sorriso e voltou olhar Trevor, que agora conversava com a Lebre.

- Ele me salvou, apenas isso. Desculpe, não sei o seu nome.

- Alissa. - Ela assentiu uma vez, e ergueu seu queixo, orgulhosa e intrigada. - Serei a Rainha deste mundo.

Wendy se afastou dela, indo até Peter.

- Este é Peter Pan. - Ela os apresentou e Peter sorriu para Alissa. - Ele é o meu...

- Nós já nos conhecemos. - Ele interrompeu Wendy, ainda mirando Alissa. - Não é mesmo, Alissa?

Alissa assentiu e sorriu.

- Sim, mas você não esperou a Wendy terminar de falar. Você não sabe que é falta de educação interromper as pessoas enquanto elas estão falando?

Peter corou de imediato e baixou sua vista, incomodado por ser chamado atenção.
Wendy riu nervosamente, tentando amenizar a situação.

- Alissa. - Trevor a chamou e ela foi até ele. - A Lebre tem pressa para falar conosco.

Alissa encarou a Lebre que parecia animada, olhando para todos os lados.

- Então vamos conversar, Lebre. Preciso saber de tudo o que você sabe.

- Vou contar! - A Lebre riu, dando pancadinhas na cabeça em seguida.

- Então conte! - Trevor insistiu.

A Lebre arregalou seus olhos para ele, assentiu e estendeu a pata direita.

- 1, 2, 3...

- Lebre! - Alissa bateu o pé. - Contar a história! Você precisa nos contar a história!

- Ah, claro. - A Lebre riu mais ainda. - Mas vocês viram que eu sei contar?! É que eu sou muito esperta! A inteligência me preenche e...

- Ah... - Trevor sentou no chão. - Isto vai demorar.