País das Maravilhas

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-País das Maravilhas? - Trevor franziu o cenho para ela, confuso.

- Meu pai diz que nasceu no País das Maravilhas, lembra? - Ela tentou fazê-lo se lembrar.

Trevor assentiu.

- Sim mas o seu pai é... - Ele se calou ao ver a bobagem que ia dizer.

Alissa gesticulou com as mãos para todos os lados.

- Louco? Isto aqui lhe parece loucura, Trevor?! Está bem aqui, na nossa frente. Este lugar existe de verdade!

- Hei! - Ele falou para um vulto que passou nas costas de Alissa, por detrás dos arbustos de algodão doce.

- Olá! - Um garoto falou.

- Como vão?! - O outro disse à eles.

Alissa arqueou as sobrancelhas ao ver um par de gêmeos, jovens e de cabelos negros e lisos. Suas roupas eram idênticas, com camisas listradas em preto e branco, e calças negras.

- Não pergunte como eles vão! - O primeiro falou, repreendendo o irmão gêmeo. - Não é evidente que seja lá para onde forem, eles vão com as pernas?

- Sim, é verdade. - O segundo bateu na testa, como se só então tivesse se dado conta de ter dito uma bobagem imensa. - Mas não podemos esquecer dos pés, eles são de extrema importância.

- Absolutamente. - O outro concordou.
- Quem são vocês? - Trevor perguntou, ainda segurando a mão de Alissa, que tinha curiosidade no olhar.

- Chapeleiro! - Ambos exclamaram ao olhar para Alissa com mais atenção.

Alissa engoliu em seco, e deu um passo à frente.

- Eu não sou o Chapeleiro, mas...

- O que está fazendo com os olhos dele? - Um deles perguntou, perplexo ao encarar Alissa.

- Esses são os meus olhos. - Alissa franziu o cenho. - Mas o Chapeleiro...

- Ah, ele se foi. - O outro falou.

Alissa bufou e apontou para os dois, falando em um tom repreensivo.

- Nunca lhe disseram que é falta de educação interromper as pessoas enquanto elas estão falando?

Os gêmeos baixaram suas vistas e fizeram bico, como se tivessem levado uma grande bronca.

- Autoritária igual a mãe? - Um perguntou para o outro, ainda magoado.

- Vimos que sim. - O outro respondeu.

Alissa deixou o queixo cair com a surpresa. Ela ouviu uma risadinha ao seu lado, e Trevor pigarreou, voltando a ficar sério.

- Minha mãe não é autoritária. - Alissa ergueu o queixo. - Só vocês não conhecendo a bondade de minha mãe, para falarem dela dessa forma.

Os dois começaram a rir desenfreadamente e saíram correndo.

- Vamos ouvir o conselho de Aragon!

- Esperem! - Alissa exclamou, mas eles seguiram em frente. - Vamos lá, Trevor! Não podemos perdê-los de vista!

Alissa e Trevor seguiram os gêmeos pelo jardim, e pararam ao encontrá-los diante de uma gigante flor amarela.
Eles se aproximaram para ver uma velha lagarta fumando e soltando baforadas.

- Alissa. - A lagarta falou e Alissa paralisou, conseguindo ficar mais surpresa do que nunca. - Por que demorou tanto?

- Como? - Alissa piscou várias vezes, tentando se recompor do susto de ver uma lagarta falando.

- Uma lagarta falante. - Trevor apontou seu dedo para tocar em Aragon, mas ela apontou seu tabaco para ele, fazendo com que queimasse o dedo. - Ai...

- Que garoto burro. - Aragon voltou a fumar despreocupadamente.

- Eu não sou burro! - Trevor arqueou as sobrancelhas, impressionado com a ousadia do lagarta. - Sou o primeiro da turma e muito querido pelas freiras. Ora, estou discutindo com uma lagarta fumante, devo ser mesmo um estúpido.

- Sou uma borboleta. - Aragon respondeu com paciência.

- Não. - Trevor prendeu uma risada. - Você definitivamente não é uma borboleta. Você é uma lagarta.

- Sou uma borboleta. - Aragon insistiu, lançando um olhar preguiçoso à Trevor. - Está no meu interior, mas ainda assim, está em mim. Não importa o tempo, garoto burro. Eu sou sim uma borboleta. Você consegue compreender o que digo?

Trevor bufou ao ser novamente ofendido, e mais ainda ao ver os gêmeos se contorcendo para não rir.

- Certo. - Alissa suspirou. - Não podemos duvidar de nada neste lugar. Tudo bem, entendi. Mas, como você sabe o meu nome?

Aragon se remexeu, deixou seu tabaco de lado, e depois de alguns segundos de reflexão e suspense, ele falou.

- Sabendo.

Os gêmeos deram risadinhas e Alissa ameaçou avançar neles, que se encolheram.

- Ora, diga lá! - Alissa se voltou contra Aragon. - Deixe de gracinhas e fale logo como...

- Cale-se. - Aragon a interrompeu e Alissa ficou vermelha de raiva.

- Mas...

- Cale-se pois é chegada a hora do conselho. - Ele insistiu.

Alissa fechou os punhos e se calou, e Trevor ouvia tudo com tédio na face.

Aragon se aprumou no mesmo lugar e falou.

- E o conselho é este: Se você quer ser bom, você será mal. Porque se você quer ser alguma coisa, de fato, esta coisa já não é. E originalmente não sendo, você é uma farsa. - Aragon voltou a fumar despreocupadamente e bocejou. - Fim do conselho, já podem ir embora.

Alissa e Trevor negaram com a cabeça ao mesmo tempo, não conseguindo lidar com Aragon.

Alice e o Chapeleiro 2 (Em Revisão)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora