Largando a minha mochila na entrada, peguei um dos bancos do balcão e levei ele até onde ela estava sentada. Seus olhos foram diretos para as juntas das minhas mãos, tentando encontrar algum sangue e encontrando eles limpos. Parecia que tinha voltado a respirar assim que viu.
— Tu sumistes, pensei que tinhas desistido de me levar para ver tua luta. — Ela disse, colocando um dos pés em cima da cadeira. Suas unhas estavam pintadas de alguma cor clara, as barras da calça estavam dobradas e ela tinha um tipo de tornozeleira com um pingente.
Ignorando o que ela falou, mudei o assunto. — Quem te deu isso aí? — Perguntei e apontei para a decoração do seu tornozelo.
Soltando uma única risada cheia de ar e nem parecer rir daquilo, Iara tirou a corrente dela e se levantou, de pés no chão. Vindo até mim, precisou dar só alguns passos, e eu já senti como o ar estava todo com o perfume dela.
— É um lápis. Minha mãe me deu quando ela viu que eu tinha começado a escrever. Foi bem interessante, achei que ela não ia gostar tanto a ponto de me dar um presente.
— Não? — Perguntei, pegando o pingente da mão dela. Ela ficou me examinando enquanto eu examinava a tornozeleira, com olhos grandes. Estava perto de mim, e tinha cruzados os braços de novo, mas dessa vez acho que era porque não sabia onde colocar eles.
— Não... Eu comecei a escrever porque me sentia depressiva, e escrever me ajudava. Escrever sobre o quão depressiva eu me sentia, como meu cérebro era uma massa preta e que nada me fazia sentir algo.... Me ajudava a sentir.
Ela parou por um tempo, e mesmo que eu soubesse o quanto ela ia falar e o quanto aquilo ia fazer eu querer conversar também, acenei para ela continuar.
Engolindo seco, ela acenou de volta. — Eu sentia que ninguém estava me escutando, aí eu escrevia, e quando a internet começou coloquei tudo num blog. Comecei a criar teorias sobre a minha tristeza e sobre algumas outras coisas, e então alguns contos pensando nas minhas primas pequenas e outras coisas. Jordana, minha editora e agente, me achou e perguntou se eu tinha interesse em publicar. Eu era de menor, então falei pra minha mãe...
Ela encarava o pingente, e depois de algum tempo encostou o ombro com o meu, apoiando a cabeça dela em mim e olhando para ele na minha mão.
— Ela não sabia o que estava acontecendo comigo, e quando ela deu esse pingente pra mim disse que era uma forma de me avisar que, ela ia tentar de tudo pra me ajudar, no que fosse, mas que a minha melhor amiga sempre ia ser a escrita e as palavras.
— Mas o que aconteceu contigo? — Perguntei quando ela parou e não falou mais nada.
Se levantando de mim, Iara abriu um sorriso leve ao olhar para mim. Tinha que começar a me acostumar de verdade com ela assim, tão aberta a conversar. Tinha que me lembrar de perguntar sobre o que ela tinha que me contar, também.
— Quer comer algo? Eu vou responder, só estou questionando porque eu estou com fome. Esqueci de almoçar hoje.
Eu levantei os ombros e fiz como se qualquer coisa fosse me agradar. E realmente ia, estava com fome. E estava impressionado como ela esquecia de almoçar, ela bem diferente de Aquiles, que pedia comida a cada hora.
— Comer não é uma má ideia. — Falei rindo e seguindo ela até a cozinha, levando de volta o banco.
— Qual tua comida favorita? — Perguntou. O modo como ela disse "comida" dava a entender que ela não ia aceitar caso eu respondesse que amava doces. Ela já tinha anotado isso.
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Boa tarde, Zeus ✓
العاطفية" - "Entenda os seus medos, mas jamais deixe que eles sufoquem os seus sonhos." - O que isso têm a ver com o que eu estou falando? " Iara sabia discernir o que era realidade e ficção. Zeus tinha duas prioridades: vencer e sair de Porto Alegre...
12. lute para ser só isso
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