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Rael Fernandes:

Pois é, eu estava muito encrencado e o pior, não queria vê tão cedo a cara do meu pai. Sabia que ele ia me da mais de um dos seus sermões, por ter levado a baixinha pra uma resenha na zona norte do Rio. Meu pai, na verdade minha família, escondiam muitas coisas da minha irmã, e uma delas era o seu, digamos "trabalho", como ele chama. Taila ia descobrir mais cedo ou mais tarde a verdadeira realidade sobre nosso pai e a família.  Eu realmente espero que ela não se decepcione com tudo. A primeira coisa sobre, é que sim, eu sou filho e braço direito de um dos maiores traficantes da Rocinha. E também faço parte de uma facção, juntamente com meu pai. Chefiamos todo o tráfico e contrabando de armas da rocinha.  Meu pai e eu, como não somos bestas, resolvemos lavar o dinheiro; isso mesmo, compramos imóveis e várias outras coisas com o dinheiro, pondo tudo sempre no nome da minha vó e da Taila, já que nós três; isso mesmo, eu, meu pai e minha tia ou os irmãos metralha, como são conhecidos na facção. Meu pai exigiu que eu me formasse em administração de empresas para pôr uma no meu nome se caso algum dia o mesmo cai-se, mas isso eu realmente não quero pensar agora. Quando dou por mim vejo minha tia me olhando com uma cara nada muito boa, olho a mesma de volta, que está no radinho falando com o Catatau.

Cátia: RL, tu deveria saber a que horas iria sair a mercadoria. A olho com mínimo de paciência possível, aqui não a chamava de tia, o respeito e a amizade entre nós era apenas em casa. Aqui ela era minha chefe, e eu a obedecia, lhe prestava contas em tudo.

RL: Po, Cátia, ficou de sair às seis horas, já são quase onze, essa porra só vai chegar aqui a meia noite e eu realmente não vou esperar junto com o Catatau, eu tenho uma frente pra fazer com o Zé. 

Pois é, aqui nos tratávamos assim, eu também não o chamava de pai. I saindo da biqueira e assim que descia o morro parava em uma das escadarias, via a mulecada brincando bem na rua onde eu morei com minha mãe, suspirava pesado e logo me levantava pegando um cigarro; fumando o mesmo em seguida, ia andando até em casa, sim, eu morava na Rocinha, não pretendia ir pro asfalto nunca, até porque, só quem morava lá eram as mulheres da família, mas isso logo ia mudar, assim que a Taila fizesse os seus benditos 18 anos. Passo a mão nos cabelos e quando dou por mim já estou passando pela entrada de casa, onde alguns vapores e seguranças fazem a guarda. Entro em casa, me deparando com o Catatau. Pois é, eu e o filho da puta do Cauã moramos juntos, o observo sentando, vendo o jogo do flamengo e logo encosto em um dos sofá.

RL: E ai, viado, os carregamento como que tá? Tu palmiou tudo? O olho em seguida e percebo que ele não tá nada bem, parece que vai ser uma noite longa. Suspiro confuso e me levanto. Precisa me dizer nada não, Cauã. Saio da sala vuado e vou pro meu quarto. 

Entre a Razão e o Ódio.Where stories live. Discover now