Cailin |02

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Os normais, eles me fazem sentir medo.
Os malucos, eles me fazem sentir sã.

Mad Hatter – Melanie Martinez

CAILIN [02]

[ Narrador: on ]

Lentas nuvens no céu azul com um toque forte do brilho do sol era o suficiente para chamar a atenção da menina de cabelos claros que segurava uma xícara de café e se sentia em paz por essas simples coisas. Simples coisas que faziam uma grande diferença na vida chuvosa e fria da menina. Simples coisas que não eram tão "simples" para ela.

Ela sabia que não poderia ficar ali por muito tempo. Ela tinha feito uma escolha.

As escolham sempre caem em nossas mãos. Basta escolhermos as certas, o que não acontece para quem recebe uma ajuda do azar em vez da sorte. Cailin era uma dessas pessoas. Mas pela primeira vez, ela sentia que tinha feito a escolha certa. A escolha que daria um futuro bom para si, já que se tratava de algo que ela amava.

Ela escolheu a psiquiatria.

Uma especialidade da Medicina que tinha chamado a atenção da menina. Seu pai não apoiava essa decisão, o que dificultou sua vida inteira. Seu ex-namorado também. Agora ela entendia como o prefixo "ex" era importante.

— Tem certeza que quer ir? — sua mãe pergunta, chamando a atenção da garota que hesitava em se virar para trás e olhar a mais velha. Sua mãe foi a única que a apoiou, mesmo sendo difícil ver a filha arrumando as malas para viajar para outro país a fim de seguir seu sonho.

— Sim, essa é uma...

— Oportunidade única. — sua mãe completa, arrancando um sorriso da filha. — Vou sentir sua falta. — ela diz e se aproxima da mais nova, acariciando o cabelo dela. Cailin abre um sorriso vendo a semelhança que tinha com sua mãe. Fisicamente e emocionalmente. Como por exemplo a incrível facilidade de demonstrar amor. Em certas situações essa facilidade não era tão incrível assim.

Demonstrar amor facilmente para a pessoa errada, era um grande erro. Ela tinha aprendido da pior maneira possível, e jurou pra si mesma que não o cometeria mais.

— Vamos lá, vou te dar uma carona até o aeroporto. — a mais velha diz, se afastando da filha. Cailin assente com a cabeça e lava sua xícara que já estava vazia.

— O papai não vai? — ela sussurra, deixando claro em como aquelas palavras a machucavam, assim como as palavras de desamparo dele mais cedo. Sua mãe suspira e cruza os braços.

— Não, sabe como ele é orgulhoso.

Cailin abre um sorriso fraco repetindo diversas vezes em sua cabeça que isso não a faria voltar atrás. Ir para a Coreia do Sul trabalhar em um hospital psiquiátrico era finalmente sua chance de recomeçar a vida.

— Tudo bem, mãe. — mentiu.

— Se você acha que está tudo bem a pessoa do seu próprio sangue não te apoiar... — sua mãe dizia com a indignação presente, mas foi interrompida por Cailin. Ela já sabia disso e o quanto isso era errado. Mas implorar para que alguém esteja ao seu lado era tão errado quanto.

— Ele sabe o que está fazendo e se ele se sente bem assim... eu não posso interferir, assim como ele não interfere mais na minha vida. — mentiu mais uma vez. Ela gostaria que aquilo fosse verdade ou conseguir acreditar no que tinha dito.

Pyromaniac [myg]Wo Geschichten leben. Entdecke jetzt