capitulo 74 : "Anna"

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Ele me girou e eu ri quando me puxou de volta.

- ursinha, eu tenho que dizer, essas suas tatuagens novas ficaram lindas em você. - ele disse e eu ri.

- obrigada. - respondi e ele fechou a cara.

- mas quero que fale comigo antes e converse comigo e com a sua mãe. - falou e eu bufei.

- eu falei com a mamãe. - disse e ele riu irônico.

- e eu ? Eu também sou seu pai. - ele brigou e eu sorri.

- mas ficou maneira, né ? - perguntei baixinho e ele riu.

- tal pai tal filha. - ele disse mostrando a tatuagem de cobra que iniciava no ombro e terminava no pulso. Rimos e continuamos a dançar.

- você ama a mamãe ? - perguntei e ele sorriu me olhando

- amo, mais do que a mim mesmo. - ele respondeu orgulhoso. Sorri fraco.

- e já comenteram erros um com o outro ? Erros quase imperdoáveis ? - perguntei e ele sorriu e olhou pra cima como se pensasse na resposta. Continuávamos dançando no ritmo da musica.

- ahn, somos casados a mais de vinte anos e nesses mais de vinte anos erros aconteceram. Erros que eu me arrependo e que ela se arrepende. Mas eu não me arrependo de ter insistido e ela me diz todas as noites que também não. Eu fiz coisas erradas e ela também, mas quando você ama alguém, erros são o que menos importam mesmo que muitos deles doam em ambos. Se o amor é forte o suficiente, você vai romper essa barreira e vai estar do lado dela. Mas você tem que aprender com isso. Aprender de verdade. Ou a sua segunda chance começa a se dividir em partes e cada uma dessas partes forma um coração partido. - eu assenti e sorri fraco.

- eu vejo como o amor de vocês é grande. Eu queria que um dia eu tivesse alguém pra dividir um amor assim. - falei e ele sorriu.

- você vai ter. - ele suspirou. - lembre que quando um amor forte se abala, ele não tão forte assim. Mas quando um amor forte se abala e continua intacto, esse amor deve ser conservado. - ele contou e eu sorri assentindo. A música acabou e eu o abracei pela cintura.

- eu te amo, papai. - eu disse e olhei pra cima pra ver seu olhar surpreso. É raro quando falo isso sem ser de brincadeira. Ele sorriu largo e me deu um beijo na testa antes de voltar a me abraçar.

- eu também te amo, ursinha. - falou apenas e eu o abracei com mais força. Ele era meu pai e Pamela era minha mãe. Guilherme e Marília eram aqueles que um dia foram esses. Mas quando desistiram de me procurar e saíram do país sem olhar pra trás, perderam nove dos dez pontos que tinham comigo. E vai demorar pra conseguir recuperar.

- agora é minha vez. - ouvi e olhei pro lado encontrando Luke. Meu pai riu e fez reverência antes de ir até alguns investidores que conversavam entre si. Luke segurou minha mão e minha cintura e eu coloquei os pés sobre os seus como fazíamos quando éramos crianças pra poder ficar um pouco mais alta. Mas minha cabeça ainda encostava no seu queixo mesmo depois de anos. Ele riu e eu segurei seu ombro enquanto ele me guiava na dança.

- a mamãe começou a arrastar o Kaio pra conhecer as pessoas. - ele disse e eu ri vendo minha mãe puxando Kaio que a seguia aos tropeços tentando equilibrar a sua bebida.

- vou sentir saudade dessas festas. - falei e ele riu.

- vamos continuar frequentando. Lembra que nossos pais também são investidores e financiadores dos empréstimos. Ai, odeio isso. Não sei como pode querer ser parte disso um dia. - ele disse e eu ri.

- eu gosto e sempre gostei de criminalogia. Mas eu conversei meio indiretamente com Enzo, o pai do Julio e ex-sócio dos nossos pais. Ele me disse que eu seria uma ótima advogada, mas me qualifico melhor em investigação e dedução. Acho que talvez esteja certo e eu possa me formar nisso. Trabalhar com investigação de homicídios, consultoria e ciência e psiquiatria forense. Quem sabe ser uma policial civil ou chefe do departamento de homicídios em uma delegacia. - dei de ombros e ele sorriu largo. - o que ? - perguntei confusa, também sorrindo.

O Idiota Do Amigo Do Meu IrmãoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora