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[revisado]

L e t í c i a 

Estava organizando minhas coisas do quarto, vendo o que eu iria levar e o que ia para doação, quando meu irmão entro no quarto correndo.

- Ele sofreu um acidente. - meu coração disparou. - o Gustavo. - meu coração parou de bater.

- O que aconteceu, ele está bem?

- Ele está bem, mas o Scott. - engoli em seco. - ele.. - meu irmão respirou fundo. - ele morreu na hora.

- Meu Deus. - me sentei na beirada da cama.

Meu peito doía, Scott era um menino de ouro, sempre muito animado e nunca ficava quieto, era uma pessoa tremendamente importante na vida de todos.

- Quando isso aconteceu?

- Ontem a noite, o funeral foi hoje de manhã.

- Eu tenho que ver ele. - eu disse jogando minhas roupas na mala.

- Eu vou com você. - ele saiu do quarto.

Mesmo que eu não esteja falando com Gustavo, eu não posso deixar ele sozinho agora, talvez ele nem queira me ver, mas eu preciso ir.

×

A cada minuto que passava, meu coração acelerava, parecia que ele ia saltar do peito a qualquer momento. O táxi tinha acabado de estacionar em frente a nossa antiga casa. Deixamos nossas coisas e fomos para a casa ao lado. Assim que bati os olhos em Gustavo, engoli em seco e o encarei.

- Fico feliz que veio, é bom ver vocês. - Luísa disse.

- Meus pêsames, Luísa, eu sinto muito. - a abracei.

- Obrigada, querida. - ela me beijou. - muito gentil você ter vindo, vai lá, ele está precisando de você. - sorri.

Seu rosto não tinha nenhuma expressão, mas ao mesmo tempo estava cheia delas, seu olhar estava vazio e perdido, junto com o rosto um pouco inchado e os olhos vermelhos.

- Oi, eu só.. - ele me encarou. - eu sinto muito. - ele soreiu fraco.

- Obrigado por vir. - ele disse baixo e me abraçou.

Passei a mão em suas costas e pude ouvir ele soluçar, beijei seu pescoço e deixei que ele chorasse em meus braços.

- Está tudo bem, eu estou aqui. - fechei os olhos.

×

Gustavo dormiu agarrado em mim, estava com medo de levantar e o acorsar, o mesmo parecia estar tão tranquilo, queria que ele continuasse assim. Ouvi a porta da frente e Luísa apareceu.

- Olá. - sorri. - você foi a única que conseguiu fazer ele dormir.

- Como assim?

- Ele não dorme direito desde.. - ela parou. - do término de vocês. - respirei fundo e observei aquele projeto de homem dormindo tranquilo na minha perna e acariciei seus cabelos. - vou preparar um lanche, você deve estar com fome.

- Sim, obrigada. - ela saiu da sala.

Fiquei observando ele dormir, ele sorria de vez em quando, murmurava algumas coisas e se aconchegada ainda mais em mim.

- Por que é tão difícil te esquecer garoto? - acariciei seus cabelos. - é tao difícil ficar com você, mas também é difivil ficar sem. - sorri. - Eu não te contei, porque isso é bem recente, mas eu vou fazer medicina veterinária. - ele sorriu. - você está acordado?

- Não. - ele riu.

- Besta. - ele me encarou. - o que foi? - ele levantou.

- Eu quero te pedir desculpas, por tudo. - ele acariciou meu rosto. - eu estava com muita raiva, se eu ficasse acho que eu matava aquele moleque. - eu ri.

- Eu é que te peço desculpas.

- Mas você não fez nada, eu que fui embora sem ao menos te escutar direito.

- Tudo bem, nós dois erramos. - ele assentiu.

- Já sabe pra onde vai, qual faculdade? - ele mudou de assunto.

- Tenho quase certeza que vai ser Londres. - ele sorriu fraco. - mas e você, quando vai pra Boston? - ele abaixou a cabeça.

- Eu não sei se devo ir.

- Claro que deve ir, você não pode jogar uma oportunidade dessas no lixo.

- Eu acabei de perder meu irmão, não quero deixar a minha mãe.

- Gustavo, você mesmo uma vez já me disse que a vida anda pra frente. - ele abaixou a cabeça. - eu sei que é difícil perder alguém, mas você acha que o Scott gostaria de ver você assim, deixando a faculdade por causa dele? - ele negou com a cabeça, eu coloquei as mãos em suas bochechas e o fiz olhar pra mim. - eu sei que dói, mas você tem que pensar o que ele diria se estivesse aqui e visse você desistir desse jeito. - o mesmo sorriu de lado.

- Ele provavelmente ia querer me bater. - sorri. - eu vou sentir tanto a falta dele. - o abracei.

- Eu sei que vai.

- Desculpa atrapalhar o casal. - meu irmão apareceu. - sua mãe tá chamando pra comer. - ele me encarou. - ou você quer ficar aí, e ver se consegue comer a minha ir.. - o interrompi.

- Vamos comer gente, estou com uma fome.

Lucas nunca perde uma oportunidade de falar besteira. Eles riram e logo vieram atrás de mim.

- Tem um bolo de chocolate, muito bom, quer Gustavo?

- Na verdade, eu estou sem fo.. - o interrompi.

- Claro que ele quer, pode botar até dois pedaços. - ele me encarou. - vai comer sim. - sussurre pra ele.

×

- Toma, você vai se sentir melhor. - entreguei o comprimido pra ele.

O mesmo engoliu junto com a água, deixou o copo sobre a mesa e deitou no sofá. Gustavo estava com febre e sonolento.

- Você está sempre cuidando de mim né. - ele me encarou. - volta pra mim, Letícia?

- É complicado, Gustavo. - engoli em seco. Eu estava doida pra dizer que sim. - vamos para lugares diferentes, com pessoas diferentes, não vamos nos ver por alguns anos. - ele abaixou o olhar. - mas nem por isso a gente precisa desistir, eu te amo, e se tiver que acontecer, vai acontecer. - ele sorriu.

- Mas e se.. - o interrompi.

- E se você for descansar um pouco em. - eu ri. - prometo que não vou fugir.

- Promete que nunca vai me esquecer, por favor. - ele disse se ajeitando.

- Eu nunca vou te esquecer. - ele sorriu. - com isso você não precisa se preocupar. - sua respiração ficou leve.

Dei um beijo em sua bochecha e o deixei dormir, me sentando na poltrona ao lado do sofá.

- Quer deitar no quarto, Letícia? - Luísa perguntou.

- Não precisa, eu gosto de ver ele dormindo. - ela assentiu e saiu.

Sorri ao ver ele sorrir enquanto dormia, não era exagero meu, quando eu disse que nunca ia esquecer ele, afinal, seria algo impossível esquecer alguém que me deu tanto pra lembrar.

×

| O Melhor Amigo Do Meu Irmão | parte IOnde histórias criam vida. Descubra agora