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[revisado]

L e t í c i a

Se eu fosse definir minha vida em uma palavra, certamente seria monótona. Uma rotina horrível foi estabelecida quando eu voltei pra escola, de segunda a sexta eu acordava cedo, voltava pra casa, estudava quase a tarde toda para os exames finais, a noite eu ligava para o Gustavo, ignorava meu irmão durante todo o dia, resolvia algumas coisas do baile de formatura. Era assim todos os dias.

Vocês devem se perguntar o motivo de eu estar ignorando meu irmão né? Okay, é porque ele é um babaca, ele traiu a Clara com uma menina qualquer daqui, e depois queria que tudo voltasse ao normal. Clara continua falando comigo, mas ela não quer nem ver a cara do meu irmão.

Gustavo e eu estamos bem, não estamos nos falando muito, os dois estão estudando muito, principalmente ele que já é repetente. Já estamos no final do ano, fazendo as provas finais, isso indica que a formatura será em breve, juntamente com o baile, que é daqui algumas semanas.

- Letícia, fala comigo, por favor. - o ignorei e continuei digitando. - você não pode me ignorar pra sempre. -

- Tem razão, eu não posso, mas talvez você aprenda a não ser um idiota completo.

- Tudo bem, eu fui um idiota mesmo. - ele abaixou a cabeça.

- Um burro. - Eu disse cruzando os braços.

- Sim, um burro. - ele repetiu.

- Um cafajeste. - ele assentiu.

- Um cafajeste também. - ele repetiu.

- Um baitola.

- Um baito.. - ele me encarou. - não, um baitola não. - eu ri.

- Você não podia ter feito aquilo com a Clara, ninguém merece isso.

- Eu sei, eu sei, no dia eu estava de cabeça quente, totalmente bêbado e acabou acontecendo, mas foi só um beijo.

- É, mas esse beijo. - fiz aspas com as mãos. - acabou com o seu namoro.

- Eu sei disso. - ele suspirou. - me perdoa, vai? - ele me apertou.

- Eu te perdoo, mas continuo te achando um completo idiota e quem tem que te perdoar mesmo, é a Clara.

- Eu já tentei, pedi desculpas pra ela mil vezes, mas ela não me responde, já mandei email, mensagem de texto, mensagem de voz, sinal de fumaça, estou a ponto de mandar uma carta.

- Você é burro assim mesmo ou se faz? - ele franziu a testa. - vai atrás dela.

- Ela não retorna nem as minhas ligações, imagina se eu bater na porta dela, ela vai me matar.

- Ai vai ser consequência da sua própria atitude. - ele bufou. - agora sai, tenho que estudar. - o expulsei.

×

G u s t a v o

Minha vida agora está resumida em uma palavra. Estudar.
Eu estou me sentindo em um filme que temos que correr contra o tempo pra conseguir passar em todas as provas finais

Mês que vem é o aniversário dela e esse é o baile, eu não sei como vou fazer, eu só posso ir uma vez.

- Filho, estou saindo. - ela beijou minha testa.

- Tchau mãe, bom trabalho. - ouvi ela bater a porta.

- Gustavo, corre aqui, rápido. - meu irmão gritou.

Scott estava no quarto dele, assim que entrei ele me mostrou o envelope em suas mãos. Era da faculdade. Senti meu coração parar e depois voltar a bater duas vezes mais rápido.

- Estou com medo. - respirei fundo.

- Abre logo, você sabe que quer saber desse resultado, mais do que quer desistir.

- Melhor eu abri depois, quando a mamãe estiver em casa. - guardei no bolso.

- Chato. - ele revirou os olhos.

Voltei para a sala e sentei no sofá, juntamente com os livros e cadernos em volta de mim. Bufei ao ver que a próxima matéria seria matemática. Antes de começar a resolver os exercícios de revisão, o telefone fixo tocou, era Patrícia, a diretora do colégio do Scott.

[ chamada on ]

Alô?

Patrícia: - Responsável pelo Scott Bennet, por favor?

Sim, é ele.
Algum problema?

Patrícia: - Aqui é Patrícia, eu sou a diretora do colégio dele, eu só estou ligando pra avisar que não vai ter aula essa semana, a escola está estado de manutenção.

Ah sim, obrigado por avisar.
Tenha um ótimo dia.

[ chamada off ]

- Quem era no telefone? - meu irmão apareceu.

- Sua diretora. - ele arregalou os olhos.

- Eu não fiz nada dessa vez, eu juro. - ele levantou as mãos.

- Abre o olho em. - ele riu. - ela só ligou pra avisar que não tem aula essa semana.

- Aleluia. - ele agradeceu aos céus.

- Agora vaza. - o expulsão da sala e voltei a estudar.

No fim da tarde eu parei de estudar e fui tomar um banho, pensei bastante enquanto a água quente caía sobre minha cabeça. Meu futuro estava escrito naquela carta, que eu estou evitando ler. Eu não tinha contado para Letícia que me escrevi em uma faculdade fora do Brasil, eu não sabia como contar. Talvez eu tomasse coragem o suficiente até a semana do baile, quando eu fosse visitar ela.

×

Acordei de madrugada com o estômago roncando, fui até a cozinha ver se preparava um lanche pra mim, dando de cara com Scott sentado no balcão, comendo um bolo de chocolate.

- Você não cansa de comer não? - dei um tapa na sua cabeça.

- Cala a boca. - ele reclamou e voltou a comer.

Acabei pegando um pedaço de bolo também, que por sinal estava muito bom. Lavamos tudo que sujamos e fomos deitar, o relógio ao lado da munha cama marcava 4:37AM.
Acordei aos berros do Scott, tentei voltar a dormir, mas o mesmo invadiu meu quarto e acendeu a luz.

- Qual foi cara, deixa eu dormir. - eu resmunguei.

- A mãe disse que você tem que me levar no treino.

- Treino de que muleque?

- De futebol, Gustavo. - ele me jogou a sua chuteira.

- Só mais 5 minutos. - fechei os olhos.

- Não tem 5 minutos, nem 2 minutos, eu vou chegar atrasado. - ele me sacudiu.

- Caralho, tá bom. - joguei a chuteira nele.

Tomei um banho rápido, escovei os dentes e coloquei uma roupa. Scott ia me matar se ele chegasse atrasado no treino. De novo.

- Não tava com pressa? Anda logo. - peguei as chaves na mesa.

- Eu vou partir a sua cara, se o treinador mandar eu pagar de novo por atraso.

- Da próxima vai a pé. - ele revirou os olhos.

Por sorte chegamos 2 minutos antes do treinador, Scott respirou aliviado e agiu como se já estivesse ali a muito tempo.

×

| O Melhor Amigo Do Meu Irmão | parte IOnde histórias criam vida. Descubra agora