| O Melhor Amigo Do Meu Irmão | parte I

01

[revisado]

L e t í c i a

Mais um dia de aula naquela bendita escola, pensei assim que o despertador tocou. Respirei fundo e fiquei olhando para o teto. Eu não sabia como seria encarar o Nicolas, não depois de tudo que aconteceu.

Me levantei mesmo contra minha vontade e fui até o armário, coloquei uma calça jeans escura, junto de um casaco cinza e um tênis azul. Muitos me julgam, mas eu adoro esse tênis.

- Estou indo pai. - disse pegando minha garrafa térmica cheia de café sobre a mesa.

- Boa aula, querida, não se esqueça, você é linda, ele é um idiota. - ele beijou minha testa. - adoro esses tênis. - ele sorriu.

- Obrigada, pai. - sorri fraco. - te amo, até mais tarde.

- Também te amo. - pude ouvir ele gritar quando fechei a porta da frente.

O caminho de casa até a escola não era longo, mas me fez pensar bastante. Eu tinha acabado de ser chutada por um garoto, Nicolas. O motivo do término foi a nossa falta de "intimidade", como ele mesmo disse.

- Oi meu bebê, você está melhor? - Laura disse chegando perto de mim.

- Estou ótima, melhor impossível. - respirei fundo.

- Mentir pra nós não vai adiantar nada, meu bem. - agora foi a vez de Aline falar.

- Eu só não quero tocar no assunto, não tem mais nada a se fazer, ele não.. - pude ver a cara de espanto das duas. - o que foi?

- Nada, eu só estou com uma fome, vamos naquela padaria ali atrás, rapidinho. - Laura disse.

- Você ta estranha, o que foi que.. - disse e me virei, olhando para onde elas olhavam.

- Desculpe, amiga. - Aline disse e colocou a mão no meu ombro.

- Ele queria mais "intimidade", pois bem, a Lívia pode dar bastante pra ele. - disse olhando os dois na frente da escola.

- Literalmente, aquela garota é uma vadia de carteirinha. - Aline disse.

Lívia Campos, pra ser mais direta, a garota mais rodada da escola, sua família era bem conhecida por ser dona de uma rede de lanchonetes. Ela tem longos cabelos loiros e olhos cor de mel, eu costumava ser amiga dela na infância, mas com o tempo ela foi mudando demais.

- Amiga, para. - Laura disse e entrou na minha frente, me fazendo encarar ela.

- Ele não merece uma lágrima sua, ele é um cachorro. - Aline disse.

- Eu sei que não. - disse limpando uma lágrima que eu nem percebi que tinha descido.

Respirei fundo e passei por eles, Nicolas me olhou por um tempo, mas logo voltou a enfiar sua língua na boca da Lívia. Entrei na minha sala e me sentei no fundo, como na maioria das vezes, Aline e Laura não eram da mesma sala que eu, então eu costumava ficando com Nicolas na sala, mas agora não era mais assim.

As aulas pareciam demorar o dobro do tempo pra acabar, o professor de Biologia tinha faltado, por isso sai mais cedo e nem avisei as meninas. Cheguei em casa, e percebi o carro do meu pai ainda na garagem, passei pelo escritório dele e o escutei, antes de bater acabei escutando uma conversa sobre mim.

- Eu não sei como contar, ela vai me odiar, Marcela. - ele disse.

- Paulo, nós precisamos contar a ela, ela merece saber a verdade. - minha madrasta disse.