3. cite o que escreves

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     Voltando para os gêmeos, simplesmente passei o meu olho por cima da persona de Aquiles e me sentei na mesa que eles estavam, suas mochilas agora penduradas nas cadeiras que teriam sido aproximadas.

     — Qual o nome de vocês? — Questionei. Meus braços posaram no meu colo, meus dedões enrolando um no outro antes que eu pudesse notar. 

     O garoto olhou uma vez para a sua irmã, que não tirava o rosto de mim. Impassível e me imitando, a garota estava com as mãos no colo e encarava com olhos de quem gosta de desafios, pequenos cílios permaneciam abertos mas davam a entender que cerrariam a qualquer momento qualquer fossem minhas palavras. 

     Ele suspirou e começou a falar. — Meu nome é Vinícius. Ela é a Martina.  

     Dobrando os braços, ele apoio seu corpo em cima da mesa e ela revirou os olhos, saindo do estado frenético que estava ao me olhar. 

    — Vini, não vale! — Ela reclamou, empurrando o ombro do seu irmão, mas não parecia estar tão brava quanto queria. Vinícius apenas soltou uma risadinha e voltou a encarar sério, igual ela estava fazendo antes de começar a falar. 

    — O teu nome, qual é? — Levantou o queixo na minha direção, intimidando. 

     — Iara. — Respondi, pensando em estender minha mão, mas escolhendo não fazer isso. 

     Ela virou para o irmão dela e o cutucou com o cotovelo. — Viu, eu te disse que era ela! — Concluiu animada. 

     Sem mostrar surpresa, puxei minha cadeira para mais perto da mesa, minhas mãos agora em cima da mesa de madeira, alisando a superfície perfeitamente lixada. Uma sensação de orgulho aparecendo no meio do nervosismo. Amava aquele lugar. 

    — Quem são esses? Teus escravinhos também?— Veio a voz de Aquiles, antes que eu pudesse perguntar quais os motivos de Martina saber quem eu era. 

     Virando o meu rosto, só aumentei meu desdém ao olhar o rosto de desentendido do irmão de Apolo. Ele tinha feito uma piada daquelas logo para uma pessoa negra, e ainda chefe dele por tempo indeterminado. Na minha cabeça, qualquer comentário assim vindo de outra pessoa não machucaria tanto ou irritaria tanto quanto vindo da boca dele. 

    Os gêmeos olharam para ele com a expressão que eu não daria. Sobrancelhas cerradas, bocas abertas, perguntando entre linhas faciais que merda ele tinha acabado de falar. 

     Eu me levantei, alisando a minha roupa e pedindo um momento para eles. Indo para trás do balcão, puxei os livros que tinham que ser colocados nas prateleiras, juntados ao longo das semanas. Agarrando cada lado da caixa de plástico preto, levei-a até Aquiles. 

    — Os livros já estão divididos por gênero. É teu dever organizar eles nas prateleiras. — Disse, empurrando-os nas mãos dele. 

     — Mas eu nem se-

      — Basta usar o cérebro que tu possui. — Disse. Revirando os olhos, ele fez exatamente o que eu pensei que iria fazer: subir as escadas e ir para o mais longe de mim. Assim ficava melhor. 

     Passando a palma nas minhas têmporas, firmei meus dedos na raiz dos meus cabelos e sacudi os cachos para manter meu volume. Aquele movimento me tirava a irritação na maioria das vezes e me fazia voltar para a realidade que eu procurava ter. 

      — Eu acho que ele nem tem cérebro, né. — Martina pronunciou. Vinícius soltou um riso, colocando a testa na mesa, escondendo o rosto e segurando o torso, seu cabelo claro destacando-se contra a mesa escura.

Boa tarde, Zeus ✓Where stories live. Discover now