Capítulo 4 - Lua de Sangue

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O céu ainda estava escuro, mas já se ouviam os cantos corriqueiros dos pássaros de todas as manhãs. Um senhor, dono de vários hectares de terra ao redor da cidade de Tusneer, acordou assustado devido à agitação de suas vacas, que pastavam próximas da casa. Levantou rapidamente e acordou sua mulher lhe entregando uma de suas armas. Antes de saírem da casa, escutaram alguns barulhos semelhantes aos cães. Correram para espantá-los com um tiro, mas ao darem a volta na residência, o homem parou a caminho do pasto e fez um sinal com o braço, para que sua mulher o esperasse ali. Ficaram alguns segundos sem se mover e tentaram ouvir algo. Suas vacas haviam sido espantadas para o outro lado da fazenda e o que escutavam agora, eram sons quase imperceptíveis, como se dois cães estivessem dividindo um osso suculento entre rosnados. O homem fez alguns gestos, para que sua mulher pegasse a lanterna. Andaram uns 50 metros em direção aos rosnados e viram duas massas escuras se mexendo, bem próximos das árvores. Ao sinal do marido, já com eles na mira, a mulher ligou a lanterna. Os dois se surpreenderam com os dois lobos de pelagem escura e o maior deles media quase a estatura de um cavalo. Com o susto, o homem hesitou e o maior dos lobos arregalou os dentes para eles em ameaça e começou a se aproximar. O segundo lobo imitou o maior, mas antes que eles atacassem, o casal dispararam as armas, os fazendo recuarem.
— Oh meu Deus, George, o que fizeram com ela! — A mulher foi correr em direção à vaca, mas seu marido a interrompeu.
— Você não vai querer se aproximar Lucy. — andou meio caminho até a casa com ela e disse: — Chame a polícia e os responsáveis pelos animais, eu nunca vi uma espécie de lobo gigante como esta, deve estar quase extinta. — Lucy o encarou em silêncio e seguiu seu caminho até a residência.


George caminhou até a carcaça para analisá-la. Ficou espantado pelo estrago, que dois lobos fizeram em tão pouco tempo, até uma alcateia levaria mais tempo para devorarem quase toda a carne. Analisou o local das pegadas e notou próximo de uma árvore, vestígios de sangue deixado pelo animal..


Oito anos havia se passado desde que Allec e John partiram de Lakehaven, conseguindo despistar seus rastros dos Evis e se misturaram com os habitantes de Tusneer. Sendo esta uma cidade pacata, que assemelhava-se a Merrowmash, tendo uma grande área residencial e também com enormes prédios e hotéis no centro da cidade. Era rodeada por grandes morros, uma densa floresta e um rio, que contornava uma parte da cidade, além de ser uma região muito visada pelos turistas na época de inverno, por causa da neve.

John terminava de tomar banho, enquanto seu irmão arrumava sua mochila. Allec voltara das férias escolares e se preparava para o primeiro dia de aula no 2º semestre do ano. Cursava o 2º ano do ensino médio, já seu irmão terminara o colégio ao fazer provas de supletivo, porque ficara alguns anos sem estudar, após a morte de seus pais. Em suas primeiras semanas em Tusneer, os irmãos dormiram em uma área afastada, bem no meio da floresta, em que construíram uma barraca improvisada, utilizando troncos e também uma telha de eternit, que encontraram em uma caçamba de lixo. Allec tivera sua primeira transformação algumas semanas depois de terem chegado na cidade, sendo o lycan mais jovem a passar pela metamorfose, com apenas 7 anos de idade. Eles não passaram fome, pois se alimentavam dos animais da floresta, mas procuravam variar o cardápio com os alimentos urbanos. Durante as manhãs, Allec se infiltrava no horário do intervalo na principal escola de Tusneer, localizada próxima da floresta e que não possuía o pátio murado. Sorrateiramente ele ensacolava as merendas e saía com elas envolvidas em sua blusa. Já para o jantar, John costumava rondar os hotéis no centro da cidade, no qual as laterais possuíam compridos e estreitos becos entre os prédios. Estes becos eram mal iluminados, que lhe davam certa vantagem para se esconder e aguardar o momento certo, em que as refeições seriam descartadas nos containers de lixo. Em uma destas buscas, John fora pego em flagrante pelos donos do hotel mais famoso da cidade, que o repreenderam e ao mesmo tempo com pena do adolescente, lhe ofereceram um serviço de ajudante de limpeza. Também haviam permitido que ele e Allec comessem por ali sempre que quisessem.

Em gratidão, John deu o seu melhor na missão em que lhe foi dada, para manter o lugar limpo e em poucos meses, chegara no cargo atual, que era o de carregador de malas. Seu salário era razoável e suficiente para pagar o aluguel da kitnet, bancar os custos da escola de Allec e manter as contas em dia. A kitnet em que moravam ficava entre dois prédios de quatro andares, próxima ao centro da cidade. Possuía um pequeno jardim na parte de trás, no qual o único acesso era pelo portão lateral direito, do lado de fora da kitnet. Continha uma pequena cozinha com uma bancada americana, que emendava com a sala e a bicama, encostada na única grande janela da kitnet, que dava visão para o jardim. O banheiro dava uma leve ilusão de dois cômodos. Na sala havia um pequeno e antigo televisor pendurado na parede de frente para o sofá preto de dois lugares e com uma mesa de madeira entre eles. Também tinha um armário marfim de duas portas e quatro gavetas, no qual os irmãos guardavam seus vestuários, que ficava entre a bicama e a lateral do sofá.

John saíra do banho enxugando o cabelo, mas não vira seu irmão, que mexia em seu material e acabara tropeçando nele, o fazendo bater o ombro no armário marfim, próximo da cama e rosnou levando a mão em seu ombro esquerdo:

— Hey, não fique no caminho!

— Foi mal, não tenho culpa se não olha por onde anda.

— Foi sua cul... Argh. — John apontava para o material escolar enquanto dizia, mas sentira um repuxão dolorido no ombro. Seu irmão o olhou assustado.

— Ainda está doendo John?

— Não muito, mas ainda sinto uns puxões no músculo. — respondeu analisando a cicatriz em seu braço e o local da bala disparada pelos proprietários da fazenda, em que foram caçar há uma semana.

— Estranho... Nunca demorou tanto assim para curar.

— Sim, meu corpo está cada vez mais requerendo carne e proteínas, mas o que estamos comendo ultimamente não tem sido suficiente... Deve ser a idade chegando.

— Vamos sair pra caçar diariamente então, é a única solução que temos no momento, pelo menos até seu ombro curar.

— Falar é fácil, o inverno está chegando e a caça já está muito escassa, o que nos resta no momento é atacar o gado ou... — John ficou pensativo.

— Ou o quê?

— Deixa pra lá, preciso me arrumar pra trabalhar...

BloodLycan - A Saga dos irmãos Mool - Parte 1Onde as histórias ganham vida. Descobre agora