2. lute por uma reação

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     Seus braços estavam para trás do seu corpo, os pés cruzados, um deles com a ponta no chão, o que fazia com que seu joelho balançasse, de um lado para o outro. O jeans apertado fazia com que as suas coxas grossas mostrassem a base de músculo que ela tinha, e ela usava a mesma camisa solta mais social de sempre, com uma regata branca por baixo, escondendo os seios grandes. A mesma cara me olhando.

    Desviando dela, eu queria mais do que tudo socar algum saco de areia. Ou uma mandíbula qualquer. So para sair daquele momento. 

    Não ter ninguém por perto fazia com que o olhar dela queimasse mais ainda minha pele, e era sim o olhar dela, não era o sol. 

     — Tu pode parar? — Perguntei, voltando o rosto para olhar pra ela. 

      Como se ela nem tivesse me escutado, Iara continuou olhando, limpando a garganta com calma e então o freio alto do ônibus mostrou que ele tinha parado na minha frente. Da porta de saída, meus irmãos saíram com mochilas velhas e rasgadas. 

     Martina foi a primeira a correr na minha direção. Pulando para ser agarrada, ela me abraçou e sussurrou no meu ouvido, perguntando se ela podia me chamar pelo nome. Eu ri com a sua pergunta, respondendo baixinho pra ela que era melhor não, descendo ela do meu colo. 

     Vinícius ficou parado enquanto eu e ela trocávamos informações, olhando para Iara como se ela fosse uma pessoa de outro planeta. Quando Martina foi pro seu lado e fez um sinal com a cabeça e não, ele começou.

     — Eu pensei que nós íamos ficar com a Tia Aimée de novo. — Falou, cruzando os braços. 

     — Eu sei, meu véio. Mas essa guria aqui é amiga da tia. A tia é só depois que ela vai conseguir falar com vocês. — Falei, me agachando na sua frente. Agachado eu ficava da altura dos dois, e tinha certeza que eles seriam tão altos quanto eu quando crescessem. 

      Ele levantou uma sobrancelha, olhando de lado para Iara que continuava apoiada na propaganda da parada de ônibus. Martina ficou olhando ela diferente, e a mulher olhava os dois sem nenhuma reação. 

    Virando meu pulso, vi que estava na hora de sair dali. Olhando para meus irmãos, coloquei a mão no ombro de cada um. 

     — Lembrem das regras, ok? Aqui está a chave da tia Aimée. — Retirando a chave do meu bolso, entreguei para eles. Voltando para Iara, não pude deixar voltar a ficar irritado. Minha cabeça trabalhava mil maneiras que ela podia fazer com que as crianças falassem algo, mas confiava nos dois. Sabia que eles não iam contar algo que me prejudicasse, ou fizesse com que ela criasse mais perguntas do que as que eu já tinha certeza que ela tinha. 

     Com um balançar de cabeças, os dois foram para a direção de Iara. Martinha sendo a primeira a falar. — Tu é muda? — Ela perguntou, usando a mão, ainda, para apontar para o seu ouvido e perguntar de algum jeito se Iara era surda também. 

     Saindo da sua posição, Iara começou a fazer gestos com as mãos. Libras. 

     — Nenhum dos dois. Mas tem gente que é. — Foi a sua resposta, conforme ela falava ao mesmo tempo as combinações de palavras com os dedos. 

      Revirando os olhos, olhei para os dois que ficaram impressionados. Para mim era só mais uma coisa dela que fazia ela parecer superior, e eu odiava. 

      Iara pegou na mão dos dois e foi de volta para a cafeteria, sem nem virar a cabeça na minha direção. Eu agradeci, um pouco, por não ter aquelas poças de cor café me encarando e, caminhando para a outra direção, dobrei a quadra onde o carro já me esperava no local normal. 

Boa tarde, Zeus ✓Where stories live. Discover now