21- Primeiro passos de uma revolução

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Júlia continuava a conduzir a multidão pelas ruas, chamando, literalmente, as pessoas a vir a rua. Eu os seguia pelos telhados das casas, pulando becos que as separavam, escalando casas mais elevadas e pulando na direção de casas em um nível mais baixo. Observei a Júlia por um momento enquanto ela incentivava a multidão a seguir em frente, e percebi a paixão que havia nos olhos dela, a determinação que ela tinha. Era algo realmente contagiante.

A multidão seguia pelas ruas, gritando todos juntos. O barulho era muito alto. Tão alto que com certeza iria chamar a atenção de policiais e guardas. Corri mais rápido e me adiantei em relação à passeata. Encontrei e escalei uma casa alta e me foquei em ouvir algum som de sirene de viaturas. Por mais maravilhoso que parecesse, não ouvi nenhuma viatura. Estranhei, mas não iria reclamar de uma vantajosa.

Continuei seguindo a manifestação. Dei uma olhada na multidão, iluminada pela luz amarela dos postes públicos, caminhando e chamando mais gente a se juntar a eles. Percebi que havia mais gente do que antes, tipo bem mais gente. O que antes era uma manifestação agora era uma total representação do que o povo brasileiro é capaz. Isso me enchia de orgulho. Ver as mesmas pessoas que antes eram roubadas, mal tratadas, injustiçadas e traídas agora estavam na rua a procura de algo melhor. A procura de justiça.Tudo aquilo era lindo porém o que me deixava preocupado era o que o governo iria fazer quando soubesse daquilo. Seria uma ótima oportunidade para eliminar várias possíveis ameaças ao mesmo tempo.

Júlia agora conduzia a multidão a caminho de uma praça no centro da favela. A praça era bem cuidada, tendo uma bela mistura de jardins e caminhos pavimentados. Em seu centro havia uma fonte de água, que já estava desligada, rodeada por um jardim de flores. O redor da praça era recheado restaurantes e bares locais, onde haviam homens e famílias bebendo e jantando. Tudo parecia calmo e comum para uma noite de sábado, tirando o fato que no final da rua que passava ao redor da praça estava aramada uma barreira policial com viaturas da policia e da tropa anti-multidão. eu pra perceber pela expressão de Júlia que ela também percebeu a emboscada. ela se adiantou e falou pelo se megafone:

-Povo brasileiro, o governo mais uma vez pensa que eles podem simplesmente nos reprimir e nos intimidar que eles vão conseguir nos fazer calar a boca. O quão burros eles pensam que somos?

Um policial se adiantou diante da barricada, também com um megafone em mãos, e disse:-Não é questão de ser burro ou não.- disse o policial, que logo reconheci pela voz como aquele mesmo capitão babaca da avenida. Fiquei feliz em ver que a mão dele ainda estava enfaixada pelo pequeno pisão que dei nela em nosso último encontro.- É uma questão do quanto vocês são idiotas para sair andando por aí dizendo coisas e balançando placas, pensando que irão mudar algo. Isso não é uma revolução, isso é um mero protesto.

-Sério que você pensa que isso é uma revolução? Isso aqui é um apenas um convite, uma mensagem, dizendo que a revolução começou e só vai terminar quando nos batermos na porta de casa dos seus patrões em Brasília.- retrucou ela apontando para a multidão de pessoas.

-Interessante, pois saiba que isso aqui que você está vendo também não é uma simples barricada.- disse apontando para as viaturas e policiais.- Isso é uma emboscada.

No momento que ele terminou de falar, pude ver um de seus policiais dizendo algo pelo rádio. Quase que imediatamente surgiram outras viaturas pelo outro lado da praça, pelo lado de onde manifestação tinha vindo. A multidão inteira estava cercada por policiais armados com armas anti-multidões: cassetetes, escudos, lança granadas lacrimogêneas.

-Nós temos medo de vocês.- Começou Júlia.- Se você não reparou, nos estamos em mais de 300 pessoas. Vocês são quantos? 20? 30?

-Somos 26 policias armados com armas que espantam qualquer multidão.- retrucou o policial.

-Errado. Vocês são 26 policial que vão ser arrebentados por essa galera toda.

"Minha deixa". Corri pelos telhados das casas que beiravam a rua na direção do primeiro grupo de policiais. Saquei duas laminas e aguardei.

-Vocês realmente pensam que podem fazer algo conosco?-perguntou o capitão.- Vocês são apenas um bando de ignorantes que pensam que podem fazer algo. Mas não podem. Não podem pois NÓS que mandamos aqui. Se quisermos que algo aconteça, vai acontecer. Se quisermos impedir algo, vai ser impedido. Se quisermos alguém morto, vai ser morto.

Aproveitei a distração e arremessei as duas laminas na direção da entrado da tanque de gasolina de uma das viaturas, rezando que para que desse o efeito desejado. As laminaram perfuraram a mataria com um som metálica, sendo substituído, centésimos de segundos depois, pelo som da explosão. A explosão da primeira viatura levou à explosão das outras. Os policias ou estavam surpresos demais ou já inconscientes com as explosões.

Júlia e seu pequeno exercito encaram a explosão como um grito de guerra ou algo do tipo. Eles avançaram na frente dos dois grupos de policiais. Avançaram com uma fúria imperdoável. Desci do telhado e fui na direção de Júlia.

-O que achou?- perguntei a ela.

-Isso foi incrível!-Respondeu ela animada.

-O que você vai fazer com os policiais?

-Bom, nós acabamos de mandar um recado para o povo. Ta na hora de mandar um recado para os nossos amiguinhos no Senado.

-Curti.

-Sabe, eu gostei disso. A gente podia fazer isso mais vezes.

-O que? Sair pela rua com megafones, atiçar uma multidão, formar uma passeata, explodir viaturas e irritar o governo?

-Eu to falando de sair por aí fazendo o que fizemos hoje. Avisar o povo. Unir-mos.

-Faz mais sentido.

-E quem sabe a gente sai um dia juntos pra conversar.

-Você não faz idéia de como adoraria.

Eu e ela demos uma olhada a nossa volta e sorrimos. Estar ali no meio de todos era algo contagiante. Fazer a diferença por algo melhor era fantástico. Aquela garota era fantástica.

-Então, você vai voltar pra casa, ou vai continuar aqui?

-Vou encerrar a noite por hoje.

-Quer que eu te acompanhe até sua casa?

-Quanto cavalheirismo, mas saiba que não sou uma dama.

-Eu quis dizer que pode ser perigoso depois do que fizemos aqui.

-Obrigada, mas por mais que eu quisesse um cara encapuzado com bracelete star wars me escoltando até em casa eu acho que eu ficaria melhor indo sozinha.

-Ok então.

-Nos vemos por aí?

-Nos vemos por aí.

Assassins creed : revoluçãoWhere stories live. Discover now