Negar-se

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Capítulo 40

POV Rafael

Ok, isso está sendo mais difícil do que eu esperava...

Cinco dias atrás recebi um ultimato pedindo que eu resolvesse de vez minha vida... Sim, no fundo eu não acho justo esse pedido depois de tudo que ela me fez passar, mas se eu pensar de um jeito sensato e ignorar a emoção, sei que o que ela me pediu é o certo a fazer... o que não faz me sentir melhor e tão pouco corajoso para descer do carro e apertar a campainha.

Não posso ignorar eu mesmo, meus sentimentos, meu sofrimento e tudo que passei até chegar aqui. Não posso sair do carro, vestir uma máscara e fazer o que é preciso sem sofrer um pouco... na verdade, acho esse sofrimento merecido. Eu mereço genuinamente passar por isso do jeito exato que está sendo, afinal, escolhi esse caminho. Ninguém fechou meus olhos e segurando minha mão empurrou-me para o abismo, eu mesmo dei passo a passo até estar lá em baixo.

Sofia ou Flávia? Sendo sincero, nunca teve dúvidas sobre isso.

Tenho menos de 25 anos e sinto o peso que muitos na terceira idade não tiveram, tendo que escolher entre o certo e o errado tendo experimentado os dois lados. No meu caso, eu sei qual seria o caminho certo, fácil e confiável a seguir, mas meu racional deixou de existir há dois anos, quando a encontrei pessoalmente pela primeira vez.

Não consigo pensar por outra pessoa e mesmo tendo que agir como o adulto que agora eu sou, meu emocional apela para meu lado adolescente, irresponsável, que prefere a tentação do que o lado pacato e seguro. Mas o que posso fazer? Como eu disse, não posso negar eu mesmo.

Olho pela janela e sinto um calafrio descer por minha espinha ao ver a porta aberta e ela encostada no portal me olhando sem expressão, com os braços cruzados e um olhar que me faz pensar duas vezes se devo descer desse carro.

Ela suspira e faz um sinal com a cabeça para eu entrar, me dando as costas e deixando seus cabelos ruivos voarem suavemente enquanto some pra dentro da casa.

Suspiro, respiro fundo, crio coragem e tento me convencer que isso seria o certo a fazer.

Desço do carro e ando lentamente até a casa, tentando ao máximo atrasar o que estava prestes a fazer. O nó na minha garganta custava a descer e mesmo depois de entrar na casa, ir até a sala e sentar no sofá de frente à ela, eu não conseguia deixar minha mente livre da insegurança e medo de estar fazendo a escolha errada.

Vejo seu sorriso forçado e espero ela dizer alguma coisa, mesmo sabendo que quem deveria fazer algo era eu.

- Então fez sua escolha? – indaga suave, apenas quebrando o silencio do cômodo.

Algo em sua voz, sua postura, olhar e o jeito forçado que sorria pra mim, me dizia que ela já sabia o motivo de eu estar ali.

- Eu sinto muito... ­– sussurro incapaz de olha-la nos olhos.

- Eu sei que sim. – diz ela sem mais.

Engulo o maldito nó, ergo a cabeça e demostro o mínimo de respeito que ela merecia tendo coragem pra dizer tudo que precisava e terminar esse assunto de vez.

- Antes de tudo, eu quero que saiba que eu tentei... – suspiro – Eu gosto de você, isso não é segredo pra ninguém, mas por alguma razão isso... – engasgo com as palavras sem saber como terminara a frase.

- Não é o suficiente. – conclui ela colocando seus cabelos ruivos pra traz e tentando ser firme em aceitar minha decisão.

- Obrigado por não desistir de mim... – sorrio sincero – mesmo sabendo que isso seria o melhor pra você e que evitaria muita coisa que acontecerá daqui pra frente... obrigado por continuar tentando. – ela suspira e olha pra suas mãos.

- Sinto que não tentei o suficiente... – diz ela rindo sem humor – Quer dizer, desde que a vi eu soube que estava brigando por causa perdida... você parece tão diferente com ela... – seus olhos alcançam o meu e eu sinto meu peito se comprimir – parece que nunca foi inteiro comigo. – fala firme – Queria que tivesse sido diferente...

- Eu também... eu juro. – queria demonstrar sinceridade nas minhas palavras pra que ela soubesse que tentei tudo que podia – Não quero citar outro nome e nem a outra metade da minha história... estou aqui por você e quero que fique ciente que tudo que tentou não foi em vão. – sorrio e pego suas mãos que repousavam sobre suas pernas – eu te amo... – falo olhando em seus olhos – mas não é a mesma coisa...

- Eu sei que não... – ela sorri, mas seu sorriso não chega aos seus olhos – Sempre soube, na verdade, não consigo entender porque tentei até aqui... – ela ri sem humor.

- Ei, eu não...

- Tudo bem Rafael... – ela me interrompe – Eu te disse que de qualquer forma uma de nós sairia mal, eu sinto muito que seja eu e sei que mesmo que diga, você não pode negar que seria pior, pra você, se fosse ela... – seus olhos me analisavam e eu podia sentir expectativa neles, suspiro e desvio o olhar sentindo ela puxar suas mãos pra longe das minhas – apenas me deixe, vai e me dá meu tempo.

- Flávia, eu...

- Não, por favor... – ela me interrompe novamente e levanta do sofá – apenas vá, eu posso seguir sem suas desculpas.

- Por favor...

- Está tudo bem Rafael, sério... – ela sorri sem verdade e seus olhos brilhavam com as lágrimas que tentava segurar, me senti mal ao encara-la – apenas vá... – pede com um fio de voz.

Me sinto impotente, queria dizer mais, tenho mais a falar... mas simplesmente não podia faze-la sofrer mais, tinha que pelo menos uma vez respeitar seus sentimentos e deixa-la sofrer sozinha, como havia pedido. Não posso ser egoísta, esse sofrimento tem que ser meu também, preciso sair daqui com a culpa pesando meus ombros, pois é assim que tem que ser. Como já disse, ninguém fechou meus olhos...

- Espero um dia poder ter seu perdão... – falo sincero engolindo a sensação ordinária de estar vivendo um clichê de péssima qualidade, ela solta uma risada nasal e desvia o olhar. Suspiro e dou dois passos em sua direção a segurando em meus braços e sentindo ela ficar tensa – A culpa é toda minha, me desculpe...

Flávia passa os braços em minha cintura e eu aproximo mais seu corpo a abraçando apertado, tentando deixa-la ter seu tempo. Ficamos assim por um bom tempo sem dizer nada, até que ela se afasta e seca algumas lágrimas que escaparam sem sua permissão.

- Vá. – diz simples por fim e eu respeito seu pedido, saindo de sua casa sem olhar pra trás. 

_________

Como prometido, gentÊ :) 

risos, lembrei que Beah não gosta que eu fale risos

risos

Seguinte minhas amandas, risos, se der 100 likes, até 20 hrs, eu att outra vez :P 

O GERENTE FICOU LOUCO! 

~ risos ~

Até logo!


Maldita Aposta! - Book 2 ➼ CellbitWhere stories live. Discover now