Tudo bom?

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Capítulo 32

- Tá tudo bem mesmo? – Rafael indaga pela quinta vez no dia. Sim, eu contei.

- Sim Rafael, já disse que sim. – reviro os olhos sem parar de guardar as compras que tinha feito.

Ele franze a testa irritado e vira meu rosto em sua direção.

- Desde que cheguei aqui você não olhou pra mim. – paro o que estava fazendo e suspiro relaxando os ombros – Faz uma semana, o que deu em você?

- Nada, só estou cansada. – desvio o olhar – Acabei de chegar em casa e não esperava você aqui, aliás, achei que tivesse vindo pelo Henrique e não por mim.

Rafael enfeza o semblante e cruza os braços.

- Ele está dormindo deixa de ser tapada. – fala irritado – O que diabos deu em você? – bufa – Num dia você... – percebi que ele controlou suas palavras mas não preciso que desenhe para eu compreender o que ele pretendia falar – E depois fica uma semana me ignorando como se mal nos conhecêssemos. – arqueia uma sobrancelha esperado a minha resposta.

- Eu... – estou curtindo o sabor amargo da crise de consciência que sua amada me fez ter – Não aconteceu nada, ok? – bufo – Apenas percebi nosso erro.

- Percebeu nosso erro... – repete com um sorriso sarcástico – Com a ajuda de quem?

Olho pra ele e arqueio uma sobrancelha irônica.

- Não com a sua, não é? – semicerro os olhos – Quer dizer, não senti quando você realmente tentou me parar. Assim, de verdade, sem os falsos "nós não devíamos estar fazendo isso". – faço aspas no ar.

- Quer falar alguma coisa? – instiga.

- Não. – falo de uma forma rude – Na verdade, o que exatamente queria era que você entendesse isso: eu.não.quero.conversar.

Rafael alonga o pescoço e se encosta no balcão da cozinha sem dizer mais nada. Suspiro e continuo o que estava fazendo antes.

Esclarecendo algumas coisas: Uma semana passou desde a conversa com a dos 15. Sim, ela conseguiu plantar a semente da consciência em minha pessoa e desde então não consigo olhar pro Rafael sem sentir uma certa vergonha alheia de mim mesma. Confuso? Talvez...

Rafael, no início da semana, não ligou muito, ou fez de conta que não se importou... Não sei. Mas faz uns dois ou três dias que ele mostrou certa curiosidade em meu comportamento, imagino eu que ele deve ter engolido o orgulho a ponto de me perturbar com o mesmo assunto: "O que deu em você?" a dias. 

Não é que eu tenha desistido dele, mas entenda, é uma situação complicada... Sim, eu sei que sempre foi mas a questão é: Que porra eu tinha na cabeça ao começar tudo isso? Claro, além de amor próprio e o maldito orgulho.

- Ok Rafael, não tem mais nada pra fazer? – bufo irritada com o olhar dele.

- Achei que não quisesse conversar... – diz despreocupado.

- Não estou iniciando uma conversa, quero distância. - solto o ar pelo nariz irritada.

- Cara... – Rafael me analisa por um bom tempo em silêncio – Quão complicada você consegue ser?

- Eu apenas estou cultivando a culpa que sua amada me fez ter. Me deixa. – falei sem pensar muito.

- O quê?

Fecho os olhos e suspiro.

- Isso mesmo que ouviu, satisfeito? – arqueio uma sobrancelha – Então pronto.

- Espera aí... – Rafael fala se desencostando do balcão – Volta um pouco a fita... – reviro os olhos – Culpa que minha amada lhe fez ter? – repete em dúvida – Você conversou com a Sasá? Quando?

- Não faz diferença quando. – franzo a testa – E eu realmente sinto que não devia ter lhe dito isso mas isso também não faz diferença agora, faz? – falo apressadamente.

- Sobre o que conversaram? – indaga ele me ignorando.

- Não lhe interessa, quer saber? Pergunta à ela.

- Estou perguntando pra você.

- Acontece que eu não lhe devo nenhuma explicação. – arqueio uma sobrancelha provocativa.

- Sofia... – suspira irritado – Sobre o que conversaram?

- Liga pra ela e pergunta, se está tão interessado assim. – dou de ombros.

Rafael arqueia a sobrancelha me olhando em silêncio.

- O quê? – indago incomodada com o olhar.

Rafael pega o celular, disca alguma coisa e o leva até a orelha. Juro que minha mão coçou para não bater em minha própria testa atestando a imbecilidade dele ao realmente ligar para a dos 15.

- Você tem algum problema? – indago tirando o celular de sua mão e encerrando a ligação antes mesmo dela iniciar, Rafael força um semblante desentendido – Vá a merda Rafael, não é óbvio sobre o que conversamos? O que acha que ela vai pensar de mim? – bufo - Que sou uma fofoqueira sem noção que abriu a boca na primeira oportunidade! – eu mesmo pergunto e eu mesmo dou a resposta, bem, confesso que estava desabafando – Já foi horrível ter que deixa-la "ganhar" nossa "discussão" mas eu estava realmente envergonhada ao me dar conta de onde deixei a situação chegar, pelo amor de Deus! Quão baixo eu poderia cheg... – a mão de Rafael foi ágil em calar minha boca.

- Sofia! – exclama – Cala a boca. – diz com o cenho franzido – Quer dizer, pode falar, mas seja mais objetiva... Não estou entendo nada!

- Claro, - reviro os olhos tirando a mão dele da minha boca – você é um puta tapado sem noção.

- Ok. – ele bufa – O que ela lhe disse?

- Nada do que eu já não soubesse, na verdade, ela apenas deu um oi pra minha consciência antes de deixar algumas toneladas nela.

- Sofia? – Rafael cruza os braços visivelmente bravo – Não use metáforas, seja direta.

Aí eu te pergunto: ele quer um desenho?

- Tua amada veio me avisar que sabe o que acontece entre a gente. Me lembrar que estou sendo uma tremenda filha da puta, apelou pra minha empatia e me deixou em crise. – respiro fundo – Eu estou confusa, droga!

Rafael não responde, nem ao menos meche um músculo. Fica me encarando como se isso fosse lhe ajudar a chegar a uma conclusão. Talvez fosse, não sei...

- Rafael? – franzo a testa - Não vai dizer nada? – cruzo os braços esperando.

Ele suspira e fecha os olhos.

- Droga... 

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Euhein 

Beijos, queijos e até a próxima baby <3

Maldita Aposta! - Book 2 ➼ CellbitOnde as histórias ganham vida. Descobre agora