[NOVA VERSÃO] Capítulo 24

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− Jamais diria que você é um estudante de biologia – confessei, pois ele realmente parecia cool demais.

− As aparências enganam, querido. Você é extremamente gato e simpático, jamais diria que é argentino – rebatou com uma piscadela. – Não acreditei na Rafa quando ela usou um milhão de elogios para descrevê-lo. Afinal, ela dizia que as "amigas não eram tão ruins assim"... Dá para acreditar?

− Ela não me falou nada sobre você até hoje. Achei que aquelas garotas eram as únicas amigas dela e isso era algo realmente preocupante.

− Que tal esquecermos essas garotas? Eu realmente quero que o Noah conheça todo o Parque Lage... Precisamos levá-lo à nossa árvore secreta. Podemos ir agora?

Pagamos a conta do farto café-da-manhã e iniciamos nosso passeio pelo parque. Fizemos muitas pausas para fotografar o máximo possível daquele momento. Aos poucos, eu meio que já me sentia parte daquele pequeno círculo de amizade. Foi extremamente fácil me adequar aos dois... Rafaella era o centro do trio. Era, sem dúvidas, quem mantinha tudo equilibrado.

Chegamos à tal árvore secreta e logo percebi do que se tratava. Gravado na madeira estava o nome dos dois. Manoel sacou um estilete do bolso e o estendeu na minha direção: − Deixe sua marca, argentino. E não nos esqueceremos de você.

− Eu não iria me esquecer de qualquer forma – Rafaella revelou, instantaneamente vermelha com a confissão.

Foi inevitável a vontade avassaladora de beijá-la. Fiquei me perguntando se aquilo deixaria Manoel levemente desconfortável, como se estivesse "sobrando". Não queria que ele se sentisse assim, mas ao mesmo tempo, não conseguia controlar o desejo de tomar aqueles macios lábios para mim.

− Vá em frente, garanhão. O código do melhor amigo gay me impede de ficar constrangido ou desconfortável – anunciou como se pudesse ler meus pensamentos.

Não esperei nem um segundo. Agarrei Rafaella pela cintura e puxei-a na minha direção, finalmente beijando-a como gosto de fazer. Foi agradável, doce, único... Mas acabou rápido demais. Fomos interrompidos por um gato assustado, que também nos assustou. Rafa estranhou seu comportamento e tentou se aproximar do felino. Não precisou nem de cinco minutos para constatar que ele estava ferido... E foi assim que iniciamos a operação que Manoel batizou de #StayStrongFrajola.

No apartamento do Manoel, mais conhecido como "apê fabuloso", providenciamos banho, alimentação e cuidados médicos para o Frajola, que parecia um gato doméstico que vinha, no entanto, sofrendo agressões constantes. O gatinho preto e assustado foi batizado de Frajola em virtude da hashtag criada por Manoel, que tentava, na internet, conseguir um lar adotivo para o bichano do qual cuidávamos.

− Eu cortaria os meus pulsos se tivesse que lidar constantemente com animais machucados – Rafa confessou com sinceridade, enquanto dava leite ao felino. Pela forma como Manoel parecia odiar a situação, eu podia imaginar que ele cursava biologia para investir nas pesquisas, assim como a Rafa.

− E queremos investir na área dos estudos – Manoel complementou, falando pelos dois e confirmando minhas suspeitas. A ruivinha assentiu alegremente.

− Sem contar o nosso fascínio pelas plantas... – acrescentou, sorrindo para mim e seu amigo.

Nas horas seguintes, providenciamos todo o necessário para proporcionar ao forte Frajola uma recuperação rápida. Manoel foi o primeiro a ganhar a confiança dele, que sem dúvidas tinha suas razões para ter pulgas atrás das orelhas quando o assunto eram os humanos. Quando deixamos o "apê fabuloso", que seria o novo lar temporário do pequeno gatinho, voltamos para o nosso apartamento. Fizemos um lanche rápido, pois precisávamos nos arrumar para cair no samba na Marquês de Sapucaí. Marcela chegou alguns minutos depois da gente, acompanhada. Do Stéfan, é claro. Foi aí que me lembrei que teria de lidar com ele naquela noite. Sorrindo na nossa direção, ele cumprimentou a minha garota primeiro.

SINGULAR (degustação)Where stories live. Discover now