VERSÃO ANTIGA

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Casamento. Palavra com apenas quatro sílabas, mas com significado imensurável. Nina, por sorte, já havia entendido isso. Ela havia escolhido dividir sua vida com o meu irmão e não havia palavra ou expressão capaz de suavizar uma escolha tão importante. Ela andava surtada, é verdade. Tinha pesadelos estranhos (só na semana do casamento, mas ainda assim), transpirava em locais improváveis e seus desejos eram bem esquisitos também (ela parecia uma mulher grávida, o que, como bem sabemos, não é o caso). O tão aguardado casamento se aproximava de forma veloz. Os dias passavam tão rápido, que era difícil saber se estávamos vivendo um ano como qualquer outro. Esse, especificamente, parecia muito mais especial. Talvez por todas as coisas que tinham acontecido, ou talvez por todas as coisas que ainda iriam acontecer.

Quando por fim celebramos a chegada de um novo ano, eu relaxei um pouco. Todos estavam surtando com os preparativos do casamento, exceto eu. É claro que eu estava feliz, ansioso e tal, mas eu não estava disposto a ser mais um naquela espiral doentia de negatividade. Ah, sim! Porque todos só conseguiam pensar nos "se's" da questão.

O desaparecimento da Nina fez com que todos tirassem conclusões precipitadas. Sequestro. Desistência. Assalto. Fuga. Perda de memória. Enquanto todos arrancavam os próprios cabelos, fui ao mercadinho da esquina e comprei quase toda a seção de macarrão instantâneo. Todas aquelas bocas despejando medos e anseios cedo ou tarde estariam morrendo de fome. E a única coisa que sei cozinhar (mais ou menos) é macarrão instantâneo. E não é que ele foi muito bem aceito?

Quando finalmente a Nina resolveu dar as caras (sã e salva, como previ), todo mundo a inundou de perguntas. Era evidente que todos estavam com fome... Quem sabe um pouco de comida não melhorasse o clima? É como minha cunhada sempre diz, de barriga cheia tudo parece mais fácil. E, sim, só para variar, ela estava certa.

Nina já estava empregada. Os negócios da minha mãe prosperavam de forma assombrosa. A livraria do meu irmão seguia com bons números. Marcela estava muito satisfeita com seu emprego, apesar de ter variações de humor constantes por causa do Stéfan. E eu estava apenas férias. Minhas únicas obrigações eram o grupo de apoio, as consultas médicas, bem como as aplicações de testosterona. Fora isso, minha vida um marasmo danado. Depois de experimentar meu traje de padrinho (pela centésima vez), resolvi visitar Martín e Candela. Os dois estavam morando juntos e aquela união relâmpago deles parecia estar dando muito certo. Quando cheguei ao apartamento, quase não o reconheci. O ambiente extremamente masculino e sem vida do Martín havia sido renovado. Revigorado pelo toque feminino e extremo bom gosto da Cande.

− Uau... Está parecendo outro lugar – reagi de imediato assim que passei pela porta.

Eles haviam preparado uma deliciosa lasanha de presunto para o almoço. Ceci também se juntou a nós. Tivemos uma tarde muito agradável. Naquele núcleo, o assunto não girava em torno de nenhuma cerimônia de casamento... O que se provou um alívio. Falamos sobre diversos assuntos. Em determinado momento, começamos a jogar twister, o que foi muito, muito, muito engraçado. Fazia tempo que eu não me divertia de forma tão despretensiosa. Cande, que havia nos conhecido há pouco tempo, parecia nossa amiga de infância. Apesar de gostar da Ceci e do Martín desde sempre, acho que Candela foi a responsável por estreitar nossos laços.

Eu havia tentado convencê-los de se juntar a nós na nossa aventura carnavalesca, que aconteceria no mês seguinte. Ceci pulou fora alegando odiar aglomerações festivas, o que eu já sabia. Martín e Candela não poderiam ir, pois o a grana estava curta. Martín trabalhava e sustentava outra pessoa além dele no momento. Cande estava tentando conseguir um emprego, mesmo que temporário, mas o fato de ser transexual não estava ajudando. É claro que sempre a dispensavam com outras desculpas, mas elas eram tão absurdamente sem sentido, que ficava muito claro o motivo de sua dispensa.

O grande dia finalmente havia chegado. Nina estava magnífica, para dizer o mínimo. Ela atrasou bem menos do que o esperado, o que foi um alívio, considerando que fazia um calor danado e eu estava louco para tirar aquele smoking. Marcela também estava linda. Depois de termos compartilhado uma noite bastante íntima, seu sorriso ficou mais forte e não esmoreceu nem mesmo quando avistou Stéfan sentado entre os convidados.

Nina, sagaz como só ela sabe ser, pediu a minha ajuda para armar uma pequena cena. O que, preciso enfatizar, fiz com muito prazer. Marcela estava soterrada na cova dos leões. Bem, na verdade, não. Ela estava soterrada em uma cova com um touro (bem chifrudo, diga-se de passagem), uma anta e uma piranha. Era um trio e tanto! Nós a resgatamos e posamos para a primeira foto, ao lado da noiva, que rapidamente se retirou. Apenas Marcela e eu posamos para uma segunda foto.

E então, um beijo.

O BEIJO.

Não foi difícil fazer com que saísse faíscas daquele encontrar de lábios. Bastava recordar tudo que havíamos feito na noite anterior. Com essa simples lembrança, tomei o magro corpo de Marcela entre os meus braços e a devorei, como sabia que ela gostava. Ela retribuiu de bom grado e eu estava doido para a ver cara de otário do Stéfan. Não o fiz porque... Bem... Ainda estava me empenhando naquele beijo. Ao final, sem que ninguém mais percebesse (talvez a Nina, dada a proximidade), Marcela acariciou meu rosto e sussurrou em minha direção: muito obrigada.

− Sempre que quiser – devolvi, sem segundas intenções. Ok, talvez nem tanto.

E tudo ia muito bem, como sempre disse que seria. Toda aquela paranoia e desespero foram em vão. A comida estava deliciosa, o domingo estava ensolarado, mas também fresco, a seleção de músicas não podia ser melhor. Como eu disse, tudo na mais perfeita ordem. Pelo menos até... Até... Até...

A aparição indesejada de meu pa... Miguel.

Respirei fundo e tentei aliviar a tensão acumulada em meus pulsos, mas acho que foi em vão. Aquele homem não tinha o direito de estar aqui. Na verdade, ele não tinha mais direito a nada na nossa família. Afinal, por livre e espontânea vontade, ele a abandonara. O casamento do meu irmão mais velho era resultado de uma vida correta, cheia dos melhores valores passados por nossa mãe. Miguel não fazia parte daquilo, então não tinha o direito de comemorar qualquer que fosse a nossa vitória.

Determinada, minha mãe se aproximou dele, tentando resolver a situação sem um escândalo. Nico logo foi se juntar a ela. Eu não conseguia olhar para aquela cena sem vontade de vomitar. Ou de socar a cara daquele cretino que vez ou outra resolve dizer que é nosso pai. Ou pai do Nico, o que é mais provável. Para não cometer nenhuma loucura, eu simplesmente me afastei. Para longe daquela cena, daquela discussão e de seu provável desfecho.

É evidente que eu queria proteger as duas pessoas mais importantes da minha vida, mas aquilo estava além das minhas forças.

Seja o que Deus quiser! 

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Hey, poderosos, como vocês estão? <3 Já viram a novidade que preparei para vocês? Já está no meu perfil e vocês já podem adicionar às suas bibliotecas. Nesse natal, resolvi presenteá-los com um antigo conto natalino, intitulado "Alguém como você". Os posts acontecerão nos dias 23, 24 e 25 de dezembro E NÃO É SÓ ISSO. No dia 25, a partir das 14h, estarei on-line ao final do conto para colocarmos a fofoca em dia *-* Quero saber como vai a vida de vocês e atualizá-los sobre a minha. Perguntem o que quiser... Vou responder tudo com o maior carinho. E vamos aproveitar a oportunidade para fazer mais amigos e aumentar essa família wattpadina maravilhosa <3 <3 <3

Agora, sobre SINGULAR! Eu não tinha planejado relatar esses mesmos acontecimentos de PEG, mas resolvi atender aos pedidos de vocês. MAAAAAS, para a compreensão do capítulo 26 (provavelmente) é importante que se tenha lido a nova versão de PEG, disponível na Amazon. Se você não garantiu seu e-book e leu as novas cenas (principalmente a do epílogo), recomendo que o faça para ficar por dentro e compreender os novos acontecimentos :p 

Agora há pouco, enviei mais e-mails para vocês <3 Fiquem de olho na caixa postal (e na caixa de spam também, porque vai que né...) e me respondam o mais breve possível se quiserem garantir seus marcadores do Noah/Nina *-* 

E eu acho que por hoje é só!!!! Vejo vocês na próxima quarta???

Ah, sobre os combos promocionais com brindes de PEG e Singular, AVISO: resta apenas UM disponível. Se quiser que ele seja seu, corra lá no blog e faça seu pedido!!!! nemteconto.org/thatimachado :D 


SINGULAR (degustação)Where stories live. Discover now