22. Abraço

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Grávida?

Katherine estava grávida?

Meu coração pulsava violentamente contra meu peito. Minhas mãos estavam trêmulas e sentia gotículas de suor formando-se em minhas costas. A imagem do quarto de Katherine sumiu e em segundos estava de volta à cozinha de Andrew, sentada próxima à bancada com Jacob ainda ali, fitando-me com atenção.

— E então? — ele perguntou.

Engoli em seco. Minha boca estava aberta, já que no momento estava difícil respirar normalmente.

— Por favor — implorei, tentando regular minha respiração novamente, aparentando ser um ato em vão — me fale o que realmente aconteceu.

Jacob respirou fundo e olhou atentamente para mim pela última vez antes de finalmente abrir a boca:

— Você morreu em Outubro de 1837 — começou — na clareira de um bosque próximo à sua casa, em Castle Combe. Logan contou ao clero sobre o seu romance um dia antes de sua morte. Gabriel, Miguel e todos os outros arcanjos mandaram os anjos da morte à sua procura, e quando acharam-na, souberam de imediato que você estava grávida. Grávida de um anjo.

Respirei fundo ao ver uma imagem difusa, porém relativamente clara invadir a minha mente: dois homens vestidos em túnicas brancas, seguravam lanças reluzentes e, com um movimento rápido e preciso, cravaram ambas as armas em meu peito. Senti uma dor aguda e breve, e levei os dedos institivamente ao peito, no mesmo lugar onde há uma pinta razoavelmente pequena. Fora ali que as lanças haviam sido enterradas.

— Você sabe o quanto aquilo foi grave? — continuou Jacob — uma humana grávida de um anjo! Se você não estivesse esperando um filho, talvez as consequências não seriam tão graves. Talvez tivesse apenas suas memórias em relação à Andrew arrancadas de você. Talvez não estaria agora presa em um carma.

Dessa vez foi Jacob que engoliu em seco antes de prosseguir:

— Eu não podia intervir, então apenas fiquei assistindo tudo como um mísero espectador. Agonizando. Nós, anjos da guarda, realmente criamos um vínculo com quem protegemos. E vi você crescer, Amy. Cuidei de você, mesmo de longe. Não conformava-me que o clero faria aquilo; tirar a sua vida tão subitamente. Foi a gravidez.

— E o que há realmente de errado em um humano engravidar de um anjo?

O punho de Jacob pousou sob a bancada, juntamente com seus olhos. Após alguns segundos, virou novamente o rosto para encarar-me. Dessa vez, uma expressão sombria tomou conta do semblante de Jacob.

— Andrew não contou nada a você? — perguntou.

Meneei a cabeça em negativa.

— Bem — respirou fundo, passando a fitar o teto — quando os anjos engravidam as mulheres, seus filhos chamam-se nephilins — "isso eu sei", pensei — Ou pode simplesmente chamá-los de gigantes. Os nephilins foram uma raça nojenta que habitou a Terra por um curto período de tempo. Eles eram simplesmente repugnantes. Lembro-me que chegaram ao ponto de comer os humanos, quando as comidas na Terra não os satisfaziam. Por isso, o clero convocou os melhores anjos para uma pequena guerra com um único objetivo: exterminar os nephilins. Por sorte foram todos mortos.

— Quase todos. — murmurei.

— O que quer dizer?

— Há um nephilim trabalhando para Andrew, no castelo.

— Não oferece nenhum risco. — disse Jacob, mais para si próprio do que para mim — mas você entende agora? — perguntou, com os olhos em mim novamente — você não podia ter aquele filho. Por isso o carma, a sua morte, a caída de Andrew... foi um castigo, para lembrarem-se sempre do pecado que cometeram.

Meu CarmaWhere stories live. Discover now