6. Demônios

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Estava um pouco tonta e não sabia bem o por quê. Minhas pálpebras pesavam e sentia que acabara de acordar, porém, estava de pé. Olhei-me no enorme espelho ao meu lado. Estava vestida com um vestido - estilo vitoriano - preto com alguns detalhes roxos. Meus cabelos ondulados estavam soltos e minhas mãos seguravam com força o tecido espalhafatoso. Ao meu lado no chão, encontravam-se algumas malas.

Para falar a verdade, não era exatamente eu no reflexo do espelho. Parecia-se como uma versão minha mais velha. Mas tinha certeza que a menina refletida ali não passava dos 18 anos. Ouvi batidas na porta e virei o rosto de imediato em direção à entrada. Após segundos, Andrew adentrou o quarto sorrindo. Meu Deus, pensei. O que ele está fazendo aqui?

Andrew aproximou-se. Senti suas mãos em meu rosto e juro que tentei afastar-me, mas simplesmente não saí do lugar. Os lábios dele aproximaram-se mais um pouco e nos beijamos. Exatamente, nos beijamos. Eu beijei Andrew Biersack. Assim que nos afastamos, algo parecia contorcer-se em meu estômago e eu sabia que, cedo ou tarde colocaria para fora qualquer coisa que havia comido.

- Está ansiosa? - perguntou ele.

Ansiosa para o quê?

- Sim! - exclamei.

Ok. Aparentemente, eu não controlava minha fala e muito menos meus movimentos.

Andrew abaixou-se para pegar as únicas duas malas que ainda estavam postas no assoalho. Sorriu mais uma vez para mim e encaminhou-se para porta. Segui-o, sabe-se lá para onde. Passamos apressados por um corredor longo, logo uma escada mais longa ainda surgiu a nossa frente. Descemos rapidamente e logo já estávamos próximos à uma porta alta, com flores e mais algumas outras coisas entalhadas na mesma. Quando finalmente saímos do local, percebi que estávamos em uma propriedade enorme e atrás de nós, era praticamente uma mansão.

Uma carruagem parecia estar a nossa espera. Subimos de imediato na mesma e logo o cocheiro balançou as rédeas, ordenando que os cavalos andassem. No assento fofo, Andrew estava sentado ao meu lado e então, senti sua mão entrelaçar-se na minha. Virei o rosto para olhá-lo e mais uma vez, nossos lábios selaram-se em um beijo. Dessa vez, um beijo intenso. Andrew afastou-se por um tempo e voltou a sorrir. Seus olhos brilhavam.

- Será um longo tempo de viagem. - disse ele, voltando a sua postura reta no assento acolchoado.

- Não irei importar-me com você ao meu lado. - eu disse. Ou melhor, a menina disse. Que confusão. E que frase brega.

Encostei minha cabeça no ombro de Andrew, enquanto sentia a carruagem balançar devido a estrada, que provavelmente era acidentada.

Meu estômago parecia revirar a cada balanço que a carruagem dava.

- Você acha que eles já descobriram? - a menina perguntou.

- Ainda não - respondeu ele - mas sinto que isso não demorará tanto para acontecer quanto imaginamos.

Um arrepio percorreu minha espinha.

- Eles estão aqui. - eu disse. Ou, a menina disse... enfim.

- Como você sabe? - o tom de preocupação na voz de Andrew era claro.

- O oráculo... eu consultei-me antes de finalmente decidirmos a viagem. Eles estão...

- Não - interrompeu Andrew - eles não estão aqui. E eu prometo que nada atrapalhará nossa viagem.

Um fungado saiu de mim e logo percebi que algumas lágrimas rolavam.

Meu CarmaWhere stories live. Discover now