18. Ceia

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Os olhos dele desceram e fixaram-se na minha boca. Eu não pensava em mais nada. Simplesmente nada.

Ouvi passos no corredor, mas não ousei me afastar. Precisava ficar ali. Era exatamente o que eu queria.

— Sr. Andrew! O senhor não imagina o que o nephilim fe... — gritou uma voz estridente e conhecida, mas foi interrompida no momento em que a porta do escritório foi aberta, revelando assim uma Charlotte confusa ao nos ver ali, com meu corpo ainda rente à parede e com o braço de Andrew um pouco acima da minha cabeça.

Andrew afastou-se de imediato enquanto eu permaneci ali, tentando controlar minha respiração antes desregulada.

— Me desculpe, sr. Andrew — Charlotte disse, passando a encarar os próprios sapatos de boneca — era para eu ter batido antes. Me descul...

— O que você quer, Charlotte? — a voz de Andrew soou mais grossa que o normal. Estava agora do outro lado do cômodo, de frente para nós duas, porém com os olhos voltados para o piso; os braços apoiados na mesa enorme.

— Eu vim para fazer uma reclamação do nephilim — ela disse tirando o olhar dos sapatos e pousando em Andrew — mas volto mais tarde. Me desculpe mais uma vez.

— Volte daqui alguns minutos. — Andrew disse cruzando os braços e lançando um olhar severo a Charlotte — tenho que conversar com Amy em particular.

— Tem?! — indaguei surpresa e com a voz saindo esganiçada demais.

Andrew olhou para mim, ainda sério com o polegar sob os lábios e assentiu.

Charlotte saiu em silêncio, nos deixando sozinhos mais uma vez. Ai meu Deus, pensei, ele vai falar dessa aproximação estranha. Do quase beijo. Espera... foi um quase beijo?

Andrew cruzou os braços, o polegar ainda sob seus lábios e o olhar totalmente em mim. O ar parecia ter sido retirado do local e nada mais estava como antes: com aquela sensação boa rondando os dois. Agora estava tenso e pesado.

— A sua agenda deve ter caído. — ele disse sério, mas ainda assim com os olhos em mim.

Respirei fundo e olhei para baixo. Forcei-me a finalmente me mexer e pegar a agenda, segurando-a outra vez com força em meus braços contra meu peito, dessa vez encolhida, como se fosse uma pessoinha assustada. E talvez fosse isso mesmo.

Ele não ia conversar sobre o beijo, estava bem claro agora. O que de certa forma era bom, já que não queria relembrar minha estupidez ao esperar ansiosa para que nos beijássemos. Burra, burra, burra, burra.

— Há algo mais para me dizer? — Andrew perguntou. O polegar pressionado sobre o maxilar e os olhos azuis intensos diziam que, ele se referia a outra coisa. Uma coisa que até então eu não havia falado — aconteceu algo antes de vir para cá?

Engoli em seco. Ele estava se referindo a Logan, claro. Mas por que simplesmente, não perguntou-me sobre isso antes? Óbvio, ele precisava encenar aquela aproximação. Era por ele que eu havia me apaixonado em outras vidas? Meu Deus, que decadência.

— Sim. — respondi — Logan apareceu no meu quarto, se é isso que quer saber.

— E o que ele disse?

— Pediu desculpas. Aparentava mesmo estar muito arrependido — menti, já que Logan parecia desesperado do que qualquer outra coisa.

Andrew deixou uma risada baixa escapar, mesmo não havendo humor algum.

— É, claro. Não confie nele, Amy. A partir de agora, conte-me tudo em relação a Logan, caso ele volte a aparecer.

— Como assim? — engoli em seco mais uma vez — ele pode vir para cá?

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