CAIO & ZAIRA 26

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CAIO

Pela primeira vez em algumas semanas, sentia-me livre. Observava as pessoas ao meu redor, entretidas nos assuntos do seu dia a dia e pensava o quanto eu já tinha saudades de voltar a ter uma vida normal.

A vida que eu tinha antes de tudo mudar.

Ser de novo uma pessoa simples, sem estar ligada a tudo que é ilegal e perigoso. Mas, ambos sabemos que depois de entrar, torna-se quase impossível de conseguir saír.

Não tinha a certeza de onde era a famosa mansão ou, neste caso, prisão de Roger Bernardi.

Apenas tive uma vez, uma curta conversa com um cliente meu, e ele descaiu-se dizendo que já tinha ido lá e que era no meio do nada. Perto de um bosque e escondido de tudo e todos.

Por isso, decidi arriscar e tentar a minha sorte.

Eu precisava de trazer a Zaira comigo. Ainda há tantas coisas que tenho para viver com ela, de conhecer dela.

E eu estou morto para começar essa aventura pelo desconhecido.

ZAIRA

Dimitri, não...

Afasto-o, com a minha mão. Não podia caír de novo nas suas palavras.

Virei-me de costas para ele e respiro fundo. Senti ele se afastar de mim e a porta por detrás se fechar bruscamente.

Dimitri havia saído, aziado por eu não lhe dar aquilo que ele queria. Já era típico.

Atiro-me para a cama e olho para o teto. Talvez, à procura de uma resposta ou de um mapa para conseguir fugir desta casa.

— Filha, precisamos falar.

A porta se abriu e o corpo do meu pai apareceu na minha visão. Engoli em seco ao pensar no porquê de ele se ter dirigido aqui.

— Não tenho nada para falar com o senhor.

Recuso, virando o meu rosto noutra direção.

— Zaira, não sejas assim e vem.

Eu não queria ir. Sabia que não iria ser algo bom, mas a curiosidade de ver o que era foi maior.

Um medo percorreu pela minha espinha quando me lembrei de Caio. Será que ele o tinha encontrado?

Levantei-me e caminhei até ele.

— Vamos.

Disse, passando na sua frente. Consegui notar o seu sorriso, ao ver que tinha conseguido aquilo que queria. Tudo aquilo que sempre quis.

Riqueza. Poder. Ser temido.

E no que toca a mim, ter a filha noiva de um homem rico, para poder continuar toda a sua linhagem.

Mas, ainda bem que eu saí à minha mãe.

— Vai falar o porquê de querer conversar comigo?

Digo, sentando-me no cadeirão de cabedal. Ele apenas me dá uma caixa para as mãos.

— O teu presente de casamento.

Eu reconhecia aquela caixa. Era impossível de esquecer.

Abri com cuidado e vi o anel de diamante embrulhado num papel brilhante.

— O anel da mãe.

Ele havia me dado o anel de casamento da minha mãe e dele.

Como é que ele me pode fazer isto?

Ele matou-a.

— Como podes ser tão cruel?

Lágrimas escorreram imediatamente do meu rosto ao lembrar-me o quanto ela deve ter sofrido nas suas mãos. Sem me dar conta, deixei o anel caír pelos meus dedos, como é que ele cada vez me pode desiludir mais?

— Não digas isso, Zaira. A tua mãe nunca foi a mulher perfeita tu sabes.

Dou uma risada irónica, levantando-me.

— Não foi a mulher perfeita?- Pergunto indignada- Sempre foi melhor do que si, um homem criminoso, que mata tudo e todos por o seu bem. Está enganado se me vou casar para ficar presa a alguém como o senhor.

Naquele momento, só senti algo arder na minha bochecha. O meu pai havia me batido.

A minha mão foi direta para a minha cara, que aposto que estava vermelha. O meu intuito foi de saír o mais rápido dali, após aperceber-me do que se havia passado.

Tentei passar por os corredores, não dando atenção se alguém estava a ver ou não.

Eu só queria desaparecer desta casa.

Eu não vou cometer o erro da minha mãe, nem vou deixar que me obriguem a o fazer.

Abraçei com as minhas mãos o colar que Caio me havia oferecido naquele dia no hospital, com a esperança de que ele me viesse buscar.

Que ele me tirasse daqui para fora.

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CONTINUA NO PRÓXIMO CAPÍTULO. ESTARÁS PRONTO PARA O QUE VEM AÍ?

In(quebrável) - Máfia e Vingança Where stories live. Discover now