CAIO & ZAIRA 06

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Zaira continuava ainda sem pronunciar nada. Acho que ela havia ficado com medo do que eu lhe pudesse contar sobre a sua mãe.

— Zaira... Há muitas coisas das quais não tens ideia, eu passei meses inteiros a descobri-las uma por uma. E sabes com qual é que eu fiquei mais surpreendido?

Fui até si e toquei levemente nas feridas que havia feito no seu pulso ao tentar se soltar, acariciando-as de uma maneira diferente. Eu estava com uma certa pena dela pois, Zaira não sabe nem metade dos crimes que Roger tem cometido ao longo de todos estes anos.

— Eu não sei se quero saber...

A morena falou baixo e quase sem voz. Era como se as palavras não quisessem saír da sua boca.

— Tens a certeza?

Tento mais uma vez, mas ela apenas acena que sim com a cabeça e uma lágrima escorrega pelo seu rosto.

— Eu não quero nem imaginar o que tens para dizer... Eu só preciso de estar sozinha. Se queres que eu esteja aqui presa, então eu fico, mas deixa-me sozinha.

— Eu não sou uma pessoa maldosa Zaira, acredita. Mas eu sofri muito, é como se eu quisesse que o teu pai visse e sentisse o mesmo que eu senti ao perder alguém de que gosto e que ele pela primeira vez possa ter uma ideia do quanto custa.
Quando quiser é só chamar, estarei sempre por aqui por casa. E se quiser saber algo do que eu falei há pouco também é só dizer, eu acho mesmo que devia ter noção daquilo que se anda a passar no grande " império" de Roger Bernardi.

Visto uma T-shirt que se encontrava em cima de uma cómoda e despeço-me dela um sorriso meio que provocador.

Hoje era o dia de começar a pôr esta casa melhor e para isso ela tinha de ser minha. E o meu caro amigo Theo iria me ajudar.

ZAIRA

Já tinha passado várias horas desde a última vez que falei com ele.
Estava a começar a ficar bastante frio e a minha barriga não parava de "resmungar" comigo.

O que eu mais queria era poder voltar para casa e estar de novo com o Dimitri. Abraçá-lo de tal forma, como da última vez que o vira na praia.

Ele deve estar preocupadíssimo por eu já não aparecer em casa desde ontem e o meu pai igual, ou então anda entretido com outros problemas, e com isto refiro-me a mulheres. As mulheres sempre foram um problema na nossa relação.


Ouço a porta abrir e lá está ele de novo. Não mostrava emoções, apesar da ajuda voluntária que havia oferecido ontem para curar os meus pulsos.

Ele vinha, mais uma vez, sem nenhuma camisola vestida no corpo. Reparo atentamente em cada tatuagem que este possuía desenhada em si. Nunca fui grande apreciadora de homens com tatuagens mas nele era impossível dizer que não me atraía. Posso até afirmar que podia ser pior, podia ser um raptor velho e sem dentes, com mau cheiro e rancoroso.

Mas, em vez disso, ele é todo estruturado, com a barba cuidada e um cheiro que dá até vontade de querer comer o ar.

Ele se aproximou, carregado com um tabuleiro que continha alguma fruta e um sumo do qual parecia ser sumo de laranja.


— Não pretendo que morras à fome.

Ele comentou, sorrindo de leve.

— Estava quase.

Disse, desviando o meu olhar do seu. Por algum motivo parecia que acabava sempre por perseguida pelos seus olhos verdes.

— Preciso de descer agora. Não ligues se houver barulho. E ah, já me esquecia, depois mais tarde trago-te o jantar.

Ele fala, apressado. Passou-me o tabuleiro e quando ia virar costas para ir embora, ganhei coragem para perguntar o porquê de ele ter falado aquilo.

— Como assim, barulho?

Pergunto, curiosa. Ele encara-me de novo com um sorriso desafiador nos lábios.

— São só algumas coisas que estou a preparar. Nada de mais, até.

Ele nunca me dava detalhes de nada. E isso irritava muito. Muito mesmo.

— Na boa.

Comentei sem entusiasmo.

— Se te portares bem, até te deixo saír deste quarto para ires jantar comigo, lá abaixo.

"Eu queria era saír desta casa. Não ir jantar lá abaixo".

Mas, até pode ser que consiga fugir se for até o andar de baixo.

— Espera! - Digo ao vê-lo abrir de novo a porta de madeira, o moreno vira-se para mim, fazendo-me engolir em seco ao reparar, mais uma vez, no seu corpo bem constituído. Tentei não me distrair com estes pensamentos e perguntar-lhe o que iria perguntar ontem, mas que acabei por esquecer- Qual é o teu verdadeiro nome?

Ele parou, como se estivesse surpreso com o que eu havia lhe dito. Deixou-me, literalmente, num vácuo total e só após algum tempo de bastante constrangimento e olhares indecifráveis, o rapaz que não me diz o nome sai do quarto sem dar nenhuma justificação ou sem responder à pergunta que eu havia lhe feito. Eu tinha a certeza absoluta que ontem ele não havia dado o seu nome verdadeiro. Era burro se o fizesse.

Afinal, eu sou filha de Roger. Alguma coisa tinha que aprender com ele.

 Alguma coisa tinha que aprender com ele

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CONTINUA JÁ JÁ. ESPERO QUE ESTEJA DO VOSSO AGRADO.

SEMPRE AQUI. BEIJOS.

In(quebrável) - Máfia e Vingança Where stories live. Discover now