CAIO 05

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O dia estava a acabar e a vontade de dormir neste sofá velho não era lá muito agradável.

Vi que tinha várias mensagens de Theo no meu telemóvel. Decidi responder-lhe para não "preocupar" ninguém com a minha ausência.

Theo: Espero bem que tenhas uma boa desculpa para não responderes às chamadas do chefe.

Revirei os olhos, começando a digitar sem pensar.

Eu: A boa desculpa é que estou farto de depender dele para o fazer rico.

Vou a um armário e reparo que estes se encontravam com alguns cobertores velhos e mantas guardadas numa caixa de cartão.
Sorri com o pensamento de que hoje não iria dormir com frio, apesar de elas conterem um cheiro estranho de estarem tanto tempo sem serem usadas.

Ouvi algo vindo de lá de cima e calculei logo que era a Zaira, só podia ser ela, visto que só nós dois é que estamos a passar umas mini-férias torturantes nesta casa. Bem, a Zaira está.

Subo as enormes escadas de madeira e entro no quarto onde a havia colocado quando chegamos.

- Estás maluca?

Falo ao vê-la forçar de novo as suas mãos nas cordas. Ela parecia desesperada para conseguir saír daqui.

- Eu não quero estar mais presa nesta cama... Eu não consigo.

O seu rosto estava inchado e avermelhado. Deu-me pena vê-la assim com esses ferimentos, feitos por minha causa.

- Vou buscar algo para curar essas feridas. Mas, não te mexas mais.

Ela pareceu assentir com a cabeça, observando-me enquanto virava costas à procura de alguma coisa que a pudesse ajudar a acalmar.

Acabo por encontrar algodão numa gaveta e decido pegar para limpar o sangue que acabou por sujar um pouco as suas mãos.

O seu corpo estava frio. Talvez, devesse mais tarde trazer algo para ela para, ao menos, ela dormir mais quente.

Suspiro fundo, pensando duas vezes antes de retirar a chave das algemas, do meu bolso traseiro.

- Eu não fujo.

Ela sussurrou, fazendo-me retirar de uma vez as chaves, apesar de ainda estar receoso de ela tentar algo contra mim.

Segurei as suas duas mãos magoados e abri as algemas, libertando os seus pulsos da pressão a que estava submetida.

- Não vou saír daqui agora. Não posso deixar que tentes escapar.

Digo, sentando-me do seu lado. Zaira desviou-se de mim, mas eu segurei seu corpo, afirmando que não iria deixar que ela se afasta-se muito de mim.
Mesmo assim, consegui ouvir a morena suspirar, talvez de alívio por as suas mãos estarem de novo livres, enquanto olhava para elas com um tom preocupante.

- Isso precisava de um curativo. Está muito forçado nessa zona.

Aponto em direção à palma da sua mão e ela abana a cabeça, negando a minha ajuda.

- Eu não preciso de nada. Só quero poder saír daqui.

- Desculpa morena, mas isso não será possível. Eu se fosse a ti agradecia a minha ajuda, porque isso não está com nada bom aspeto.

Ela olha de novo para as suas mãos e logo depois para mim, novamente.

- Eu aguento.

Arqueio as sobrancelhas, ao ouvir a sua força interior falar mais alto.

- Eu vou ver se arranjo algo, mas vou trancar a porta na mesma.

Levanto-me, ignorando o seu orgulho. Fecho a porta com a chave e fecho os olhos, quando ouço algo bater contra o chão.

In(quebrável) - Máfia e Vingança Where stories live. Discover now