CAIO 09

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CAIO

O seu olhar concentrava-se apenas em mim naquele momento.
Se me parecia o mais certo caír na tentação de a beijar?

Não.

Mas há coisas que simplesmente são impossíveis de resistir e, aos poucos, eu ia descobrindo que uma dessas coisas se chamava Zaira Bernardi.

Continuávamos os dois na mesma posição de uns minutos atrás quando caímos, um por cima do outro, no chão de madeira escura.
As minhas mãos descobriam aos poucos, todos os detalhes do seu corpo e Zaira apenas observava, atentamente, todos os gestos que eu ia fazendo consigo.
Eu sabia que não a podia beijar, era errado se o fizesse, mas também estava a ser difícil de controlar o desejo enorme de beijar aqueles seus lábios carnudos, que estavam agora, tão próximos dos meus.

— De onde tu apareceste, Brooklyn?

Sorrio ao ver que ela decorou o apelido que lhe havia dito como disfarçe, no dia em que a trouxe comigo para esta casa. Mas, de alguma forma, achei aquilo bastante sensual. Ela era sensual. Mas não podia ser, isto era só um momento, não podia ser mais que isso.

— Vim de muito longe daqui. O meu pai deve ter te contado já que eram assim tão próximos.

Disse, tentando levantar-nos aos dois. Eu tinha que ser mais forte que esta atração repentina.

— Não... Ele nunca disse nada.

A sua cara transbordava bondade. Eu sabia que ela não era como o pai, mas de certa forma era como se eu, mesmo tendo essa certeza de ela ser diferente, não conseguisse confiar nela.

— Talvez nunca tenha vindo à conversa.

Tentei despachar o assunto e eu próprio baixei o seu vestido que há pouco havia levantado, deixando-a um pouco envergonhada.

— Talvez.

Ela falou olhando para baixo.

— A cozinha é já ali. Fiz o jantar mas já deve estar um pouco frio agora.

Libertei um pequeno sorriso. Devia ser das pessoas que eu conseguia rir de forma sincera à sua frente.

Tento sempre passar uma imagem de perigoso e sem sentimentos, para as pessoas não verem o meu medo.

Toda a gente tem medos, talvez uns piores que outros mas toda a gente teme algo, nem que seja uma coisa leve ou insignificante.
Eu desde dois meses para cá que ganhei um medo novo.

O medo de ser preso.

O meu pai contava que era difícil a vida na prisão e só mesmo ele o podia dizer, visto que passou lá uns 5 anos da sua vida. Muito antes até de eu nascer.
Dizia que nunca se via a luz do sol e que se não te integrasses, então aí era o teu fim.

E agora, eu tenho medo que me aconteça igual, mas também sei que se acontecer eu consigo me defender. Tenho meios e vários contactos.

O que eu quero dizer é que eu não me importo de enfrentar o meu maior medo, se for para fazer justiça à morte do meu pai.

— Em que tanto pensas?

A morena que se encontra à minha frente pergunta, fazendo-me caír de novo na realidade.

— Nada, vamos comer.

Seguro nela para não me escapar de novo e sento-a ao meu lado na mesa.

Eu não podia deixar que ela fugisse.

— Isto é mesmo preciso?

Ela pergunta quando encosto a sua cadeira para mais perto.

— Sim é.

In(quebrável) - Máfia e Vingança Where stories live. Discover now