Capítulo XXVI

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Estava descendo para tomar meu desjejum, quando ouvi alguém exaltado, não gritava, mas falava mais alto do que o que comumente estávamos habituados a falar dentro de casa. Não reconheci de imediato a voz, por estar alterada. Mas logo na sala de estar vi Claus totalmente transtornado e depois vi tia Mary aflita.

As únicas palavras que consegui ouvir foram:

-Você não tinha o direito de decidir por mim Mary! - Jogou um papel que estava em sua mão no chão e saiu da sala como um furacão. Nem me viu descendo as escadas.

Tia Mary saiu atrás chamando insistentemente o nome dele.

Fui atrás de tia Mary e da porta vi que ela havia alcançado Claus, ele estava parado ouvindo algo que ela dizia, ele colocou as mãos no rosto e parecia chorar, estavam longe não conseguia ver direito. Ela se aproximou dele e o abraçou.

Não quis ficar ali olhando. Entrei e encontrei tia Maggie na sala de visitas terminando de ler o papel que Claus havia jogado no chão! Logo após me entregou para que eu lesse!

Uma letra feminina e bem desenhada preenchia o papel pautado. Era a carta de tia Mary!

Olhei para tia Maggie, na dúvida se a lia ou não! Ela fez que sim com a cabeça me incentivando a seguir em frente. Li as seguintes palavras:

Querido Claus,

Espero que essa carta lhe encontre bem e com saúde!

Atrevo-me a lhe chamar de querido, porque você foi e continua sendo meu único amor! E também sei que você não casou. Por isso escrevo, na esperança que seu perdão venha me tirar desse tormento que vivo desde nossa separação!

Fui eu a única responsável por tudo que aconteceu.

Quero que você saiba por mim tudo que eu fiz, para que o nosso casamento não acontecesse e também porque eu o fiz!

Um mês antes de nosso casamento, surgiu em meu pescoço um pouco atrás da orelha, um caroço! Ele aumentou consideravelmente em uma semana. Fiquei preocupada e fui até o Dr. Andersen, o antigo médico da cidade. Fui diagnosticada com a mesma doença que matou minha mãe, ele me deu no máximo três meses de vida, o mesmo que aconteceu com ela.

O mundo desmoronou sobre mim depois daquela notícia! Foi à noite mais tenebrosa de minha vida, passei a noite toda pensando o que deveria fazer.Não contei a ninguém!

Era certo para mim que não deveria continuar com o noivado e o casamento. Tentei diversas vezes contar para você o que estava acontecendo, mas não tive coragem! Não queria que ninguém soubesse, que tivessem piedade de mim.

Meu coração se afligiu ao pensar em você!

Achava que você merecia uma família, uma esposa e que fosse feliz! Estava empenhada em fazer isso tornar-se realidade.

Por isso me aproximei de Leonor, fiz amizade com ela! Percebi que ela era uma boa mulher, era sincera e responsável e que te amava! Mas ela não entraria em nosso caminho se eu ou você não permitíssemos. Era uma mulher descente e sabia seu lugar. Em nenhum momento disse a ela o que acontecia comigo e o que pretendia. Então planejei um jeito para que terminássemos nosso noivado e você se comprometesse com ela.

Quando as folhas caemOnde as histórias ganham vida. Descobre agora