Capítulo III

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Corri como nunca havia corrido na vida, desviava das árvores a minha frente como um felino em fuga, não parei até alcançar o fim da mata e o começo do campo, já estava perdendo o fôlego. Então olhei pra traz e não havia nada! Nada!...

Será que estava sonhando?!

Apoiei-me nos joelhos para descansar um pouco estava sem fôlego, e aproveitei para colocar a mente em ordem, será que foi um sonho? Coloquei a mão na cabeça e o galo estava ali, será que devido ao tombo imaginei aquele homem também?!

Continuei a andar em direção a casa, o sol já estava quase no meio do céu o que indicava que eu tinha ficado naquele lugar bem mais tempo que deveria, teria que andar rápido se quisesse não levar uma bronca por chegar atrasada para o almoço bem no primeiro dia naquela casa.

Comecei a correr novamente, tinha que me banhar e trocar aquela roupa que estava cheia de folhas...

Entrei pela cozinha, o cheiro estava maravilhoso, July estava lá ajudando à senhora Clara com os preparativos para o almoço.

-Onde estava senhorita, sua tia estava a sua procura, já estava ficando preocupada! - disse July rindo ao ver meu estado; vermelha, suada, folhinhas e carrapicho por toda parte.

- A senhorita brigou com algum arbusto?! - questionou a senhora Clara com cara de espanto.

Nem respondi, subi que nem um furacão para meu quarto, não percebi que July estava atrás de mim.

Tirei minhas roupas, lavei meu rosto e braços suados, coloquei o vestido que July havia separado, ela deu um jeito em meu cabelo, penteou tirou as folhas e fez uma trança decente. Olhei no espelho e meu rosto continuava vermelho, mas por enquanto era o melhor que dava pra fazer. Respirei fundo e desci as escadas, atravessei o imenso salão, que só agora percebi como era grande e suntuoso,minha tia me aguardava na sala de jantar.Era uma sala enorme, a mesa também era bem grande, minha tia estava sentada com cara de poucos amigos. Olhou pra mim e disse:

-Pela sua aparência parece que dormiu no sol, o que aconteceu que você esta toda esbaforida?

Comecei pedindo desculpas pelo atraso, me aproximando da mesa e me sentando na cadeira ao lado da dela que me havia indicado, relatei o ocorrido omitindo algumas coisas, como a visão com minha mãe e aquele homem, que até agora me pergunto se foi sonho. Quando disse que cai da árvore, ela ficou muito preocupada, pediu para ver o galo, e me deu mil recomendações, para tomar cuidado da próxima vez que quisesse subir em árvores.

No final de tudo deu um sorriso, e disse que eu tinha o mesmo espírito aventureiro de minha mãe.

Depois do almoço fui para o meu quarto, queria ficar sozinha e refletir nos acontecimentos daquela manhã, aquele sonho com minha mãe mexeu comigo, foi tão real, ver seu sorriso lindo e contagiante me fez chorar. Sentei na minha cama e comecei a observar aquele quarto, tudo era lindo, a cama era decorada com dorseis em azul claro e um azul um pouco mais escuro, não havia percebido antes mais o cheiro de minha mãe estava ali, as pinturas da parede eram pinturas a óleo de flores e florestas. O armário e a penteadeira eram brancos, tudo muito bonito e refinado. Fui até a janela de onde se via o jardim. Rosas, hortênsias, cravos, jasmins, lindas flores das mais variadas cores, mas as tulipas azuis se destacavam ao centro do jardim rodeando um coreto, que lugar perfeito!Damas da noite subiam até minha janela, suas pétalas caiam ao chão abaixo, cobrindo o gramado como se fosse neve. Bougainvilles de várias cores se entrelaçavam ao redor do jardim!

Se este lugar fosse o paraíso não queria sair de lá.

Sentei no assento logo abaixo da janela e fiquei ali admirando aquela beleza que hipnotizava.

Quando as folhas caemOnde as histórias ganham vida. Descobre agora