57 - O Inferno de Deus

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O som atordoante de contínuos disparos anunciaram minha queda forçada. E de forma atrasada, somente segundos após, meu cérebro notificou-me de que fui baleado... Repentinamente minha visão embaçou e da ponta dos pés até o último fio de cabelo pude sentir meu corpo tornara-se gélido.

Ao contrário do que todo mundo pensa, mesmo ferido fatalmente e estando em seus últimos momentos de vida, sim, pode-se sentir uma agonizante dor. Minha panturrilha esquerda doía de forma latejante. Nela e todos os outros quatro furos atuais em meu corpo queimavam de forma enlouquecedora. Mas, naturalmente, eu havia perdido minha voz e de forma gradual minha visão foi se apagando.

Coincidente ou não, meu último pensamento vivo foi... Sobre o inferno.

E como uma ducha fria, eu despertei em total desespero! Arregalando os olhos em meio à escuridão.

Em todos os ângulos não havia nada, sons, pessoas, alguma luz... Nada. A única coisa que preenchiam aquele suposto lugar onde eu estava era um frio congelante.

Passei minutos em silencio, e também sem pensar em nada. Estava em total choque, até que... Passos ecoantes eclodiram naquele 'vazio' em que eu estava, o som de sapatos sociais que estalavam a cada passo... "Tac, tac, tac, tac,".

- Nossa, estou lhe esperando há muito tempo! Pensei que chegaria mais cedo - A voz máscula ecoou tanto quanto o barulho de seus passos.

Em reação eu girei o corpo em todos os ângulos, procurando o dono daquela voz, e ainda sim: Tudo o que pude ver era escuridão... E como se estivesse sendo iluminado ao sair de um local escuro, um homem foi 'surgindo' entre o nada.

Exageradamente baixo não passando 1,50m de altura, aquilo que parecia um anão andava em minha direção. Utilizando de um clássico conjunto social: Sapato, calça preta listrada, camiseta social, um terno preto fosco e um chapéu na cabeça que parecia de algum mafioso.

Por mais que o vazio onde estávamos não permitia noção de espaço, sua distancia era nitidamente mediana que, de pouco em pouco era reduzida. Quanto mais perto ele chegava, detalhes estéticos ficavam visíveis: Sua pele era rosada e seu nariz largo e comprido para baixo, quase se encostando aos lábios. As roupas eram dois ou três números acima de seu tamanho, e o anão tinha uma barriga gorda que se estendia para frente.

- Q-quem... - , Eu engasguei ao tentar falar. Uma sensação de medo invadia todo meu ser, mas negando este sentimento eu forcei novamente uma fala, agora torcendo para que saísse por completa e o mais máscula possível - QUEM É VOCÊ?!

Cerrei os punhos enquanto falava, berrando para o homem que não parou ou desacelerou seus passos.

- Cadreel. - Indiferente a minha reação, o homem respondeu, com o mesmo tom másculo de antes.

Estava acostumado com rivais... Ok, ok! Se acalme... Eu posso mata-lo, eu posso... EU POSSO!

Mas antes que meu estado sádico tomasse controle das minhas ações eu fui interrompido por um susto que me fez ter a mesma sensação de morte que sofri anteriormente, isso porque quando tentei assumir uma posição ofensiva só então notei...

Eu estava sem meu corpo.

O homem sorriu, mas não de forma assustadora e sim como uma gentileza confortadora.

Meu tronco, braços, pernas e todo o resto não existiam mais. Fui enganado por meu cérebro que automaticamente presumiu que eu ainda estava vivo... Finalmente, ao notar a situação indefesa que eu estava, um pânico que nunca havia sentido antes tomou conta do meu ser.

- P... Pare... Por... - Meus olhos lacrimejavam - O que... Eu... -

Por mais que sem corpo, ainda sentia-me tendo um.

Contos De Terror 1° EDIÇÃOOnde as histórias ganham vida. Descobre agora